Terra e Paixão salvou a Globo, mas passou longe de ser um grande sucesso

Terra e Paixão conseguiu atrair a atenção do público na reta final. As vilanias de Agatha (Eliane Giardini) e a desenfreada perseguição de Antônio (Tony Ramos) a Aline (Barbara Reis), além do bem-sucedido romance entre Kelvin (Diego Martins) e Ramiro (Amaury Lorenzo), alcançaram ampla repercussão.

Gloria Pires, Tony Ramos e Eliane Giardini em Terra e Paixão (Divulgação / Globo)

Com tamanho barulho, ficou a impressão de que Terra e Paixão foi um êxito absoluto do horário. Mas não foi bem assim. A trama enfrentou diversas crises e saiu de cena como uma das novelas menos bem-sucedidas da galeria do autor Walcyr Carrasco.

Missão espinhosa

Com Terra e Paixão, Walcyr Carrasco tinha a ingrata missão de elevar a audiência do horário nobre da Globo, em baixa em razão do fiasco de Travessia (2022). A novela de Gloria Perez foi um grande fracasso, com média geral de 24,2 pontos no Kantar Ibope Media.

A direção da Globo acreditou que Carrasco tiraria de letra tamanho desafio, já que o autor é famoso por elevar a audiência de qualquer horário na emissora. Porém, não foi bem assim. Terra e Paixão amargou baixos índices iniciais, amargando médias entre 22 e 25 pontos, não tão distantes de Travessia.

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Com a ajuda de Thelma Guedes, o autor promoveu várias mudanças na tentativa de aumentar o público. Porém, as modificações apenas deixaram a novela sem rumo por vários capítulos, com tramas que iam do nada a lugar nenhum. Resultado: a audiência pouco se modificou.

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Crise nos bastidores

Como se não bastasse a baixa audiência, Terra e Paixão enfrentou crise nos bastidores. Uma delas envolveu Bruno Luperi, autor de Renascer, que não teria gostado de ver que a novela de Walcyr Carrasco repetia o mote principal da história criada por Benedito Ruy Barbosa.

Assim como em Renascer, Terra e Paixão também trazia um pai que nutria forte rejeição pelo filho, em razão de a mãe da criança ter morrido em seu parto. O desconforto foi tão grande que Luperi teria ameaçado desistir de escrever Renascer. Para resolver o imbróglio, a Globo solicitou que Carrasco mudasse os rumos de Terra e Paixão.

Fora isso, o autor ainda enfrentou problemas de saúde durante a novela. Carrasco passou por uma cirurgia de catarata e, depois, precisou operar o fêmur após um acidente doméstico.

Em baixa

Enquanto Terra e Paixão estava no ar, a Globo sonhava que a novela alcançasse os 30 pontos no Ibope, atual meta do horário. Para isso, Carrasco apostou em reviravoltas e catarses, que sempre serviram para aumentar a audiência de suas novelas. Mas, em Terra e Paixão, o truque não deu certo.

A novela só bateu os 30 pontos no capítulo de 24 de agosto, que explorava a volta de Agatha (Eliane Giardini) e Antônio pedindo perdão a Caio (Cauã Reymond) por tê-lo rejeitado. Depois disso, os 30 pontos só vieram mesmo na reta final. A média fechou em 24 pontos.

Enquanto isso, as outras obras do autor no horário tiveram desempenho bem superior. O maior sucesso foi O Outro Lado do Paraíso (2017), que, assim como Terra e Paixão, começou derrapando, mas se ergueu a tempo, fechando com 38 de média. Já A Dona do Pedaço (2019) cravou 35,9 e Amor à Vida (2013) anotou 35,5.

Ou seja, Terra e Paixão ficou bem distante dos áureos tempos. E ficou atrás até mesmo de Pantanal (2022), atual referência de sucesso – a trama fechou com 29,6. Por outro lado, a novela conseguiu cumprir a missão de elevar os números de Travessia. Já é alguma coisa.