Apagada em Os Dias Eram Assim, Letícia Spiller não vem tendo sorte em seus últimos trabalhos na televisão
10/08/2017 às 10h00
Ela surgiu na televisão em 1989 como paquita da Xuxa e ficou no programa até 1992. Depois desses quatro anos vivendo a Pituxa Pastel, a linda dançarina começou a se aventurar nas artes cênicas, até virar uma versátil atriz, cuja carreira se mostra estabilizada e bem-sucedida. A pessoa em questão é Letícia Spiller, uma profissional que conquistou seu espaço graças a muito trabalho e dedicação. A intérprete já fez 17 filmes, participou de vários seriados da Globo e Os Dias Eram Assim é sua 17ª novela.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Letícia viveu seu auge na pele da Babalu em Quatro por Quatro (1994), divertindo com a deslumbrante mulher que encantou Raí (Marcello Novaes), e emocionou quando viveu a Giovanna Berdinazzi na primeira fase de O Rei do Gado (1996).
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Também mostrou talento na fracassada Suave Veneno (1998), destacando-se com a caricata vilã Maria Regina. Fez muito bem a mocinha Diana, de Sabor da Paixão (2002), e brilhou com a interesseira Viviane em Senhora do Destino (2004), folhetim reprisado atualmente no Vale a Pena Ver De Novo.
Entretanto, a atriz não vem tendo sorte em seus últimos trabalhos na televisão. Desde 2007 que Letícia vem ganhando personagens desinteressantes e em novelas ruins. Em Duas Caras interpretou Maria Eva, perfil pouco consistente na problemática história de Aguinaldo Silva.
LEIA TAMBÉM:
● Não merecia: rumo de personagem desrespeita atriz de Mania de Você
● Sucesso da reprise de Alma Gêmea mostra que Globo não aprendeu a lição
● Reviravolta: Globo muda rumo da maior tradição do Natal brasileiro
Dois anos depois, ganhou de Manoel Carlos a Betina, perfil que protagonizava um repetitivo triângulo amoroso cômico (que não tinha graça alguma) com Marcelo Airoldi e Camila Morgado em Viver a Vida (2009), uma das piores tramas de Maneco.
Em 2011 foi a vez da atriz se aventurar por Malhação. Porém, novamente não teve sorte. Ela participou de uma das mais problemáticas temporadas (cujo subtítulo era Conectados), que passou por inúmeras intervenções no roteiro em virtude da péssima audiência.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Sua personagem também não disse a que veio. Laura era uma mulher madura que se envolvia com um garoto bem mais jovem, interpretado por Gil Coelho. A situação andou em círculos e as constantes mutilações que o roteiro sofreu prejudicaram ainda mais a sua participação.
No ano seguinte, mais um papel decepcionante: a Antônia, de Salve Jorge. A novela de Glória Perez foi merecidamente massacrada pela crítica e uma das razões era o excesso de personagens e figurações de luxo. Letícia era um desses casos. Ela mal apareceu, embora o conflito da mulher tivesse potencial para render: a alienação parental que o ex (vivido por Caco Ciocler, outro figurante de luxo) fazia com a filha. Infelizmente, a intérprete ficou avulsa boa parte do tempo.
Em Joia Rara, exibida em 2013, o jogo pareceu virar para a atriz. Ela ganhou a vedete Lola e o perfil aparentava ser promissor. A caracterização de época a deixou deslumbrante e o enredo tinha tudo para destacá-la. Mas não aconteceu.
O núcleo acabou ficando deslocado no folhetim de Duca Rachid e Thelma Guedes e a própria novela decepcionou muito. Foi o trabalho mais fraco das autoras, que vinham do sucesso Cordel Encantado. Os conflitos de Dolores Gardel se resumiam em briguinhas bobas e alguns shows.
No ano de 2014, Letícia interpretou a Gilda da equivocada Boogie Oogie, o maior fracasso do horário das seis. A atriz ganhou uma personagem que praticamente não tinha função e não conseguiu ter o destaque que merecia. Em 2015, a situação foi um pouco diferente. Pode-se considerar uma breve quebra de sequência, pois Soraya foi uma ótima vilã. A intérprete se destacou na fraca e exagerada I Love Paraisópolis. Ou seja, nesse caso só o folhetim era ruim, não o papel. Apesar de todos os absurdos do enredo, ela conseguiu mostrar seu talento. Teve oportunidade para isso.
Já em 2016, a sua capacidade cênica novamente foi jogada fora. Na fraca e insossa Sol Nascente, de Walther Negrão, Letícia viveu a roqueira Lenita e não demorou para ofuscar os mocinhos ao lado de Marcello Novaes, repetindo o bom par de Quatro por Quatro com o homem que foi seu marido na vida real por anos. Entretanto, em virtude da quase total ausência de conflitos atrativos, a personagem foi se apagando até virar uma mera coadjuvante sem função. Nem mesmo a tentativa de inserir algum drama com uma filha desaparecida funcionou.
Agora, em Os Dias Eram Assim, a intérprete ganhou outro perfil desinteressante. Monique foi casada com Toni (Marcos Palmeira), mas resolveu trair o marido porque se decepcionou quando ele se negou a viajar com ela pelo mundo para abrir uma loja. Ela, então, viajou e abandonou o esposo e os filhos. Sim, essa é sua trama na novela (ou supersérie, que seja) escrita por Angela Chaves e Alessandra Poggi.
Uma história bobinha em um enredo que peca pela ausência de situações convidativas. A personagem voltou de viagem recentemente para retomar seu casamento e segue solta no enredo, mal aparecendo. Aliás, vale observar que a atriz vem emendando trabalhos desde 2011. Ela está todo ano no ar. E nem assim conseguiu um grande papel que valorizasse sua competência.
Letícia Spiller é uma grande atriz, mas, lamentavelmente, não vem tendo boas oportunidades na TV. Pelo menos no teatro tem sido diferente, pois vem angariando vários elogios pelo seu desempenho na peça Doroteia, dirigida por Jorge Farjalla, ao lado da grande Rosamaria Murtinho.
A atual trama das onze apenas repete uma sina que vem perseguindo a atriz. Que os autores acordem e deem para ela uma personagem que faça jus ao seu talento. Mas, antes também seria válido um descanso de imagem, após tantos trabalhos seguidos.
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas