A vigésima primeira edição do Big Brother Brasil começou há pouco mais de uma semana. Ainda há muito jogo pela frente e todas as opiniões já formadas a respeito dos participantes podem alterar bastante ao longo dos meses. Faz parte. Mas já fica claro que o atual elenco prova que é impossível copiar uma temporada de sucesso do BBB. Cada conflito é único e todo plágio resultará em algo artificial ou decepcionante.

O BBB21 tem feito sucesso. A audiência está em alta – e nem poderia ser diferente. Trata-se de uma das poucas atrações inéditas na televisão aberta. Também há o fator BBB20, que foi um fenômeno. E o êxito da temporada passada tem influenciado o comportamento de quase todos os participantes. Ano passado, toda a dinâmica do jogo acabou mesclada com um combate ao machismo e enaltecimento do feminismo através da força das mulheres no reality. Tudo de forma natural.

Os novos participantes, empolgados com o sucesso da edição passada, estão tentando repetir tudo o que foi visto. Não por acaso, houve uma maior facilidade na entrada de ‘famosos’. Todos animados com o ótimo retorno que nomes como Manu Gavassi, Rafa Khalimann, Boca Rosa e Babu Santana tiveram. Mas o resultado tem sido catastrófico. E a razão é simples: tudo vem sendo feito de forma minimamente calculada. Vários juram que estão dando um show dentro da casa, mas não param de passar vergonha e aumentar a quantidade de ‘haters’ (odiadores).

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Lumena foi a primeira a discursar e causar polêmica na casa. Todos os homens se vestiram de mulheres após a ação de uma patrocinadora. Lumena não gostou e fez um longo discurso defendendo a comunidade trans e os travestis, alvos constantes de violência.

Fiuk, um dos participantes mais constrangedores de todos os tempos, chegou a declarar, tentando chorar, que era um branco, privilegiado, cis (que se identifica com seu gênero) e hétero. No entanto, muitos telespectadores louvaram a atitude de Lumena porque realmente é uma brincadeira ultrapassada e a homofobia presente na sociedade é incontestável. Vale lembrar, no entanto, que Babu foi vestido de mulher e maquiado pelas mulheres na edição passada e todos se divertiram sem problemas.

Mas a participante gostou do holofote de sábia. Desde então, passou a se comportar como a rainha da sensatez e já problematizou inúmeras situações usando discursos patéticos, vide o momento que se indignou quando Juliette quis vestir branco que nem ela (uma tradicional homenagem feita aos Orixás nas sextas-feiras).

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Mas Lumena só milita contra quem não gosta. Isso porque Karol Conká vem se mostrando a pessoa mais repugnante da temporada desde que transformou Juliette em um monstro porque sente ciúmes de Arcrebiano. Ainda declarou que é mais educada por ser de Curitiba e não está acostumada com a forma de falar da colega paraibana. A xenofobia assustou, mas Lumena não deu um pio. Também não se opõe a nenhuma crítica pesada da amiga. Sororidade? Ela tem, mas só quando convém.

E o caso mais revoltante da atual edição, até agora, foi a forma como Karol e Lumena transformaram Lucas na pior pessoa do mundo. O participante tem claros desequilíbrios emocionais. Nem deveria ter entrado em um reality como o BBB. Porém, entrou. E lá, logo na primeira festa, tentou bancar o cupido juntando casais e aborreceu vários colegas.

Tudo piorou quando Kerline (primeira eliminada com mais de 83%), para se vingar da inconveniência, fingiu se interessar por ele. Quando levou um fora, Lucas deu um escândalo e insinuou que a colega era racista, além de uma pessoa ruim. Ainda comparou a situação ao regime nazista.

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Já na segunda festa tudo ficou ainda mais grave: Lucas se embebedou e arrumou briga com quase todos os participantes, os acusando de machistas, racistas e homofóbicos. Ele também assumiu ser tudo isso. E tentou formar uma aliança com todos os negros da casa para eliminar pelo menos uma parte dos adversários brancos. Ainda acuou e intimidou várias mulheres, como Camilla de Lucas, Viih Tube e Juliette. Ou seja, provocou um caos. A revolta de todos era compreensível e o público, através das redes sociais, não via a hora de eliminá-lo no paredão.

Mas Karol e Lumena se aproveitaram do contexto para transformar Lucas em uma espécie de Hadson/Lucas/Prior, o trio que foi merecidamente atacado pelas ‘fadas sensatas’ do BBB20. E transformaram a vida do menino em um inferno. Até expulso da mesa na hora do almoço ele foi, sem ninguém contestar.

Aliás, há uma razão para quase toda a casa se calar: o pavor de ser a Boca Rosa da vez. Basta lembrar que a influencer foi destruída na internet depois que colocou em dúvida a palavra das mulheres para ficar do lado dos homens no ano passado.

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Quem teria coragem de desacreditar a narrativa de Lumena e Karol, duas mulheres negras militantes, para criticar o exagero na forma como estão tratando Lucas? A única foi a Sarah, o que implicou em um súbito aumento do número de seguidores da participante nas redes sociais. Isso porque ela conseguiu se destacar durante o primeiro Jogo da Discórdia da temporada, na segunda (01), quando defendeu o direito do Lucas contar o lado dele.

O jogo também mexeu um pouco na dinâmica da casa. Karol percebeu a brusca cortada que Tiago Leifert deu quando pediu um direito de resposta (o apresentador a ignorou). Assim, como mágica, mudou a atitude com o então grande inimigo Lucas na terça (02) e até se desculpou. Agora mirou seu canhão para Juliette, a quem chama de doida de uma forma gratuita.

O BBB21 ainda está no começo e tem tudo para ser um sucesso. No entanto, já está claro que uma edição jamais será igual a outra e o participante que não entender isso e insistir em copiar situações vistas em temporadas de sucesso fracassará. O BBB20 foi maravilhoso, mas acabou.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor