Matéria contra Simba no Jornal da Band teria sido feita por pressão; assunto vira “tabu” em redação
11/04/2017 às 8h00
Na última sexta-feira (7), um fato pegou de surpresa quem acompanha os bastidores da televisão: a Band fez uma reportagem em seu principal telejornal, o Jornal da Band, atacando a Simba, joint-venture criada por RecordTV, SBT e RedeTV! para negociar o sinal digital para a TV paga.
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Na reportagem, de pouco mais de dois minutos, a Band questiona notícias como o valor supostamente pedido pela Simba para entrar novamente nas operadoras – R$ 15 por assinante – e dá a entender que a saída dos sinais foi feita por intransigência das emissoras.
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Dois fatos tornam a reportagem curiosa. O primeiro deles é que o Jornal da Band é patrocinado pela Claro e pela Sky, que são diretamente interessadas em uma reportagem negativa contra a Simba.
A Claro, que também pertence a América Móvel, dona da Net, conversa com as operadoras. Já a Sky, desde o início, se nega a abrir conversas com os executivos, por achar injusto ter que pagar por isso.
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Segundo apurou o TV História com integrantes do jornalismo da emissora, a reportagem teria sido realizada única e exclusivamente por pressão dos dois anunciantes, que gostariam de responder na mesma moeda os ataques que sofrem diariamente pelos três canais em seus programas e jornais.
A editoria do Jornal da Band fez a reportagem contra a sua vontade, mas não teve jeito. A ordem teria vindo diretamente da direção da casa. O clima, claro, ficou totalmente ruim. Ninguém descarta que novas reportagens sejam feitas nos próximos dias.
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O assunto virou tabu na redação da Band. Ninguém se pronuncia sobre o assunto, por medo de demissão ou de algo mais tenebroso que possa acontecer. Oficialmente, a assessoria da Band também não se pronuncia.
No Ibope, o Jornal da Band teve 6 pontos de audiência na Grande São Paulo na última sexta-feira (7), sendo a maior audiência da emissora do Morumbi.
A Simba existe desde 2015, mas apenas em maio do ano passado seu funcionamento foi aprovado pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O funcionamento pleno começou no início deste ano.
A união já rende frutos impressionantes. Em fevereiro, Ratinho, Rodrigo Faro e Luciana Gimenez, três das maiores estrelas das emissoras da joint-venture, se uniram para anunciar o fim da TV analógica em comerciais.
Na última semana, anunciou a retirada dos sinais digitais das TVs a cabo por não receber por eles e alegar intransigência ao não conseguir negociar com NET, Sky, Vivo, Oi e Claro.
A Simba surgiu da necessidade dos canais de cobrarem pelo seu sinal na TV por assinatura. Segundo elas, a Globo recebe dinheiro pelo seu sinal e todas as outras não conseguem um centavo das maiores operadoras do Brasil.
A expectativa é que cerca de R$ 200 milhões, apenas com as assinaturas, cheguem aos cofres dos canais se todo o plano pretendido for seguido à risca.
Esse dinheiro deve ser aplicado na produção de conteúdo. Elo mais fraco da corda, a RedeTV! espera que essa joint-venture ajude o canal a diminuir os horários vendidos em sua grade – hoje em mais de 50% no total.