Mudou: Globo foi obrigada a transformar atriz em mocinha de novela
12/11/2024 às 8h15
Um dos destaques de Vai na Fé é Carolina Dieckmann (foto abaixo), que vive a advogada Lumiar. Na trama, ela faz de tudo para acertar sua vida após o fim do relacionamento com Ben (Samuel de Assis).
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A atriz, que comemora 30 anos de carreira, já foi mocinha, vilã, protagonista e coadjuvante. No início de sua carreira, ela foi escalada até para salvar uma novela do fiasco total: de mera coadjuvante, ela virou a protagonista de Vira Lata (1996).
Em busca de um novo sucesso
Após o grande êxito de Quatro por Quatro (1994), o autor Carlos Lombardi foi escalado para retornar ao horário das sete dois anos depois. O novelista, então, emplacou Vira Lata, um projeto seu que estava engavetado havia algum tempo.
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A trama, que estreou em abril de 1996, girava em torno de Stella (Glória Menezes, acima), que abandonou os três filhos pequenos Lênin (Humberto Martins), Fidel (Marcello Novaes) e Mussolini (Luciano Vianna) para viver um grande amor. Anos depois, ela busca se reaproximar deles.
Outra protagonista era Helena, vivida por Andréa Beltrão. Ela era uma enfermeira que se apaixonava por Lênin.
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Atriz insatisfeita e queda na audiência
O drama misturado com humor não conquistou o público, e a novela foi perdendo audiência, tornando-se uma pedra no sapato da Globo. Além disso, tanto Glória Menezes quanto Andréa Beltrão (acima) não estavam felizes com a produção.
“A Andréa Beltrão foi chata pra caramba! Nunca mais pretendo escrever ou trabalhar com ela na vida. E olha que acho a Andréa uma atriz brilhante. Ela não gostava do que estava fazendo. E parecia não gostar com quem estava contracenando”, disparou Lombardi no livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes.
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Já Glória deixou a novela no meio do caminho, e sua personagem foi substituída por Laura, interpretada por Susana Vieira, que entrou na produção de uma hora para outra.
Efeito Carolina
Para contornar a crise e trazer o público de volta, Carlos Lombardi teve a ideia de puxar uma coadjuvante para o papel de protagonista: Renata, vivida por Carolina Dieckmann, chegou abalando os corações dos homens, principalmente de Fidel.
“A Renata começa a achar o lugar onde foi criada pequeno demais para ela e decide ir para a cidade grande lutar por uma vida melhor. Ela é ambiciosa, esperta e usará sua beleza para conseguir tudo o que quer”, contou a atriz ao O Globo em 05 de maio de 1996.
Injetando emoção e romance
Reprodução / GloboNaquela época, Carolina já vinha sendo destaque do elenco da Globo por seus trabalhos em Tropicaliente (1994) e Malhação (1995). Lombardi usou a personagem para tumultuar a trama.
“Logo que chega do interior, Renata vai trabalhar como secretária de Moreira (Jorge Dória). Lá, conhece Ítalo (Rômulo Arantes), com que acaba se envolvendo. O romance, porém, é descoberto e ela vai parar no olho da rua. E aí, então, que resolve ir para Florianópolis, pedir a ajuda do irmão”, relatou o autor.
De fato, a entrada de Carolina deu um respiro de alívio para todos que faziam parte da produção, que parecia não ter salvação.
“A novela só subiu quando peguei uma atriz coadjuvante e falei: esta é mocinha da história”, exemplificou o autor.
“Foi minha pior novela”
Lombardi admite que Vira Lata não é uma boa lembrança em sua carreira .
“Foi minha pior novela. Em Vira Lata, aprendi a jogar fora o que não funciona e consertar o que está dando errado com a novela no ar. Consertei a novela somente no capítulo 80. Do capítulo 20 em diante, fiquei tentando ajustar, porque estreei com 20 capítulos prontos”, contou ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, do projeto Memória Globo.