Detesta BBB? 10 livros que renderam novelas para ler nos próximos três meses
27/01/2021 às 0h38
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1 – Éramos Seis
O romance de Maria José Dupré (1898-1984) foi originalmente publicado em 1943 e tornou-se famoso das últimas gerações pelas edições na coleção Vaga-lume da Editora Ática. O livro teve seis adaptações para a televisão.
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A primeira foi ao ar em 1958, pela TV Record, ainda na fase de dois capítulos por semana e ao vivo, protagonizada por Gessy Fonseca e Gilberto Chagas. A segunda foi uma produção regional, da TV Itacolomi de Belo Horizonte, em 1960, também não-diária e ao vivo. Cleyde Yáconis e Silvio Rocha protagonizaram a versão de 1967, na TV Tupi, já diária, mas ainda em preto e branco.
Dez anos depois, também na Tupi, Nicette Bruno e Gianfrancesco Guarnieri deram vida ao casal Lola e Júlio na adaptação a cargo de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho. Em 1994, o SBT produziu um remake da versão anterior, com Irene Ravache e Othon Bastos. Nesta ocasião, Silvio de Abreu, então contratado da Globo, vendeu ao SBT os direitos sobre o seu texto.
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No cargo de diretor de dramaturgia da TV Globo, Silvio comprou de volta do SBT os direitos sobre o texto e os direitos sobre o livro de Maria José Dupré e entregou a Ângela Chaves a tarefa de adaptar a novela escrita por ele e Rubens Ewald Filho nos anos 1970. Exibida entre 2019 e 2020, a versão da Globo foi protagonizada por Glória Pires e Antônio Calloni.
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2 – A Muralha
Romance histórico ufanista escrito por Dinah Silveira de Queiroz (1911-1982), lançado em 1954 em comemoração aos 400 anos da cidade de São Paulo. Sua trama era ambientada no sertão paulista, no início do século 18, e celebrava a coragem e a valentia de bandeirantes que desbravaram as fronteiras do país.
Primeiramente, duas versões simplistas foram feitas para a TV: a primeira em 1958, na Tupi, e a segunda em 1963, na TV Cultura – época em que as telenovelas ainda não eram diárias. Entre 1968 e 1969, a TV Excelsior exibiu uma superprodução (já diária e em videoteipe, mas ainda em preto e branco), adaptada por Ivani Ribeiro.
Em 2000, a Globo apresentou uma nova adaptação do livro em formato de minissérie, escrita por Maria Adelaide Amaral, na qual a história foi transportada para o século 17 e novos personagens e tramas foram criados.
3 – Senhora
Clássico romance de José de Alencar (1829-1877) originalmente publicado em 1875. A hipocrisia do casamento por interesse, prática comum no período retratado, foi mostrada dividida em quatro partes, que tinham os nomes das etapas de uma transação comercial: O Preço, Quitação, Posse e Resgate.
Foi adaptado pela TV Paulista em 1953 e pela Tupi em 1962, tempo da TV ao vivo e em que as telenovelas ainda não eram diárias. Rendeu uma adaptação modernizada, produzida pela Tupi em 1972: a novela O Preço de um Homem, com Arlete Montenegro e Adriano Reys nos papeis principais.
Em 1975, cem anos após a primeira edição do livro, foi adaptado pela Globo, por Gilberto Braga, para o horário das seis, com Norma Blum e Cláudio Marzo como os protagonistas Aurélia Camargo e Fernando Seixas. Em 2005, Marcílio Moraes e Rosane Lima somaram à espinha dorsal de “Senhora” dois outros romances de Alencar – “Lucíola” e “Diva” – para escrever a novela Essas Mulheres, produzida pela Record TV, com Christine Fernandes e Gabriel Braga Nunes.
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4 – Gabriela Cravo e Canela
Publicado em 1958, o livro representa um momento de mudança na produção literária de Jorge Amado (1912-2001), dos temas sociais à crônica de costumes, marcada por tipos populares, coronéis autoritários e mulheres sensuais.
A primeira versão para a TV aconteceu pela Tupi carioca, em 1961, exibida duas vezes por semana, adaptada por Antônio Bulhões de Carvalho, dirigida por Maurício Shermann, com Janete Vollu (então vedete de espetáculos de Carlos Machado) como Gabriela, Renato Consorte, como Nacib, e Paulo Autran, como Mundinho Falcão, entre outros.
A adaptação mais famosa tornou-se um clássico da TV brasileira: produzida pela Globo em 1975, com adaptação de Walter George Durst e direção de Walter Avancini, tendo no elenco Sônia Braga (Gabriela), Armando Bógus (Nacib), José Wilker (Mundinho), Paulo Gracindo (Ramiro Bastos) e grande elenco.
Em 2012, a Globo levou ao ar uma nova adaptação, escrita por Walcyr Carrasco com direção geral de Mauro Mendonça Filho, com Juliana Paes (Gabriela), Humberto Martins (Nacib), Mateus Solano (Mundinho), Antônio Fagundes (Ramiro Bastos) e outros.
