Vale a pena rever o show de Letícia Colin em Novo Mundo

01/06/2020 às 22h16

Por: Sergio Santos

A reprise de “Novo Mundo”, exibida pela Globo por conta da interrupção das gravações das novelas inéditas em virtude da pandemia do coronavírus, tem servido como uma preparação para “Nos Tempos do Imperador”, novo folhetim de Alessandro Marson e Thereza Falcão, previsto para estrear depois de “Éramos Seis”. A previsão para a nova história ainda é incerta, pois ninguém sabe sobre o futuro pós-pandemia. Mas os mesmos autores acertaram em cheio com a saga atualmente reprisada e um dos maiores êxitos foi a presença de Letícia Colin.

A escalação da intérprete para viver a princesa Carolina Josefa Leopoldina de Habsburgo-Lorena, depois conhecida como Maria Leopoldina de Áustria, foi certeira. A personagem, que foi casada com Dom Pedro I, é uma das mais lembradas e citadas por historiadores, pois teve um papel fundamental para o processo de Independência do Brasil. E sua vida daria mesmo um dramalhão clássico de novela. A escolha para viver um perfil tão rico exigia muita responsabilidade, onde um erro seria fatal para o núcleo principal de “Novo Mundo”. Mas o acerto ficou evidente logo no primeiro capítulo, firmando essa ótima impressão até hoje.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Foi nítido o trabalho, tanto de prosódia quanto de postura corporal, que a atriz teve para compor a princesa austríaca. O seu sotaque alemão era adorável e deixou a personagem cativante, pois serviu para imprimir um toque de doçura que casou perfeitamente com o papel.

LEIA TAMBÉM:

Vale ressaltar que sotaques em novelas sempre rendem ‘polêmicas’ e incômodos —- alguns da própria novela renderam críticas iniciais na época, como o português de Caio Castro como Dom Pedro, por exemplo —-, mas não foi o caso dela, que conseguiu evitar a caricatura com louvor. O seu andar em cena também merece menção, pois reflete o porte de uma realeza. E soa natural.

Não é exagero afirmar que Letícia Colin viveu seu melhor momento na televisão. Ganhou uma grande personagem e soube aproveitar a maior oportunidade que teve na Globo até agora. Revelada na série “Sandy e Júnior”, em 2001, a atriz se destacou em “Malhação”, na pele da atrapalhada Kailane, em 2002, e chegou a ser apresentadora do infantil “TV Globinho” (2003). Foi para a Band em 2005, onde participou de “Floribella”, novela infantil de sucesso da emissora. Em 2007, se transferiu para a Record, integrando o elenco de três novelas e uma minissérie: “Luz do Sol”, “Chamas da Vida” (onde brilhou como Vivi), “A História de Ester” e “Vidas em Jogo”. Já em 2013 voltou para o canal que a lançou, participando da fracassada “Além do Horizonte”, onde está até hoje.

Antes do grande desempenho em “Novo Mundo”, em 2017, Letícia havia emocionado como Elisa em “Sete Vidas” (2015), novela linda de Lícia Manzo. Foi nessa produção que formou uma parceria bem-sucedida com Isabelle Drummond (Júlia), repetindo a dobradinha em “Novo Mundo” através da cumplicidade entre Leopoldina e Anna Millman. As duas sempre emocionavam em cena e cresciam juntas. Vale destacar ainda o bom desempenho da atriz na série “Nada Será Como Antes”, exibida em 2016, quando viveu a forte Júlia. O show como a prostituta Rosa, na problemática “Segundo Sol”, em 2018, foi outro ponto alto de sua trajetória, embora a personagem tenha sido boicotada por João Emanuel Carneiro. É uma profissional de muitas possibilidades. Fora os trabalhos no teatro e no cinema, que engrandecem seu currículo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


A intérprete foi um dos maiores destaques da novela das seis e protagonizou cenas muito emocionantes ao longo da história, como o instante em que Leopoldina perdeu seu filho, o primogênito João Carlos. Difícil não ter chorado junto vendo a tristeza profunda da princesa, que também precisava lidar com as constantes traições de Dom Pedro. Sua vida foi um drama digno de folhetim mexicano. E Letícia passou veracidade nas sequências, se entregando aos sentimentos da personagem, que era extremamente doce, íntegra e humana. Vale destacar ainda toda a sequência em cima do processo de independência do Brasil, quando a personagem virou imperatriz, sendo a principal responsável pela libertação do país, entrando em acordo com os ministros e incentivando o marido a tomar a decisão certa, que acabou sendo um marco histórico.

“Novo Mundo” foi uma novela merecedora de muitos elogios e a escalação de Letícia Colin é uma das razões que refletiram o êxito da produção. Se Dom Pedro é a figura mais citada nos livros de história, pode-se constatar facilmente que a sua esposa ganhou uma nova e merecida dimensão com o folhetim. Essa princesa já está marcada na memória dos noveleiros e Leopoldina ganhou uma intérprete irretocável. Vale a pena rever o show da atriz.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook.

Autor(a):

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.