Toda-poderosa bate o pé e impede mudanças em fiasco do SBT
21/07/2023 às 15h43
Há 11 anos produzindo novelas infantis, o SBT enfrenta o desgaste do gênero. A Infância de Romeu e Julieta, a trama atual, além dos problemas que apresenta pela falta de estrutura folhetinesca, aponta para um cansaço do tema.
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Mesmo com o grandioso fiasco acometendo o projeto milionário que conta ainda com a coprodução da gigante Amazon, não existe plano para o canal retomar a dramaturgia adulta.
No que depender de Iris Abravanel, autora de seis dos sete títulos infanto-juvenis que a rede de seu marido produziu nos últimos anos, ela não volta a escrever para adultos.
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“Criança é tão gostoso, mais lúdico. Eu já fui professora primária, então, eu lidava com criança, já tinha aquela coisa mais lúdica. Em Poliana Moça, eu coloquei até o Pinóquio no meio, para também ter mais histórias. Não dá para se deter só no livro, tem que criar mais, tem que trazer para os dias atuais”, disse ao site da Caras, em 25 de abril deste ano.
Novelas para adultos
Mas a escritora disse isso poucos dias antes da estreia de seu último trabalho no SBT, que estreou em 8 de maio deste ano.
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A Infância de Romeu e Julieta, que já recebeu em baixa do também fracasso Poliana Moça (2022), derrubou mais ainda os índices do horário destinado a produções nacionais inéditas do canal.
Vale recordar que nenhuma trama dedicada ao público adulto de autoria da Abravanel emplacou. Revelação (2008) e Vende-se um Véu de Noiva (2009), também penaram com baixíssimos índices, o que pode indicar um trauma para ela.
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Só que Romeu e Julieta é responsável pelos piores índices da dramaturgia da rede desde Corações Feridos, também escrita por Íris e finalizada em maio de 2012.
A nova trama infantil, que é uma adaptação “sem tragédia” do clássico de William Shakespeare, estreou com baixos 6 pontos de média e, atualmente, luta para fechar com 4, que é o seu acumulado geral até o presente momento.
Tragédia anunciada
Desde a produção de As Aventuras de Poliana, iniciada em 2018, que Iris e sua equipe desenvolvem sem descanso as telenovelas da rede paulista.
A insistência no mesmo gênero e na mesma equipe de redatores acarretou em uma excessiva repetição de temas, plots e personagens. Foi a materialização do prenúncio de que o modelo, mais cedo ou mais tarde, cansaria.
Poliana Moça e Romeu e Julieta demonstram falhas de concepção. Falta toda uma estrutura nas duas histórias que, ao contrário das primeiras tramas infantis, como Carrossel (2012) e Cúmplices de um Resgate (2015), não foram adaptações mexicanas. Faltam às “tramas originais” de Iris e sua equipe conflitos, clímax, e até mesmo a presença de vilões, algo óbvio e indispensável em um folhetim.
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Jogo do contente
Para o canal, problema algum. A novela segue seus trabalhos normalmente, gravando capítulos a se perder de vista, o que é outro grande erro da teledramaturgia do SBT. Até agora, nada foi pensado para virar o jogo.
Enquanto isso, a sua principal aposta para sair da forte crise de audiência fracassa e registra menos ibope que os das tramas reprisadas à tarde. Uma delas, Sortilégio, que já está em sua terceira exibição em sete anos.
Como se fosse pouco, o título atual não repercute na internet, tampouco está entre os mais vistos da Prime Vídeo, além de registrar números pífios em todo o Brasil, de acordo com dados do PNT (Painel Nacional de Televisão).