Reprise de Mulheres Apaixonadas pode virar armadilha contra a Globo
18/05/2023 às 16h42
A estreia de Mulheres Apaixonadas no Vale a Pena Ver de Novo vai promover a volta do “clima bossa nova” das novelas de Manoel Carlos aos finais de tarde da Globo. Mas não se engane. Por trás da embalagem soft, a novela vem recheada de polêmicas.
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A trama aborda assuntos um tanto quanto pesados para o horário, como violência urbana, maus tratos aos idosos, violência contra a mulher, relacionamento entre uma professora e um aluno menor de idade… Temas que podem render dor de cabeça à Globo.
Polêmicas por todos os lados
Em Mulheres Apaixonadas, o autor Manoel Carlos propôs uma trama diferente das que assinou anteriormente. Ao invés de contar uma história principal forte, com as tramas paralelas orbitando em torno dela, o novelista propôs um painel de personagens e situações, como um grande mosaico.
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Este formato, que praticamente promovia um “revezamento de protagonistas”, permitiu com que o autor tratasse de um assunto diferente em cada núcleo. Assim, vários temas foram colocados em discussão ao mesmo tempo.
Boa parte destes temas, claro, gerou polêmica. Logo de cara, o autor apresentou Raquel (Helena Ranaldi), uma professora de Educação Física que não disfarça seu encantamento por Fred (Pedro Furtado), seu aluno – um rapaz menor de idade. O tema já era espinhoso em 2003 e encontra contornos ainda mais problemáticos 20 anos depois.
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Violência
Além de seu envolvimento com Fred, Raquel traz outro assunto polêmico a Mulheres Apaixonadas: a violência contra a mulher. Durante a trama, é revelado que a professora se mudou de cidade para fugir da perseguição de Marcos (Dan Stulbach), seu marido violento.
Mas Marcos vai encontrá-la e continuará agredindo a esposa. Raquel é constantemente espancada pelo vilão, que a ameaça das piores maneiras possíveis. A cena mais lembrada – e chocante – do casal acontece quando Marcos agride a ex, então nua, com golpes de raquete.
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Além da violência doméstica, Mulheres Apaixonadas também trata da violência das grandes cidades. Na trama, Fernanda (Vanessa Gerbelli) morre ao ser vítima de uma bala perdida, logo após se ver no meio de um fogo cruzado entre bandidos e a polícia numa rua movimentada do Rio de Janeiro.
Outra violência mostrada na trama é a de Dóris (Regiane Alves), jovem que constantemente humilha os avós Leopoldo (Oswaldo Louzada) e Flora (Carmen Silva). A moça não esconde sua revolta por não ter um quarto só pra ela, já que os avós vivem na mesma casa, e destila ódio contra os idosos.
Mais problemas
Mulheres Apaixonadas também pode assustar os mais jovens ao tratar de temas hoje considerados problemáticos com bastante naturalidade. O machismo, sempre presente nas obras de Manoel Carlos, é um destes assuntos.
Há uma cena bastante questionável na qual Helena (Christiane Torloni), ao falar sobre casos de assédio nas escolas, reclama das alunas que vestem roupas curtas, já que isso pode “provocar” os professores. Há também o caso de Carlinhos (Daniel Zettel), que passa a novela toda assediando a empregada doméstica Zilda (Roberta Rodrigues).
Ou seja, o que não falta em Mulheres Apaixonadas são polêmicas. Tanto que, na ocasião da primeira reprise, a Globo só conseguiu a liberação para exibi-la na faixa das 14h após uma intensa negociação com o Ministério da Justiça, na qual o canal se comprometeu a fazer todos os ajustes necessários para “suavizar” a obra.
Será que, desta vez, a emissora conseguirá fugir de problemas?