O novo reality show da Record TV começou parecendo mais uma edição do Ídolos, 100 pessoas do lado de fora, cada uma com um número pendurado na roupa.

Depois se transformou em uma mistura bizarra de No Limite com Big Brother Brasil, que logo mais será uma versão de Jogos Mortais, para que no final termine em The Walking Dead. A Casa promete expor o pior do ser humano – que maravilha para os tempos em que vivemos.

Mion foi um grande acerto, não poderia ser outro no lugar dele. Extrovertido na medida certa para quebrar o absurdo que será exibido nas noites de terças e quintas na Record TV. O ‘Legendário’ mostrou que dará o equilíbrio que a atração precisa.

Chamado carinhosamente de “papai” pelos participantes, Marcos Mion interagiu com os confinados dentro da casa, sem estúdio e com tom bastante intimista – diferencial do programa. Até xaveco o apresentador recebeu em sua primeira aparição.

Uma curiosidade são cinegrafistas dentro da casa filmando o bafafá, que acontece a cada guerra por um pedaço de papel higiênico ou um gole de água suja que eles chamam de sopa. Mas a maior sacada mesmo é o prêmio final, ninguém contava com a astúcia da emissora que anunciou premiação milionária.

Enquanto lutam para sobreviver eles vão usando o valor de um milhão de reais para comprar o que for necessário. Isto significa que o grande vencedor vai ficar com o montante que sobrar, deu para entender? São três meses de reality e a cada dia o prêmio é gasto de acordo com determinação do “dono da casa” (uma espécie de líder).

No primeiro dia foram gastos quase 20 mil reais, no final se sobrar metade do prêmio ou alguém vivo já é alguma coisa. Eu que sou de humanas não vou fazer essa conta para mensurar o valor final de acordo com meta de gastos diária, fiquem à vontade.

Com a crise econômica a Record TV deu um jeito de animalizar – ainda mais – as pessoas, ganhar audiência e gastar pouco. No fim das contas não tem nada de novo. São vários desconhecidos presos numa casa que precisam superar limites para chegar ao prêmio.

Alguns farão coisas deploráveis, casais surgirão (mesmo sem o povo tomar banho, eca), muitas brigas serão protagonizadas, vamos odiar alguns e adotar outros, isso se der para conhecer alguém, não é mesmo?

Qualquer semelhança como a realidade fora da “casa” é mera coincidência. Os moradores enfrentam preços altíssimos de produtos de higiene, água e comida, nós aqui fora também. A maioria dorme sem cobertor no chão e passa frio, assim como muitos nas ruas das metrópoles. Água é artigo de luxo e o povo do sertão onde a seca castiga sabe bem disso.

O que você faria se não tivesse condições mínimas de sobrevivência e não tivesse a desistência como alternativa? Falando em abrir mão, em menos de 24 horas, três participantes abandonaram o programa: Gabriele, Sarah e Samanta. A Record TV coloca o Brasil extremo na tela da televisão para quem quiser ver.

Logo no primeiro dia de votação para escolher o “dono da casa”, Júnior levou a melhor, sendo o mais votado. O rapaz fez a ‘linha’ bonzinho para conquistar seus “hóspedes”, mas já começou a mostrar seu lado autoritário e não tão bonzinho assim. Máscaras sempre caem, um clássico.

O reality tem os mesmos moldes de qualquer outro, panelinhas se formam, líderes aparecem, o cozinheiro domina as panelas e os treteiros arrumam brigas. Maurício é o destaque negativo, controlador, problemático e metido a garanhão, o moço já mostrou que vai gerar polêmica. Fiquem de olho.

Os inquilinos ainda não se deram conta dos perrengues que vão encontrar e se preocupam mais com banho e papel higiênico, esquecendo alimentação. Já podemos prever cenas bárbaras e primitivas logo nos primeiros dias de convivência. No começo estão eufóricos com a experiência, aliás, o que essas pessoas têm na cabeça para entrarem numa loucura dessas? Apelidados por Marcos Mion de “meus malucos favoritos”, os agora 97 competidores terão muito chumbo grosso pela frente.

Como eles vão manter a harmonia em uma casa projetada para apenas quatro pessoas? Com dois banheiros, quatro camas, lençóis, toalhas, poltronas e, principalmente, alimento suficiente apenas para essa quantidade reduzidíssima de habitantes? Quando o instinto de sobrevivência bater à porta seremos testemunhas de cenas animalescas e pavorosas.

Mas o programa atende às expectativas de qualquer reality e também pode ser utilizado para avaliar o comportamento humano em situações extremas, mas, de modo geral, servirá para o deleite da família tradicional brasileira que nega, mas adora este tipo de atração.

O jogo é de mata-mata e só no final o público entra na história para decidir quem ganha. Pela declaração de um dos participantes; “se é um jogo, tem que ter maldade”, já vamos nos preparar para o pior, em todos os sentidos.


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