5 – A Sucessora
Romance de Carolina Nabuco (1890-1981) publicado em 1934. A trama do livro tem muitas semelhanças com o roteiro do filme Rebecca, a Mulher Inesquecível, de Alfred Hitchcock, lançado em 1940, baseado no livro da inglesa Daphne du Maurier (1907-1989), publicado em 1938 – que, ao que consta – teria plagiado Carolina Nabuco. Contudo, tanto a história de Carolina quanto a de Daphne contêm elementos de Jane Eyre, famosa obra literária da inglesa Charlotte Brontë, publicada em 1847.
O romance A Sucessora rendeu uma novela de grande sucesso, escrita por Manoel Carlos para o horário das seis da Globo, entre 1978 e 1979, com Susana Vieira, Rubens de Falco e Nathalia Timberg como os protagonistas. Maneco declarou sobre o suposto plágio:
“Carolina Nabuco escreveu ‘A Sucessora’ e não o publicou imediatamente, porque era uma mulher da sociedade, filha de Joaquim Nabuco. Para ela, [na época] seria muita exposição, mesmo se tratando de uma obra literária. O romance acabou saindo apenas em 1934. Logo em seguida, um editor francês, muito amigo do pai dela, interessou-se pelo livro, pediu para publicá-lo na França e ela autorizou, mandando o romance já traduzido por ela mesma. Algum tempo depois, em 1938, Daphne du Maurier lançou ‘Rebecca’. E houve uma grande repercussão no Brasil e no exterior sobre a semelhança entre os dois romances. (…) Otto Lara Resende e Álvaro Lins estimularam muito Carolina Nabuco a entrar com um processo, porque era possível provar que seu romance era anterior, mas Carolina não quis.”
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6 – O Meu Pé de Laranja Lima
Famoso romance juvenil de José Mauro de Vasconcelos (1920-1984) publicado em 1968. Foi traduzido para 52 línguas e publicado em 19 países, adotado em escolas e adaptado para o cinema, televisão e teatro. O filme de 1970, dirigido por Aurélio Teixeira, fez muito sucesso. Em 2013, chegou aos cinemas uma nova versão, escrita e dirigida por Marcos Bernstein.
O livro rendeu três novelas: em 1970, exibida pela TV Tupi, adaptada por Ivani Ribeiro, com Haroldo Botta e Cláudio Corrêa e Castro; em 1980, produção da TV Bandeirantes, remake da novela da Tupi, com Alexandre Raymundo e Dionísio Azevedo; e em 1998, de novo pela Band, mas em nova adaptação, de Ana Maria Moretzsohn, com Caio Romei e Gianfrancesco Guarnieri.
7 – Helena
Popular obra de Machado de Assis (1839-1908) publicada em 1876, um “folhetim ao gosto romântico”.
A história foi levada à televisão em 1952, pela TV Paulista, com dois capítulos semanais, tendo Vera Nunes no papel-título. Em 1975, foi ao ar a versão da TV Globo, escrita por Gilberto Braga, em mininovela, que inaugurou o horário das seis destinado a adaptações de obras da Literatura. Lúcia Alves viveu a protagonista.
Em 1987, outra adaptação, por Mário Prata, Dagomir Marquezi e Reinaldo Moraes, em uma produção da TV Manchete, com Luciana Braga no elenco.
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8 – Ciranda de Pedra
O romance de Lygia Fagundes Telles foi publicado em 1954. A Globo produziu duas adaptações. A primeira, em 1981, escrita por Teixeira Filho, é considerada uma das melhores para o horário das seis da emissora até então. Conseguiu, inclusive, discutir temas difíceis para a faixa, como separação de casais, adultério e homossexualidade (ainda que nas entrelinhas).
Em 2008, Alcides Nogueira escreveu uma nova versão, mas que pouco teve a ver com a novela de 1981. Tammy Di Calafiori viveu Virgínia em 2008, enquanto Lucélia Santos defendeu a protagonista em 1981. Cada versão do livro tomou períodos diferentes da história original, com novos olhares e interpretações.
9 – Chama e Cinzas
Romance de Carolina Nabuco (1890-1981) publicado originalmente em 1947, treze anos após o sucesso de seu livro A Sucessora. Mais uma vez a autora fez um retrato da posição da mulher burguesa, apresentando os valores e os tabus que orientavam o seu lugar social.
O romance rendeu a novela Bambolê, escrita por Daniel Más entre 1987 e 1988. Porém, a novela pouco lembra o livro que a originou. O personagem Álvaro Galhardo (Cláudio Marzo na novela) é ainda um dos alicerces da trama, mas, diferente da televisão, a protagonista do livro é sua filha mais velha, que inclusive recebeu um nome diferente: Nica no livro e Ana na novela (vivida por Myrian Rios).
10 – O Alienista
Célebre obra literária humorística de Machado de Assis (1839-1908), publicada em 1882. Muitos o consideram um conto, mas a maioria dos críticos e especialistas consideram-na um romance por causa da sua estrutura narrativa.
A divertida história do Dr. Simão Bacamarte, psiquiatra que acaba por internar em seu manicômio uma cidade inteira, recebeu uma agradável transposição para a TV: a novela Vila do Arco, produzida pela TV Tupi em 1975, com Laerte Morrone como o protagonista. O romance já fora um filme de sucesso: Asilo Muito Louco, de Nelson Pereira dos Santos, em 1970.
SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.
SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.