Tapa-buraco: menor novela das oito da Globo terminava há 28 anos
14/06/2024 às 8h44
Uma minissérie que foi transformada numa novela reduzida. Esta é O Fim do Mundo, de Dias Gomes, que terminava sua trajetória na Globo há exatamente 28 anos, no dia 14 de junho de 1996.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Com apenas 35 capítulos, a trama tapou o buraco entre Explode Coração e O Rei do Gado e prometia inaugurar um novo formato de teledramaturgia na emissora – o que acabou não acontecendo.
Dupla responsabilidade
Explode Coração estava no ar e a Globo não conseguiu iniciar a produção de O Rei do Gado a tempo. Normalmente, nestas situações, a trama que está no ar é esticada, mas Glória Perez já havia combinado com a emissora que seria liberada para o julgamento do assassinato de sua filha, Daniela Perez.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A solução foi pegar O Fim do Mundo, que seria uma minissérie do horário das 22h30, e colocar no principal horário de teledramaturgia da emissora – naquela época, 20h40.
“O Fim do Mundo chega às telas com uma dupla responsabilidade. Primeiro, recuperar a audiência do horário, um pouco abalada depois de Explode Coração. Segundo, testar a viabilidade de um novo formato, alternativo às novelas tradicionais, com mais de 100 capítulos”, destacou reportagem da Folha de S.Paulo de 5 de maio de 1996.
LEIA TAMBÉM:
● 56 anos depois: Globo quebra tabu histórico para definir fila de novelas das sete
● Resumo Roque Santeiro: tudo sobre o capítulo de sábado, 23 de novembro
● Resumo Cara e Coroa: tudo sobre o capítulo de sábado, 23 de novembro
Qual era a trama de O Fim do Mundo?
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em Tabacópolis, fictícia cidade do interior baiano, o paranormal Joãozinho de Dagmar (Paulo Betti) faz uma previsão assustadora: o mundo iria acabar em três meses. Para completar, fatos estranhos começam a aparecer, como uma chuva de excrementos, um bezerro com duas cabeças, um terremoto, entre outros fatos.
A população entra em pânico e a cidade se vê em meio ao caos. Tião Socó (José Wilker) violenta Gardênia (Bruna Lombardi), sua cunhada; o diretor do hospício resolve soltar os pacientes, enquanto o delegado abre a cadeia e liberta os presos. Só que, no dia seguinte, o mundo não acaba e os moradores da cidade precisam arcar com as consequências de seus atos.
Dias depois, Joãozinho faz nova profecia e, desta vez, se vê uma chuva de meteoros no céu e o mundo realmente acaba.
O Fim do Mundo inovou nos efeitos especiais. “Pela primeira vez, uma novela usa objetos e animais criados em computador. Foram usados computadores também para criar ondas gigantes e tempestades. Uma maquete de Tabacópolis foi construída para as filmagens do fim do mundo – é nela que caem postes, carros são tragados pela terra, e o céu fica incandescente”, informava a matéria da Folha.
Ficou só na promessa
A mesma reportagem ressaltou que caso a experiência com O Fim do Mundo desse certo no horário nobre, a emissora deixaria de usar a faixa das 22h40 para minisséries.
A intenção da emissora era alternar novelas e mininovelas a partir de 1997. “Com isso, a Globo não deixaria totalmente de lado o formato tradicional de novelas e daria opção aos autores”.
Meses antes, à mesma Folha de S. Paulo, Dias Gomes disse que a mininovela era uma alternativa, vista pela Globo como um produto de luxo, que dá prestígio.
“Pode ser que queiram implantar esse novo formato. Afinal, já me encomendaram outra produção”.
O autor falava sobre Dona Flor e seus dois maridos, exibida como minissérie em 1998.
Desta forma, como é sabido, apesar de O Fim do Mundo ter mantido a audiência do horário, a experiência foi única e descartada em seguida. O Rei do Gado sucedeu a trama, fez muito sucesso e, até hoje, vemos no ar as novelas no formato tradicional.