Novela que terminava há 34 anos ficou marcada por confusão na abertura

06/11/2021 às 18h55

Por: Thell de Castro
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Há exatamente 34 anos, em 6 de novembro de 1987, a Globo finalizava a novela Brega & Chique. A trama das sete, que fez muito sucesso, também teve diversas polêmicas, envolvendo o modelo que apareceu pelado na abertura e piadas com a comunidade japonesa e moradores de um bairro nobre da capital paulista.

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O primeiro contratempo surgiu logo no capítulo de estreia. A abertura da novela, que tinha a música “Pelado”, do grupo Ultraje a Rigor, mostrava o modelo Vinícius Manne com o bumbum à mostra por alguns segundos.

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Indignados, muitos telespectadores ligaram para a Globo reclamando do fato e até o então ministro da Justiça, Paulo Brossard (1924-2005), entrou no meio da confusão, ameaçando censurar a vinheta.

O tema tomou conta das discussões por todo o Brasil e, no segundo capítulo, a Globo decidiu colocar uma folha de parreira para cobrir a nudez do rapaz.

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A medida durou apenas dois dias, pois outros telespectadores reclamaram da censura. Brossard desistiu e a pressão popular fez a emissora liberar a imagem, que prosseguiu até o final da novela e estampou a capa do disco internacional da novela.

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Quando a ricaça Rafaela Alvaray (Marília Pêra), uma das protagonistas da trama, empobrece e deixa o Morumbi, na capital paulista, citava com desprezo o Itaim Bibi, fazendo piada com o “Bibi”. Moradores da região protestaram e o autor escreveu uma cena para a personagem se redimir, afirmando que havia se confundido, pois o bairro “era muito chique”.

Alguns meses depois, em junho de 1987, o Jornal do Brasil destacou que as secretárias executivas do Rio de Janeiro não gostaram de um comentário feito pelo personagem Teddy (Tarcísio Filho), que disse que “secretária de chefe é assunto particular”. Elas também consideraram inadequados os trajes e a maneira de agir de Silvana, vivida por Cássia Kiss, e estavam preparando uma carta de protesto para enviar à Globo.

Confusão com japoneses

Já em julho daquele ano, a comunidade japonesa estava revoltada com a trama. O jornal Diário Nippak estampou a seguinte manchete: “Novela da Globo deprecia o japonês”. O motivo da discórdia era novamente Rafaela, que prometeu “casar com o primeiro que aparecer, qualquer um, leiteiro, lixeiro, faxineiro, tintureiro, nem que seja japonês”.

De acordo com matéria do Jornal do Brasil de 10 de julho daquele ano, diversas entidades, como a Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e a Associação dos Lojistas da Liberdade reuniram-se para decidir medidas a serem encaminhadas à Globo.

Manoel Carlos, que atuava no departamento de divulgação da emissora, confirmou ao jornal que a fala estava no texto original, não se tratando de um improviso da atriz. “Manoel disse que o autor não tinha pensado nessa conotação, depreciativa, podendo até tentar corrigir essa impressão nos capítulos próximos”, enfatizou.

“Mas a colônia não está tomando providências só por causa do preconceito de raças, mas defendendo as profissões também. Por que depreciar o leiteiro, o lixeiro e o faxineiro”, questionou William Kimura, editor do jornal.

Cassiano Gabus Mendes (foto acima) não deu muita trela para o protesto. “É mais uma dessas coisas que nem me preocupam mais. O público se preocupa com muita besteira. A colocação não é preconceituosa nem depreciativa. É só comicidade, pois a personagem da Marília só fala besteira”, concluiu o autor.

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