Escândalo envolvendo JBS e BRF preocupa emissoras de televisão

17/03/2017 às 16h00

Por: Gabriel Vaquer
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O Brasil acordou incrédulo nesta sexta-feira (17) com a notícia de que os frigoríficos BRF – dona das marcas Perdigão e Sadia, e JBS – que tem as marcas Friboi, Big Frango e Seara como suas líderes, entre outros, adulteravam produtos que vendiam para o consumidor.

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Segundo a Polícia Federal, que deflagrou a operação Carne Fraca, os frigoríficos adulteravam a carne e embalavam novamente até mesmo produtos vencidos para se passarem por novos. Até mesmo merenda escolar foi adulterada, além de carne podre estar à venda até agora em supermercados.

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O esquema fazia parte de uma propina paga pelos frigoríficos para afrouxar a fiscalização no Ministério da Agricultura. Vinha de pessoas de dentro do Ministério, que facilitavam a venda da carne e emitiam pareceres sem nem mesmo periciar o produto. Nada menos que 38 mandados de prisão foram cumpridos e 50 empresas do meio estão sendo investigadas, inclusive fornecedores dos grandes frigoríficos. Esse esquema era repassado para partidos políticos, e abasteciam principalmente políticos ligados ao PMDB, partido do presidente Michel Temer, e o PP.

A polêmica entre BRF e JBS atinge diretamente a televisão. Juntas, BRF e JBS hoje são duas das maiores patrocinadoras particulares da TV brasileira, anunciando em programas das quatro principais emissoras.

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Segundo publicado na revista Época em agosto de 2015, a JBS chegou a gastar com propaganda de televisão quase R$ 100 milhões no ano de 2014. Já a BRF, também segundo a mesma publicação, gastou, apenas com TV, quase R$ 80 milhões.

Estes são os registros mais recentes de quanto as duas empresas gastaram. Como são particulares, elas não divulgam publicamente o quanto gastam em anúncios. Mas ambas as empresas têm relação estreita com a TV.

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Por pelo menos 18 anos, a Sadia foi a patrocinadora máster da novela das 19 horas da Globo. Sempre ao fim da trama do horário, um comercial entre a novela e Jornal Nacional era exibido, de forma exclusiva. Antes ainda, a marca patrocinava o top de cinco segundos do próprio JN. Ou seja, é quase uma tradição a Sadia na TV brasileira.

Além disso, o The Voice Brasil e quadros do Mais Você, como o Super Chef, tiveram produtos da BRF. Ana Maria Braga, inclusive, faz várias ações de merchandising da Perdigão em seu programa já há algum tempo.

Atualmente, a JBS é a segunda principal patrocinadora do SBT – só perde, evidentemente, para o Grupo Silvio Santos. Programas como Duelo de Mães, Raul Gil, Fábrica de Casamentos, Eliana e A Praça É Nossa, entre outros, são patrocinados pela empresa, além de um sem-número de comerciais veiculados.

Além disso, a JBS também é dona de um canal de televisão, o Canal Rural, um dos principais sobre o meio agropecuário, que é distribuído em antenas parabólicas e operadoras de TV por assinatura.

Para tentar fazer seus produtos venderem mais, a JBS contratou três das maiores estrelas do País: Fátima Bernardes, Tony Ramos e Roberto Carlos. Todos assinaram por cachês milionários. Fátima ganhou R$ 5 milhões pelo comercial da Seara. Tony fechou por R$ 3 milhões.

Já Roberto Carlos, que fez apenas um comercial – a primeira vez dele em mais de 20 anos, ganhou um salário mais que milionário: impressionantes R$ 25 milhões, segundo o mercado publicitário.

Dos três, Tony Ramos foi o único que se pronunciou. Ao site Ego, do Grupo Globo, disse estar surpreso com a operação contra a marca que popularizou o bordão “pergunta se é Friboi”, mas afirmou que não tem nenhum contrato com a empresa.

“Estou surpreso com essa notícia. Eu sou apenas contratado pela empresa de publicidade, não tenho nenhum contato com a JBS”, afirmou o ator.

Vale lembrar também que o dono da JBS, Joesley Batista, é casado com a jornalista e apresentadora Ticiana Villas Boas, do SBT, que já teve passagem com destaque na Band.

Ticiana atualmente apresenta o Duelo de Mães e já fez o Bake Off Brasil e o BBQ Brasil no canal – este segundo, um reality de churrascos, tinha patrocínio da BRF e da JBS e foi lançado para o mercado em um espaço da JBS, com as mais variadas carnes de churrasco do Brasil.

Segundo apurou o TV História, o escândalo caiu como uma bomba nas TVs, principalmente nos departamentos comerciais de Globo, SBT e Band, onde as duas empresas mais anunciam. A expectativa é ver os desdobramentos e depois decidir quais medidas serão adotadas nas negociações para cotas comerciais daqui para frente.

A JBS soltou um comunicado, onde nega com veemência que adultere qualquer tipo de carne para venda e diz que segue rigorosos padrões de qualidade.

“A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas. A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos. A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção e/ou comercialização – e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos”, diz o comunicado.

Já a BRF se pronunciou da seguinte forma:

“A BRF informa que, em relação à operação da Polícia Federal realizada na manhã desta sexta-feira, está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua”.


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