Mesmo sendo reprise, A Vida da Gente é a melhor novela da atualidade

12/05/2021 às 12h10

Por: Sergio Santos
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A reprise de A Vida da Gente na Globo tem servido para ampliar o público de uma das melhores novelas já produzidas pela Globo. Lícia Manzo estreou como novelista em grande estilo e criou uma história que arrebata quem assiste através de dramas reais e de fácil identificação.

Ainda ousou com um folhetim cujo protagonismo não é um par romântico e, sim, o amor de duas irmãs. A direção de Jayme Monjardim também capta toda a essência da autora, servindo como uma bela complementação. As qualidades da trama ficam ainda mais evidentes quando ocorre a passagem de tempo e Ana (Fernanda Vasconcellos) acorda do coma.

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A história teve a sua tão esperada passagem dos anos após 45 capítulos. Antes do fato acontecer, a novela apresenta uma clara diminuição de ritmo. Mesmo assim, ao contrário do que acontece com as fatídicas ‘barrigas’ (enrolações) da maioria das produções, não há diálogos avulsos ou cenas desnecessárias. Tudo que é mostrado tem um objetivo específico: estruturar o enredo.

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Tanto para mostrar o início da linda relação de amor entre Manuela (Marjorie Estiano) e Rodrigo (Rafael Cardoso); quanto pelos demais acontecimentos envolvendo Vitória (Gisele Fróes), Marcos (Ângelo Antônio), Dora (Malu Galli), o estado de coma de Ana; o início do próspero negócio de Manu e Maria (Neusa Borges); o estreitamento das relações familiares; o cada vez maior distanciamento de Eva (Ana Beatriz Nogueira), enfim.

Lícia Manzo criou uma história tão linda e tocante que conquista facilmente o telespectador, e o ‘mergulha’ naquela gama de sentimentos em que os personagens estão envolvidos. Os atores também são grandes responsáveis por isso. Não há um só capítulo que não tenha ao menos uma cena que emocione. Recentemente, houve a formação do casal Manu e Rodrigo. Marjorie Estiano e Rafael Cardoso foram impecáveis e protagonizaram sequências lindíssimas.

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O fato do casal ter sido unido aos poucos, com muita sutileza e cuidado da autora, fez com que houvesse uma grande divisão de torcidas há dez anos e as discussões seguem as mesmas durante a reprise. Ana acorda do coma, após quatro anos, e vê a irmã e melhor amiga praticamente vivendo a sua vida. Claro que Eva envenena a filha contra a irmã, o que rende grandes conflitos. E Júlia (Jesuela Moro) sabe que tem duas mães, mas só considera Manuela como tal.

Outro núcleo que desperta a compaixão do público é o de Jonas (Paulo Betti). Seu filho com Cris (Regiane Alves) é ignorado e só tem a atenção de Lorena (Júlia Almeida), enfermeira contratada para cuidar do menino. A futura influência de Nanda (Maria Eduarda, ótima) na situação também é outro ponto positivo do enredo.

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Vale citar até o núcleo mais desinteressante da primeira fase, que ganha bons contornos com a passagem de tempo: o de Marcos e Dora. O ex-marido de Vitória (Gisele Fróes) é um acomodado e finalmente inicia uma relação com Dora, após anos de separação. O personagem, no entanto, começa a enfrentar a cobrança de Sofia (Alice Wegmann), a filha mais velha, que não se conforma com a vida estagnada do pai. São conflitos que provocam interesse e acabam mostrando que Vitória sempre teve razão em relação ao ex.

O enredo ainda tem uma dose de leveza com os conflitos em torno de Iná e o baile da terceira idade que sempre organiza. A personagem foi o último grande papel de Nicette Bruno na televisão. A saudosa atriz protagoniza cenas dramáticas grandiosas com Ana Beatriz Nogueira e Marjorie Estiano, ao mesmo tempo que diverte ao lado do ótimo Stênio Garcia (Laudelino) e dos talentosos Luiz Serra (Seu Wilson) e Cláudia Mello (Moema), que interpretam um hilário casal de hipocondríacos. O folhetim se mostra agradável também nos núcleos secundários.

Em meio a tantas reexibições por conta da interrupção de novelas inéditas em virtude da pandemia do novo coronavírus, A Vida da Gente é a melhor reprise atual. Tem sido um prazer rever uma história tão envolvente e bem escrita, cujas qualidades sobressaem com a delicada passagem de tempo.

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