Não deu certo: Record fez plano para se desvincular da Universal

18/03/2023 às 11h38

Por: Fabio Marckezini
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Divulgação / Record

Quem fica acordado durante a madrugada sabe que a Record exibe uma programação totalmente voltada à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Além disso, alguns segmentos do canal, como a dramaturgia, estão sob o comando dos religiosos, resultando em produções como Reis, estrelada por nomes como Silvia Pfeifer (foto abaixo).

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Reis - Silvia Pfeifer

Divulgação / Record

Todos sabem que a IURD é de Edir Macedo, dono da emissora paulista, e que a igreja sempre esteve ligada à rede de televisão. Porém, houve uma época que a Record quis desgrudar a imagem da Universal de sua programação.

A TV do Bispo

Edir Macedo

Reprodução / Facebook

Em 1990, Edir Macedo comprou a Record, que pertencia à família Machado de Carvalho e Silvio Santos. Muitos achavam que a estação não daria certo nas mãos dos bispos, mas o canal cresceu, voltou a ser uma rede e passou a incomodar as rivais.

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Mesmo apostando em esporte, entretenimento e enlatados, a Igreja Universal estava presente, seja na famosa Oração das Seis, seja durante as madrugadas. Além, claro, das sessões de descarrego e orações com copo de água em cima do televisor. Até que a igreja enfrentou uma grande polêmica que respingou na Record…

Chute na santa

Reprodução / YouTube

Durante o programa O Despertar da Fé, o bispo Sérgio Von Helder chutou uma imagem de Nossa Senhora da Aparecida, exatamente no dia 12 de outubro de 1995, feriado da padroeira do Brasil. As críticas foram muitas e Chico Pinheiro, que na época comandava o Jornal da Record, foi demitido por querer tratar do assunto de forma imparcial.

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Além disso, as polêmicas e os escândalos de corrupção na Igreja Universal fizeram a Record tomar outro rumo: uma agência de publicidade foi contratada para mostrar ao público que a emissora não era a igreja.

Uma nova imagem

É Show - Adriane Galisteu

Divulgação / Record

Segundo a Folha de São Paulo, de 15 de outubro de 2000, a Giusti-Loducca ficou responsável pela elaboração da nova imagem da Record. O ponto principal era explorar a contratação de Adriane Galisteu e mostrar que ela teria liberdade para falar com os jovens e se vestir da maneira que quisesse.

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Além disso, a emissora apostava em filmes violentos, como 8MM, que abordava o submundo da pornografia, e o terror Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado. Mesmo com toda essa mudança, a Universal do Reino de Deus continuava firme e forte na grade.

A madrugada toda era da igreja, que apresentava o Fala Que Eu Te Escuto e outros programas. O Cidade Alerta, que naquela época era apresentado por José Luiz Datena, era sempre interrompido pelo quadro Mensageiro da Solidariedade, comandado pelo bispo Marcelo Crivella.

Nada disso impediu o crescimento da Record que, em meados dos anos 2000, passou o SBT e conquistou a vice-liderança, com atrações popularescas, novelas escritas por autores que vieram da Globo, jornalismo voltado para o povo e realities, como A Fazenda.

A TV ainda mais Universal

Reis - Paloma Bernardi

Divulgação / Record

Mesmo com essa liberdade que a emissora conquistou, a Igreja Universal do Reino de Deus continua em alta no canal, inclusive na dramaturgia. Nos últimos anos, por exemplo, a Record ficou voltada para as tramas bíblicas.

No final de 2022, a emissora anunciou que a produção de seus folhetins ficará a cargo da igreja, que venderá os capítulos para a TV. Quem comanda a dramaturgia é Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo, que apresenta o The Love School – A Escola do Amor e outros boletins sobre relacionamento distribuídos pela programação.

De acordo com matéria do portal Notícias da TV, de 15 de dezembro de 2022, essa mudança ocorreu por questões financeiras. A produtora Casablanca continua na produção das novelas, que será paga pela Igreja Universal. Assim, a emissora foge de prejuízos e sai do vermelho.

Por outro lado, o departamento de vendas se preocupa com a questão dos patrocinadores: existe uma chance de as empresas não quererem ter suas marcas veiculadas em uma produção feita pela Igreja Universal.

A emissora segue o seu caminho – apostando em produções que muitas vezes fogem dos valores cristãos –, e acaba dependendo dos fiéis e da receita da IURD para se manter em pé.

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