Antes de Vai na Fé, Globo já arrumou encrenca com evangélicos
12/11/2024 às 8h14
No último dia 16, a Globo estreou Vai na Fé. A novela das sete tem uma protagonista evangélica, Sol (Sheron Menezzes). Há quase 30 anos, a emissora contou com um evangélico à frente de Decadência, minissérie que causou polêmica.
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Na trama de Dias Gomes, baseada em um livro do próprio, Edson Celulari vivia Mariel Batista, pastor que constrói um império dizendo ter sido escolhido por Deus.
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A Igreja Universal do Reino de Deus afirmou que a produção manchava a reputação de seu líder, Edir Macedo – proprietário da Record.
A carapuça serviu?
Edson Celulari e Dias Gomes se manifestaram sobre as acusações enfrentadas por Decadência.
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“Os pastores que têm boas intenções não podem se incomodar com este personagem. Ele só vai servir de carapuça para os que agem de má-fé”, declarou Celulari ao jornal O Globo, em 9 de julho de 1995.
Para evitar confusão, o ator afirmou que não havia buscado nomes específicos como inspiração para o tipo.
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“Não quero me inspirar neste ou naquele pastor, nem especificar uma determinada religião. Isso acontece tanto aqui como no Japão e, por isso, não será preciso escolher um só nome”, contemporizou.
“Pesquisei vários líderes evangélicos, não foi só o Edir Macedo. Se ele se sentir identificado com o Mariel, se vestir a carapuça, o problema é dele”, disparou Dias.
Troca de acusações
A verdade é que os ânimos andavam acirrados naquele tempo… A Globo denunciou, através de reportagens, a forma como as igrejas pentecostais retiravam dinheiro de fiéis, explorando práticas como a do exorcismo.
No Jornal Nacional, foram exibidos vídeos de Edir Macedo orientando pastores da Igreja Universal sobre o convencimento de membros da igreja acerca das quantias doadas durante os cultos.
Em contrapartida, matérias sobre “negócios suspeitos” da Globo foram publicadas na Folha Universal, periódico do mesmo grupo que abriga a Universal do Reino de Deus e a Record.
A igreja também entrou com ação civil indenizatória por danos morais contra a Globo, que, antes do primeiro capítulo, exibiu uma fala de Edson Celulari reafirmando o respeito a todas as religiões.
Resposta
Em meio à polêmica, a Record quase produziu um folhetim sobre os Marinho, batizado Chantagem.
“Será a história de um jornalista medíocre que herda um jornal falido do pai, faz um pacto com a ditadura, funda uma emissora de TV e enriquece loucamente”, contou Romero da Costa Machado, ex- Globo, pretenso autor do projeto e responsável por livros contra a Fundação Roberto Marinho.
Eduardo Lafon, então diretor de programação da Record, chegou a confirmar que a produção era um dos planos da estação. No entanto, o texto jamais saiu do papel.
A polêmica do chute na santa
Reprodução / YouTubeEm outubro do mesmo ano, ocorreu o polêmico episódio envolvendo o pastor Sérgio Von Helder, que chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, durante um teleculto transmitido na Record.
O acontecimento repercutiu bastante em todo o país e fez a emissora “recolher as armas”, diminuindo o foco sobre a Igreja Universal do Reino de Deus.