Novela de 40 anos atrás pagou caro por maior erro da história da Globo

13/02/2024 às 15h43

Por: André Santana
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Conhecido por seus inúmeros sucessos na faixa das sete, Cassiano Gabus Mendes foi promovido ao horário nobre da Globo com Champagne (1983). Porém, a estreia não foi das mais auspiciosas e ainda foi prejudicada por um dos maiores erros cometidos pela Globo em sua gloriosa história.

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Irving São Paulo, Lúcia Veríssimo e Tony Ramos (Divulgação / Globo)

Além de a trama ter sido considerada fraca para o horário, o folhetim ainda teve o azar de concorrer com a transmissão do Carnaval da recém-lançada TV Manchete.

Foi a primeira vez que o principal produto da grade da Globo perdeu a liderança para uma concorrente.

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Disputa pelo Carnaval

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Em 1983, a Globo se desentendeu com os responsáveis pelos direitos de transmissão dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Em seu O Livro do Boni, o diretor José Bonifácio de Oliveira revelou que, para resolver a questão, combinou com Moisés Weltman, diretor da Manchete, que a emissora dos Bloch compraria os direitos e depois os repassaria.

A Manchete, então, ficou com o Carnaval, mas não o repassou à Globo. Com isso, pela primeira vez desde 1974, a emissora não transmitiria a folia de Momo na capital fluminense. Sem saída, a Globo manteve sua programação normal com os festejos, enquanto a Manchete fazia seu primeiro Carnaval.

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Naquele domingo de Carnaval, o Fantástico perdeu a liderança pela primeira vez para a rival. Já na segunda e terça-feira seguinte, foi a vez da novela Champagne amargar um nada honroso segundo lugar em meio ao ziriguidum.

“Ficamos fora do Carnaval. No Rio, a Manchete deitou e rolou na audiência, mas no resto do Brasil, sem Carnaval, a programação da Globo cresceu em relação aos anos anteriores. Essa é a verdade completa da história”, minimizou Boni.

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Fracasso

Beatriz Segall em Champagne

Beatriz Segall em Champagne

Além de ter entrado para a história como a novela das oito da Globo que perdeu a liderança de audiência para o Carnaval, Champagne também ficou marcada por não ter sido das melhores novelas de Cassiano Gabus Mendes. O autor, “rei das sete”, foi promovido ao horário nobre para substituir Janete Clair, já adoentada.

Champagne girava em torno do mistério em torno da morte de Zaíra (Suzane Carvalho), copeira assassinada durante uma festa da alta sociedade dos anos 1970. O garçom Gastão (Sebastião Vasconcelos) é condenado pelo crime, mas jura que é inocente.

Treze anos depois, Nil (Tony Ramos), filho de Gastão, tenta provar a inocência do pai. Com o caso reaberto, os amigos Zé Brandão (Jorge Dória), Ralf (Claudio Correia e Castro), Jurandir (Mauro Mendonça), Ronaldo (Carlos Augusto Strazzer), Renan (Nuno Leal Maia) e Lúcio (Cecil Thiré) se tornam os principais suspeitos do crime.

Considerada fraca para a faixa das oito, Champagne não correspondeu às expectativas da Globo. Depois disso, Cassiano voltou ao horário das sete e emplacou vários sucessos seguidos, como Ti Ti Ti (1985), Brega & Chique (1987) e Que Rei Sou Eu? (1989). Em 1990, ele voltou à faixa das oito com Meu Bem Meu Mal.

Resgate

Tony Ramos em Champagne

Tony Ramos em Champagne (Reprodução / Globo)

Nunca reprisada, Champagne tem chances de ser resgatada pela Globo no Globoplay. Porém, ainda não se sabe se seu retorno se dará por meio do Projeto Resgate – quando as tramas retornam na íntegra ou quase – ou Projeto Fragmentos – quando apenas poucos capítulos são resgatados.

Erick Brêtas, ex-diretor de produtos digitais e canais pagos do Grupo Globo, afirmou que havia dúvidas sobre a qualidade do material preservado da novela.

“Champagne teve a versão internacional preservada. Vamos ainda entender em que estado ela se encontra”, explicou ele, em 2023.

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