Após despejar milhões em anúncios na TV, loja parceira da Globo fechou as portas
12/11/2024 às 8h15
No início de 2023, o mercado financeiro e os consumidores foram pegos de surpresa com a enorme crise das Lojas Americanas. Com mais de 40 bilhões de reais em dívida, a empresa entrou em recuperação judicial.
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As pessoas começaram a especular sobre o possível fim de uma das redes de varejo mais antigas do Brasil, mesmo destino de outras empresas famosas por aqui. Um nome muito lembrado foi da Mesbla, parceira comercial da Globo e de outras emissoras.
Da França para o Brasil
Em 1912 foi inaugurada no Rio de Janeiro uma filial da francesa Mestre & Blatgé, especializada na venda de máquinas e equipamentos. Louis La Saigne passou a cuidar da empresa, que se tornou autônoma e totalmente brasileira. Em 1932, ela passou a ser chamada de Mesbla.
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A loja, que ficava apenas no Rio, começou a crescer e se espalhou pelo Brasil, tornando-se a líder no varejo. Se vendia de tudo: automóveis, roupas, perucas, utensílios domésticos, eletrodomésticos, maquiagem, entre outros produtos.
Outra característica da empresa eram as instalações: grandes, espaçosas e com um ótimo atendimento. Hoje, o consumidor está acostumado com empresas do setor de varejo e construção apostando em locais amplos. Naquela época, esse tipo de empreendimento era inovador. Passear pela Mesbla era um divertimento.
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Presente no futebol e nas novelas
Divulgação / GloboEntre os anos 1970 e 1980, a empresa investiu forte na divulgação da marca na televisão, especialmente em canais como Globo e Manchete. A Mesbla patrocinou o Carnaval, o futebol e utilizou famosos em seus comerciais como Regina Casé, Malu Mader, Patricya Travassos, Victor Fasano, entre outros.
Em uma cena da novela Champagne (1983), da Globo, os personagens João Maria (Antônio Fagundes, foto acima) e Antônia Regina (Irene Ravache), caminham tranquilamente por uma loja da Mesbla, mostrando a imponência do lugar e a variedade que a empresa entregava aos consumidores.
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Uma luta desigual
A Mesbla passou a ter concorrentes de peso, com o crescimento dos shoppings centers e o surgimento de outras empresas, como a Casas Bahia, que não parava de crescer graças ao seu crediário. Outro ponto que pesou contra foi a falta de organização em seus catálogos e prateleiras. Os consumidores passaram a ir em lojas específicas, que atendiam diretamente aquilo que desejavam.
A Mesbla enfrentou a hiperinflação dos anos 1980, que corroía salários. Os preços mudavam várias vezes no mesmo dia. Por conta disso, a diretoria da empresa passou a estocar milhares de produtos, fugindo da inflação. Mas com o plano Real, os preços estabilizaram e a Mesbla não aguentou.
O fim e o retorno
O empresário Ricardo Mansur comprou a empresa e sua concorrente direta, o Mappin. Mas as dívidas das duas empresas batiam a casa de 1 bilhão de reais. Em setembro de 1999, foi decretada a falência da Mesbla e os produtos foram vendidos como queima de estoque.
Vinte e três anos após o fechamento da empresa, a Mesbla ensaia uma volta como marketplace, vendendo de tudo, como roupas, móveis, aparelhos eletrônicos, tapetes, entre outros produtos. Mas, por enquanto, o projeto ainda não saiu do lugar.