Cabelo afundou novela que terminava em 1982: “Fracasso retumbante”
26/03/2022 às 11h30
Há mais de 40 anos, um simples corte de cabelo foi capaz de arrumar uma grande confusão e causar rejeição por parte do público para uma novela das oito da Rede Globo. Estamos falando de Brilhante, de Gilberto Braga, que terminava em 26 de março de 1982.
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Para se diferenciar da personagem que viveu pouco antes em Coração Alado, Vera Fischer trocou os cabelos lisos, até o ombro, por um corte curto e com os fios encaracolados. Pronto, estava criado o impasse.
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“O Tom Jobim depois me acusou de ter dado uma rasteira nele. É o seguinte: na música, ele se refere aos cabelos da Vera Fischer. Ainda sem saber disso, mandei cortar o cabelo dela para dar um ar mais simples. Ele sempre me cobrou essa traição”, destacou o diretor Daniel Filho em seu livro “O Circo Eletrônico”.
Composto e executado pelo maestro especialmente para a novela, a música realmente citada os cabelos compridos de Luiza. Além disso, as primeiras chamadas deveriam contar com Vera e suas longas madeixas.
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No entanto, para tentar diminuir a rejeição do público, que ligava para a emissora e reclamava, a figurinista Marília Carneiro acabou criando uma febre. Ela amarrou uma bandada no pescoço da atriz, e o acessório ditando moda nos meses seguintes.
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Outros problemas
Evidentemente que não foi somente o cabelo de Vera Fischer que causou o fracasso de Brilhante. O par romântico entre a própria atriz e o personagem de Tarcísio Meira, além do segredo sobre a identidade do tipo vivido por José Wilker não renderam o esperado.
Quem roubou a cena foi a vilã Chica Newman (Fernanda Montenegro), que conquistou os telespectadores e acabou, com a torcida do público, tendo um final feliz: ela se redimiu e se casou com seu humilde motorista, vivido por Cláudio Marzo.
“Brilhante foi um fracasso retumbante. Entrou no ar e foi um susto. Foi uma novela muito mal bolada, com uma história impossível de contar. Não sei como caí nessa esparrela, porque era uma época de censura rigorosa. Ficou uma salada que pouca gente entendia. Aos poucos, fiz umas modificações e acabaram gostando. A partir daí, a novela se saiu bem, com prestígio. Mas, no início, foi um tremendo fracasso”, disparou Gilberto Braga no livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo.
O pesquisador Ismael Fernandes assim definiu a novela em seu livro “Memória da Telenovela Brasileira”:
“Brilhante não conseguiu cativar o telespectador. O principal problema foi o roteiro. Plágios da cultura literária e cinematográfica americana comprometeram a história, e um cansativo discurso sobre casais em crise acentuou os desníveis”.
Com apenas 155 capítulos, numa época em que as produções facilmente alcançavam a marca dos 200 episódios, Brilhante cedeu seu lugar para Sétimo Sentido, última novela de Janete Clair na faixa das oito da Globo.