Quase esquecida, disputa só serviu para enrolar o público de Pantanal
09/10/2022 às 14h45
Com o fim de Pantanal, os acertos e os erros do remake, que foi o assunto dos últimos meses, estão ainda mais evidentes.
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É fato que a novela gerou expectativas para a Globo – que apostou todas as fichas na superprodução – e o público, que correspondeu muito bem à nova versão. A comparação com o original da Manchete, de 1990, foi inevitável. Poucas adaptações foram feitas.
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Conflito desnecessário
Inúmeras críticas apareceram durante o decorrer da trama; muitas delas sobre o autor Bruno Luperi, considerado “pouco criativo” por “copiar e colar” o texto desenvolvido por seu avô Benedito Ruy Barbosa.
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Bruno, que alterou falas e situações – cortando, por exemplo, falas extremamente machistas –, afirmou que não pode alterar o enredo para agradar o espectador de hoje porque, em decorrência da pandemia, escreveu a novela praticamente toda antes da estreia.
O incômodo de quem acompanhou Pantanal se deu especialmente com a resoluções idênticas às de 1990 para tipos como Madeleine (Karine Teles) e Trindade (Gabriel Sater), que saíram da primeira versão por questões alheias ao roteiro.
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Outro conflito mantido por Luperi foi o da sela de prata de Joventino (Irandhir Santos). Chatíssimo! Guardada com honra pelo filho dele, José Leôncio (Marcos Palmeira), o objeto foi alvo de competições e brigas desnecessárias entre os membros do clã protagonista.
Assunto morreu durante a novela
Inicialmente, a sela de prata foi oferecida ao filho do casamento oficial, com Madeleine. Jove (Jesuíta Barbosa), que vivia longe da fazenda, recusou. Isso fez com Zé Leôncio criasse uma disputa entre os três herdeiros para a conquista do objeto de altíssimo valor sentimental.
Um dos grandes eventos da trama acabou esquecido durante o enredo, como consequência do desinteresse dos três irmãos pelo objeto. A impressão foi de que o plot só era lembrado para preencher capítulo.
José Lucas (também Irandhir) foi o primeiro a desistir; Jove, que chegou a tomar aulas para vencer a disputa, seguiu os passos do irmão mais velho. Assim, Tadeu (José Loreto) foi o único com real interesse no objeto e o grande merecedor, já que foi criado por José Leôncio em comitivas e afins.
Disputa no momento final
Em uma cena exibida no penúltimo capítulo, no ar na quinta-feira (6), Zé Leôncio promoveu a batalha pela sela de prata durante sua última comitiva. O fazendeiro se encheu de orgulho com a realização de seu último desejo; Tadeu surpreendeu, ao deixar os irmãos ganharem vantagem na corrida para só depois correr atrás do prêmio.
O fato da conclusão da disputa ter ficado para os “45 do segundo tempo” demonstra a falta de uma condução eficaz do entrecho, prometido desde as primeiras semanas de Pantanal.
Bruno Luperi, lamentavelmente, não contou com a resposta do público e se pautou pelo roteiro original, repetindo erros e tramas que, ao longo dos muitos meses da exibição original, perderam o rumo.