FIASCO

Um dos maiores fracassos da história da TV estreava há 33 anos

10/12/2024 às 11h43

Por: Thell de Castro
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Cristiana Oliveira e Marcos Palmeira em Amazônia

O dia 10 de dezembro ficou marcado para sempre na história da extinta Rede Manchete. No espaço de um ano, nessa data, o canal terminou seu maior sucesso e estreou seu maior fracasso.

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Enquanto Pantanal terminava em 10 de dezembro de 1990, deixando uma legião de telespectadores órfãos, a nova aposta da emissora de Adolpho Bloch, Amazônia, entrou no ar em 10 de dezembro de 1991.

Em pouco tempo, a novela se transformou num dos maiores fiascos da história da televisão brasileira.

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Prejuízo milionário

Trama de Denise Bandeira e Jorge Duran, Amazônia foi estrelada por nomes como Marcos Palmeira, Cristiana Oliveira, Antônio Petrin, Jussara Freire e José de Abreu, que estiveram em Pantanal.

O projeto começou a ser concebido ainda em 1990, com a diretora Tizuka Yamazaki, mas as gravações foram realizadas somente a partir de agosto do ano seguinte, já sob o comando de Carlos Magalhães, Roberto Naar e Marcelo de Barreto, todos da equipe de Jayme Monjardim, que, posteriormente, acabou deixando a empreitada.

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Com investimentos superiores a 20 milhões de dólares, a novela deveria ter estreado em outubro de 1991, mas acabou sendo adiada, por conta no atraso da construção das duas cidades cenográficas em Guaratiba, no Rio de Janeiro. Para tapar o buraco, foi exibida a minissérie O Fantasma da Ópera.

Desafio

Julia Lemmertz, Antonio Petrin e Jussara Freire em Amazônia
Julia Lemmertz, Antonio Petrin e Jussara Freire em Amazônia

Se gravar no Pantanal já foi um desafio, na Amazônia foi ainda pior. Tratada como superprodução, mais de 150 pessoas, entre elenco, técnicos e diretores se embrenharam no mato para as gravações no Amazonas, sob um calor de 45 graus.

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Cerca de 40 toneladas de equipamentos, incluindo um gerador, foram levados para o local. Cenas também foram rodadas no Teatro Amazonas, na capital amazonense.

Abordando ecologia, a trama se passava em duas épocas ao mesmo tempo, no final do século 19 e o início do século 21. Também existiria uma ação no presente, mas ela foi suprimida.

Fiasco retumbante

Apesar de uma grande campanha publicitária, a estreia foi um prenúncio do desastre que viria pela frente.

O primeiro capítulo conquistou o terceiro lugar no Ibope, entre 22h01 e 23h35, marcando 10 pontos de média. No mesmo horário, a Globo ficou com 32 pontos, mostrando Programa Legal e o filme O Vingador, e o SBT, com Hebe e o Jornal do SBT, ficou com 16.

Além disso, a imprensa citou o início da trama como frustrante.

“Não foi uma boa estreia. Foram cerca de duas horas, com poucos intervalos comerciais. A estreia teve porte de longa-metragem. O roteiro, porém, ficou devendo em ação dramática. Sobrou cena de perseguição no futuro, faltou apresentação de personagens do passado”, descreveu Marília Martins no JB de 12 de dezembro de 1991.

“Para que Amazônia repita os índices de audiência de Pantanal, será preciso radicalizar: simplificar o roteiro de cada capítulo, sublinhar os pontos de conflito aberto entre os personagens e as marcas das semelhanças dos reencarnados. Talvez seja preciso aguardar que a cuidadosa cenografia do passado ganhe maior espaço na trama. É por este fio que ainda se sustentam as expectativas que cercaram Amazônia. A estréia foi um desastre. Mas ainda é cedo para avaliar”, completou.

Relançamento

Marcos Palmeira, Cristiana Oliveira e José de Abreu em Amazônia
Marcos Palmeira, Cristiana Oliveira e José de Abreu em Amazônia

O público torceu o nariz e os índices despencaram e a novela chegou a marcar apenas três pontos no Ibope.

Após 42 capítulos, a trama original foi simplesmente encerrada e, com o mesmo elenco, entrou no ar Amazônia, Parte 2. A trama futurista foi limada e o passado dominou a cena.

Jorge Duran desenvolveu a segunda parte ao lado de Regina Braga, além de outros autores. Os diretores, com exceção de Marcos Schechtman, se demitiram, e Yamazaki acabou assumindo a supervisão de direção.

Mas isso não foi o suficiente. O primeiro capítulo da nova fase marcou seis pontos, quando se esperava, no mínimo, oito. Alguns dias depois, caiu para quatro. Depois, se fixou em cinco.

Programada para ficar no ar até julho, para dar tempo de produzir uma substituta, Amazônia acabou saindo do ar em 29 de junho de 1992, ficando marcada negativamente na história do canal, que ficou em situação financeira ainda pior, e da televisão brasileira.

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