Globo confirma volta de novela que escondeu personagem lésbica

05/08/2024 às 17h28

Por: Vitor Peccoli
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Paolla Oliveira em Ciranda de Pedra

Após anos esquecida nos arquivos, a Globo trará de volta Ciranda de Pedra (2008), novela que teve grandes mudanças e escondeu temas polêmicos da obra em que foi baseada, como a personagem Letícia, que era lésbica.

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Paolla Oliveira em Ciranda de Pedra

Escrito por Alcides Nogueira, baseado na obra de Lygia Fagundes Telles, o folhetim foi exibido no horário das seis da Globo entre 5 de maio e 3 de outubro de 2008, com 131 capítulos.

Desde então, a trama nunca foi reprisada, nem pela Globo ou pelo canal Viva. Após 16 anos, Ciranda de Pedra será trazida de volta no Globoplay.

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Mudança de rumo

Baseada no livro homônimo de Lygia Fagundes Telles, de 1954, a história já tinha virado novela em 1981. A nova versão feita pela Globo, no entanto, em nada lembra a trama passada — somente o personagem Eduardo (Bruno Gagliasso), que não existia no livro, foi aproveitado da primeira para a segunda versão.

Uma das mudanças feitas foi a época em que a história se passava. Enquanto na primeira versão o enredo era ambientado em 1948, na segunda aconteceu na São Paulo de 1958.

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“Eu puxei a história para 1958 porque foi um ano emblemático para o Brasil. Foi quando o país começou a mergulhar na modernidade, com o desenvolvimento da indústria automobilística, o florescimento das artes plásticas, o surgimento da bossa nova, a conquista da Copa do Mundo, a vitória da tenista Maria Esther Bueno em Wimbledon, em dupla. Foi um ano de muitos acontecimentos. Achei que poderíamos aproveitar o clima do livro e fazer uma novela que não fosse ambientada em uma época tão distante, com a qual o espectador não tivesse nenhum tipo de aproximação. O ano de 1958 é mais recente, muita gente tem a memória do período”, disse o autor Alcides Nogueira em depoimento ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, do Memória Globo.

Considerada uma adaptação “livre” e “suavizada” da obra de Lygia Fagundes Telles, a nova versão de Ciranda de Pedra não abordou temas espinhosos, como eutanásia e lesbianidade.

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Dessa vez, a trama não teve a parte em que Daniel (Marcello Anthony) submete Laura (Ana Paula Arósio) à eutanásia e nem se matar no final da novela.

“É necessário suavizar”

Letícia (Paolla Oliveira), por sua vez, não era inicialmente lésbica, como no livro. Na primeira versão da novela, o tema não foi abordado por conta da Censura vigente na época.

Porém, no final da segunda versão, sua verdadeira orientação sexual foi insinuada, quando ela viajou com uma “amiga”. Foi o autor quem decidiu não abordar a sexualidade da personagem na faixa para não ter problemas com a classificação indicativa.

“O livro tem uma narrativa densa. Para o horário das 18h, é necessário suavizar. Independentemente da classificação indicativa [que estipula para qual faixa etária o programa é liberado], temos o bom senso de levar ao público uma obra leve e elegante”, declarou Alcides Nogueira à Folha de S. Paulo do dia 4 de maio de 2008.

Público fez autor mudar rumo de novela

Ana Paula Arósio e Tammy Di Calafiori em Ciranda de Pedra

Ana Paula Arósio e Tammy Di Calafiori em Ciranda de Pedra

Principal mudança da nova versão de Ciranda de Pedra, o cancelamento da morte de Laura foi motivada pelo público. A Globo realizou pesquisas de opinião com os telespectadores, que rejeitaram a saída de Ana Paula Arósio da trama.

Com isso, a personagem, que deixaria a novela no decorrer da história (assim como aconteceu em 1981) e sairia por volta do capítulo 80, foi mantida até o final.

Quando Ciranda de Pedra volta no Globoplay?

Depois de passar anos esquecida nos arquivos, Ciranda de Pedra está de volta no Globoplay por meio do Projeto Resgate.

A trama, que girava em torno do triângulo amoroso entre Laura (Ana Paula Arósio), seu marido Natércio (Daniel Dantas) e o médico Daniel (Marcello Anthony), entrará no catálogo do streaming da Globo no dia 26 de agosto.

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