Adnight volta repaginado, mas não merecia uma segunda temporada
02/11/2017 às 10h00
A primeira temporada do Adnight foi trágica. O programa comandado por Marcelo Adnet foi merecidamente massacrado pela crítica e obteve índices de audiência bastante insatisfatórios para o que a Globo almejava. Porém, ao contrário do que todos esperavam, uma segunda temporada foi encomendada pela emissora e essa nova tentativa de alcançar o sucesso estreou na última quinta-feira (26/10), logo após o The Voice Brasil.
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O programa começou as mudanças no próprio título, que ganhou o “Show” como complemento. E a razão para essa alteração ficou evidente logo no primeiro dia: a bancada clássica de um formato de entrevistas foi retirada do palco, deixando o ambiente livre para o apresentador. Ou seja, não há mais talk-show. As roteirizadas e desinteressantes entrevistas vistas em 2016 ficaram no passado. O subtítulo ‘show’ significa uma mescla de rápidas provas e improvisações com os convidados, além de algumas esquetes inseridas ao longo da atração.
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Portanto, realmente Adnet e sua equipe avaliaram as críticas e a rejeição da primeira temporada para uma reformulação geral do Adnight. Todavia, essas várias mexidas deixaram claro que ninguém ali sabe muito bem o que fazer com o programa.
Acabou virando uma mistura de Comédia MTV, o novo Zorra, Tá no Ar e uma pitada de Lady Night, formato vitorioso de Tatá Werneck no Multishow. Na tentativa de acertar, o apresentador resolveu atirar para todo lado com o intuito de pelo menos obter êxito em alguma situação.
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A estreia contou com a presença de Renato Góes, Fernanda Gentil e Joelma. Os três foram totalmente disponíveis, aceitando qualquer brincadeira ou desafio. Até participaram de uma esquete satirizando a onda conservadora que vem dominando a sociedade. O quadro, por sinal, não teve muita graça.
O melhor momento do trio foi durante um jogo de perguntas e respostas (Jogo dos Impostos), onde tinham que acertar o quanto era cobrado de imposto em cima de determinado produto. Uma crítica certeira às abusivas cargas tributárias do Brasil. Adnet imitou Michel Temer e convidou a melhor imitadora da Dilma, a humorista Mila Ribeiro, que retrata a ex-presidente de forma genial. Foi muito divertido.
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Já o momento em que Fernanda Gentil e Marcelo bancaram os narradores esportivos, descrevendo a gravação em que Rodrigo Rocha Loures sai de uma pizzaria com uma mala de dinheiro, mostrou-se cansativa e até ultrapassada, pois o flagrante ocorreu em junho – o programa foi gravado na época e já está todo pronto. A esquete protagonizada pelo trio, no início da atração, com o humorista reconhecendo que a primeira temporada não deu certo, valeu pela coragem de admitir o erro, mas também não primou pela graça.
Marcelo ainda protagonizou outra esquete, satirizando uma dona de casa, e chamou seus três convidados para um breve número musical, inserindo várias piadas e trocadilhos em uma melodia tocada na hora, exatamente igual ao que faz Tatá Werneck no término de cada Lady Night. Ou seja, no geral, ficou evidente que os responsáveis estão meio perdidos.
Deixaram de lado as entrevistas e resolveram apostar em um amontoado de situações aparentemente jogadas. No conjunto geral, houve uma evidente melhora. Até porque, vale ressaltar, piorar era difícil. A área do Adnet é mesmo o improviso, somado a imitações. Em meio a várias ‘novidades’, há bons momentos e outros bem ruins.
O Adnight Show se mostra mais atrativo que o Adnight e a tentativa de repaginar o programa é merecedora de elogios. Porém, mesmo diante de tantas mudanças, acabou ficando evidente que é um formato pouco chamativo. Seria melhor Marcelo Adnet focar somente no Tá no Ar, melhor humorístico do Brasil desde a sua estreia, e esquecer um pouco a ideia de ter sua própria atração. É um produto que, repaginado ou não, não merecia uma segunda temporada.
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas