Após início promissor, novela que estreava há seis anos perdeu o rumo

Autor de No Rancho Fundo, Mário Teixeira é conhecido por assinar novelas que começam empolgantes, mas logo perdem fôlego. Foi o que aconteceu com O Tempo Não Para, que estreou em 31 de julho de 2018, na faixa das 19h.

Juliana Paiva como Marocas em O Tempo Não Para

O novelista demonstrou criatividade ao contar a história de uma família do século 19 que era descongelada nos dias atuais e tinha que se virar para se adaptar. Mas o que parecia promissor acabou aborrecendo o público em pouco tempo.

A audiência correspondeu às falhas do roteiro: O Tempo Não Para estreou com ótimos índices de audiência, mas logo viu os números arrefecerem.

Qual a história de O Tempo Não Para?

O Tempo Não Para contava a história da família Sabino, que vivia no século 19. O casal Dom Sabino (Edson Celulari) e Agustina (Rosi Campos), a filha Marocas (Juliana Paiva) e suas irmãs, além de escravizados como Cesária (Olívia Araújo), são congelados num naufrágio em 1886.

Eles são encontrados no ano de 2018 e descongelados. A partir daí, a novela explora a dificuldade da família de se adaptar aos novos tempos. Além disso, Marocas se apaixona pelo jovem surfista Samuca (Nicolas Prattes), num relacionamento marcado pelas diferenças culturais.

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O romance é ameaçado por Betina (Cleo), apaixonada por Samuca. A família Sabino também se torna alvo dos picaretas Mariacarla (Regiane Alves) e Emílio (João Baldasserini), além do poderoso Amadeu (Luiz Fernando Guimarães), milionário que sonha com a vida eterna e vê nos congelados uma oportunidade de entender melhor a criogenia.

Como foi a audiência de O Tempo Não Para?

Sucessora da problemática Deus Salve o Rei (2018), O Tempo Não Para estreou em alta, arrancando elogios do público e da crítica. A trama estreou com incríveis 32 pontos de audiência, mantendo-se num patamar entre 26 e 29 pontos por um bom tempo.

Mas, no decorrer da história, a novela perdeu fôlego no Ibope. Em setembro de 2018, a novela já tinha despencado para 23 pontos, perdendo ainda mais público até a reta final. O tombo foi tanto que sua média geral foi de 24 pontos, menos do que 25,5 alcançados por Deus Salve o Rei.

A perda de público coincidiu com a falta de uma boa história. A trama da família do século 19 nos dias de hoje não se sustentou por muito tempo e o autor acabou se perdendo na história, “esquecendo” de personagens como Mariacarla e Amadeu e apostando em situações que andavam em círculos.

Problema recorrente

Curiosamente, O Tempo Não Para sofreu com o mesmo problema observado em outras novelas do autor. Com Alcides Nogueira, Mário Teixeira assinou I Love Paraisópolis (2015), que teve trajetória semelhante: começou muito bem, mas perdeu público quando a trama passou a andar em círculos.

Mar do Sertão (2022) passou por algo parecido. A trama das 18h não chegou a perder audiência, mas esgotou a trama principal em pouco tempo. A atual No Rancho Fundo segue trilho semelhante.

O Tempo Não Para tinha enorme potencial, já que o autor aproveitava o abismo cultural que separava os “congelados” dos personagens contemporâneos para fazer boas piadas e excelentes críticas sociais. Mas isso não se sustentou ao longo dos seis meses de novela.