Após denunciar equipe do Fantástico, jornalista teve que se explicar

06/03/2023 às 12h16

Por: Sebastião Uellington
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Sérgio Chapelin e Glória Maria no Globo Repórter (Divulgação / Globo)

A jornalista, repórter e apresentadora Glória Maria (na foto abaixo, ao lado de Sérgio Chapelin) deixou um legado importante no telejornalismo da Globo. Tanto que no dia do anúncio do seu falecimento, ela recebeu uma justa homenagem de todos os jornais da casa, com direito a uma longa salva de palmas dos companheiros de trabalho.

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Divulgação / Globo

Só que, há 20 anos, a mesma Glória revelou em uma impactante entrevista que estava sofrendo preconceito dentro da emissora carioca.

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Discriminação dentro do Fantástico

Gloria Maria e Pedro Bial

Reprodução / Globo

No desabafo publicado na revista IstoÉ Gente de 16 de janeiro de 2003, a jornalista contou que sofria preconceito por apresentar o Fantástico.

Segundo ela, dentro da equipe do programa existiam alguns focos de resistência por ela estar no comando da atração, algo que só era possível graças ao público. Para Glória, era difícil que as pessoas entendessem que, por ser negra, ela conseguiu se tornar uma profissional com história e credibilidade.

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“Tem resistência, tem boicote, tem coisas daqui e dali. Mas faz parte do meu show. Estou acostumada a enfrentar este tipo de obstáculo. Venço isso com trabalho. Tenho as pessoas que acreditam em mim. Se fosse mais frágil e mais fraca, já teria saído fora há muito tempo porque a pressão é violenta”, disparou.

Em seguida, a jornalista tentou explicar qual o tipo de pressão que sofria nos bastidores do dominical da Globo.

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“É difícil exemplificar porque são coisas muito sutis como sutil também é o preconceito. Ninguém vai ter coragem de dizer: ’Não estou afim de que você continue apresentando o programa’. Não é assim que a banda toca. A coisa é feita de maneira sutil, portanto cruel. Mas sei como as coisas acontecem, enfrento”, completou.

Deixar a apresentação do programa

Globo Repórter - Gloria Maria e Sandra Annenberg

Divulgação / Globo

Glória Maria (na foto acima com Sandra Annenberg), que na ocasião estava trabalhando no Fantástico há 15 anos, dos quais cinco como apresentadora, afirmou que não temia deixar o dominical.

“A apresentação do Fantástico faz parte do meu trabalho. Não tenho cargo vitalício. Se amanhã a direção da empresa decidir que está na hora de me trocar, vou sair superfeliz. Cumpri o meu caminho e vou partir pra outra sem problema. Mas não vou desistir enquanto sentir que existem resistências preconceituosas”, disse.

Na mesma matéria, a apresentadora afirmou que não sofria preconceito fora da televisão, pois as pessoas já haviam aprendido a aceitá-la e respeitá-la. Glória contou também que não ouvia mais comentários de que ela era “clarinha” e endossou que o preconceito que enfrentava era o profissional, pois existia uma resistência em aceitar que ela tinha ultrapassado a barreira do jornalismo. Por estar sempre na mídia, a jornalista acreditava que os incomodava mais ainda.

Jornalista sem limites

Glória Maria

Reprodução / Globo

Em outro momento da conversa, Glória Maria foi questionada se gostaria de apresentar outros programas na Globo, como Big Brother, por exemplo, mas ela foi taxativa.

“Não. Quero continuar viajando e descobrindo países. Não tenho nenhum problema em deixar de apresentar o Fantástico desde que eu possa continuar fazendo o que gosto. Meu sonho é poder ir cada vez mais longe fazendo matérias mais profundas. Esse negócio de ter que ficar preso não é comigo. Me colocou limites, me disse que tenho que ficar segunda, quarta e sexta presa, eu não quero”, completou.

Explicações

Gloria Maria

Divulgação / Globo

A entrevista da jornalista não foi bem recebida dentro da TV Globo. De acordo com nota publicada no Jornal do Brasil em 24 de janeiro do mesmo ano, Glória foi chamada pela direção da emissora, onde se reuniu com a equipe do Fantástico para dar explicações sobre os comentários.

O texto informava que, além de se justificar pessoalmente, a jornalista enviou um e-mail para todos na emissora, argumentando que tinha sido mal interpretada em suas declarações dadas à revista.

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