Bombons envenenados: crime da vida real foi visto em novela da Globo

Nesta semana, a polícia do Rio de Janeiro prendeu a principal suspeita de ter enviado os bombons envenenados que mataram Lindaci Viegas Batista de Carvalho, de 54 anos. Ela teria cometido o crime por ciúme de um ex-namorado.

Paulo Belote / Globo

A notícia, que ganhou destaque na imprensa nacional, remeteu a uma trama da novela Partido Alto (1984), que foi resgatada recentemente no Globoplay.

No folhetim escrito por Aguinaldo Silva e Gloria Perez, bombons envenenados estão no centro de uma ação criminosa, deflagrada pelo personagem de Herson Capri (foto acima).

Prisão

De acordo com informações do portal G1, a polícia do Rio de Janeiro prendeu nesta quinta-feira (25) Susane Martins da Silva, principal suspeita de ter enviado os bombons envenenados que mataram Lindaci Viegas Batista de Carvalho.

Segundo o portal, as investigações apontam que Susane teria cometido o crime por ciúme de um ex-namorado, chamado Mario Sergio. Ele teve um relacionamento de quatro anos com Lindaci, com quem manteve uma relação cordial após o fim do namoro.

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Depois, ele iniciou um relacionamento com Susane, que teria sido muito conturbado. Mario, inclusive, teria sido denunciado por Susane pela Lei Maria da Penha. Ainda assim, ela tinha muito ciúme do namorado e acreditava que ele estava tendo um caso com Lindaci – fato que não confirmado pela polícia.

“Susane sempre desconfiou que Mario Sergio estava lhe traindo com Lindaci e resolveu se vingar justamente no dia do aniversário desta para não chamar a atenção, dando-lhe flores e bombons que estavam envenenados”, explicou a 20ª Delegacia de Polícia do RJ.

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Ecos na ficção

Divulgação / Globo

A história da vida real encontra ecos na ficção. Em Partido Alto, Sérgio (Herson Capri) também usou bombons envenenados para tentar alcançar objetivos sórdidos, mas as coisas não saíram como ele esperava.

Na trama, Sérgio e o bicheiro Célio Cruz (Raul Cortez) articulam o roubo de uma coroa cravejada de brilhantes que estava em um museu. A ação foi executada por Escadinha (Ney Latorraca) e Amaral (Gilson Moura).

Mas, depois disso, Sérgio procurou eliminar os ladrões, enviando bombons envenenados da empresa Vida Minha para os cúmplices. Porém, os planos não saíram conforme o bandido planejou, já que Escadinha havia despachado o produto do roubo para a casa de sua ex-mulher, Jussara (Betty Faria).

Com isso, foi o próprio Sérgio quem se deu mal. Além de não colocar as mãos na coroa, ele ainda viu a empresa Vida Minha – que pertence ao seu sogro, Amoedo (Rubens Correa) – ser alvo de uma campanha difamatória. Ele ainda teve que lidar com a chantagem da profissional de química que lhe cedeu o veneno, Marta (Monique Alves).

Trama conturbada

Exibida entre 7 de maio e 24 de novembro de 1984, Partido Alto não foi uma novela de sucesso da Globo e nunca foi reprisada pela emissora. O folhetim só ganhou uma nova chance no Globoplay, onde foi lançado em abril deste ano.

A trama ficou marcada pela inusitada parceria entre Gloria Perez e Aguinaldo Silva, que, naturalmente, não funcionou. A ideia de uni-los na criação de um folhetim partiu da direção da Globo, mas a parceria se revelou um desastre.

“Como trabalhar junto se ela escreve de um jeito e eu de outro? Então, é claro que essa tensão toda acabou se refletindo na nossa relação. Houve momentos em que a gente não conseguia sequer se falar. Mas não era por problema de egos, e, sim, por incompatibilidade de métodos de trabalho”, revelou Aguinaldo ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo.

“Na sala do Boni, insisti muito para ficar com a novela das seis. Eu me sentiria mais segura. E eu e o Aguinaldo não nos conhecíamos e fazer novela em dupla é um casamento difícil. (…) Mas decidiram fazer o casamento mesmo assim”, explicou Gloria ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia.

Com a incompatibilidade dos autores, a dupla se desfez. Aguinaldo Silva deixou a novela na metade da história para escrever a minissérie Tenda dos Milagres, enquanto Gloria Perez seguiu com a trama até o fim, sozinha.