Globo erra ao proibir Didi de participar de programa que ele ajudou a criar
09/08/2023 às 13h00
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Exibido na última segunda-feira (7), o show do Criança Esperança arrebatou o público com um espetáculo musical bem produzido e a aguardada presença de Xuxa, Angélica e Eliana, que dividiram o palco pela primeira vez na TV. Fazia anos que o show beneficente da Globo não tinha tanta repercussão.
Renato Aragão, o Didi (Reprodução / YouTube)Mas, apesar do êxito, nem todos ficaram satisfeitos com a atração. Renato Aragão, que foi o anfitrião da festa durante muitos anos, não gostou de ter sido esquecido pela Globo. De acordo com Lilian Aragão, sua esposa, o intérprete de Didi Mocó ficou “muito triste” por ter ficado de fora.
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A tristeza se justifica. A emissora errou feio ao deixar de fora de sua festa justamente o artista que a criou.
Esquecido
Em entrevista ao site F5, da Folha de S. Paulo, Lilian Aragão revelou que Renato estava animado com a proximidade do Criança Esperança, e até havia pintado os cabelos e as sobrancelhas para a ocasião. No entanto, o esperado convite acabou não acontecendo.
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“Ele ficou animado com os anúncios do programa. Achou que seria lembrado, mas não deram nem um telefonema”, revelou Lilian.
“Ele participaria com o maior prazer, é um programa que ajudou a criar”, continuou. “Ele se dedicou ao Criança Esperança por quase trinta anos!”, lamentou a esposa do eterno trapalhão.
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Mudanças
A história do Criança Esperança está bastante atrelada à trajetória de Renato Aragão na Globo. Afinal, a campanha beneficente surgiu como um especial em comemoração aos 20 anos de Os Trapalhões, em 1986. O projeto cresceu e se tornou um show anual, que visa arrecadar recursos para apoiar projetos sociais que atendem crianças pelo Brasil.
Ao longo dos anos, o Criança Esperança se estabeleceu como um grande show que mobilizava artistas, sobretudo o elenco da Globo e destaques do cenário musical. Renato Aragão se fixou como mestre de cerimônias, comandando shows históricos.
No entanto, a partir da década de 2010, a campanha foi mudando o formato e Renato Aragão perdeu espaço.
Novo Criança Esperança
Fátima Bernardes no comando do Criança Esperança (reprodução/Globo)Em 2013, além do tradicional show, a Globo passou a mobilizar seus artistas durante a programação e criou o Mesão da Esperança, que reunia seus contratados para atender telefonemas de doadores. O formato é utilizado até hoje.
No entanto, a partir de 2015, o grande show, que era realizado em espaços como o Ginásio Ibirapuera, em São Paulo, ou HSBC Arena, no Rio de Janeiro, passou a adotar um formato mais enxuto, direto dos Estúdios Globo. Com a mudança, a figura do mestre de cerimônia foi pulverizada e o show passou a ser comandado por “mobilizadores”. Leandra Leal, Dira Paes, Flavio Canto e Lázaro Ramos foram os primeiros apresentadores do novo formato. Mas Renato Aragão seguiu na festa, como participação especial.
Leandra, Dira, Flavio e Lázaro também comandaram as edições de 2016, 2017 e 2018. Já em 2019, o show foi apresentado por Leandra Leal, Fernanda Gentil, Dira Paes, Jonathan Azevedo e Flavio Canto. Em 2020, foi a vez de Fátima Bernardes, Jéssica Ellen, Maju Coutinho, Luis Roberto, Tiago Leifert e Luciano Huck comandarem a festa. Iza, Ivete Sangalo, Luciano Huck e Maju Coutinho apresentaram o show de 2021, enquanto Taís Araújo, Marcos Mion, Paulo Vieira e Tadeu Schmidt estiveram à frente do show de 2022.
Ao mesmo tempo, a participação de Renato Aragão ficou cada vez menor. A partir de 2020, por conta da pandemia da Covid-19, o “trapalhão” sumiu de vez da atração. Mas, este ano, com a volta do grande show fora dos Estúdios Globo, acreditava-se que Renato poderia retornar, o que acabou não acontecendo.
Ingratidão
Renato Aragão e Tom Cavalcante no Criança Esperança (reprodução/Globo)As mudanças no Criança Esperança são naturais, dada a longevidade da campanha beneficente da Globo. No entanto, ainda assim, é, no mínimo, estranho que Renato Aragão tenha sido esquecido. Num momento em que o canal resgata o grande show fora de seus estúdios, caberia, ao menos, uma menção ao trabalho do eterno Didi.
Além disso, o programa mexeu com o público nostálgico ao reunir Xuxa, Angélica e Eliana, três ícones infantis. A volta do Didi deixaria a onda de nostalgia ainda mais envolvente.
Não é o caso de colocá-lo, novamente, no comando do show. Mas seria interessante, ao menos, reconhecer a importância de Renato Aragão na história da campanha. Afinal, sem ele, provavelmente a atração nem existiria. A Globo perdeu a chance de promover uma homenagem em vida a um artista que muito contribuiu com ela. Não adianta vir com festejos depois que ele não estiver mais por aqui…