Estado terminal: como foram os últimos meses de vida de Betty Lago
11/11/2024 às 14h06
Periodicamente, uma musa das novelas brasileiras nos anos 90 e 2000 reaparece em alguma reprise ou trama resgatada. Um exemplo veio em novembro do ano passado, quando o Globoplay disponibilizou aos seus assinantes um dos grandes sucessos da teledramaturgia da Globo: Quatro por Quatro. Um dos principais destaques da trama foi Betty Lago, que nos deixou em 2015, após uma difícil batalha contra o câncer.
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Musa do autor Carlos Lombardi, Betty ganhou notoriedade com a elegância, o charme e a graça que emprestava para suas personagens.
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Betty Lago nasceu no Rio de Janeiro, em 24 de junho de 1955. Nos anos 1970, descoberta pelo fotógrafo Evandro Teixeira, enveredou pelas passarelas. Como modelo, passou por França, Itália e Estados Unidos.
Após 15 anos de atividade, Betty decidiu batalhar a carreira de atriz. A estreia foi como a sofisticada Natália, de Anos Rebeldes (1992), mãe da militante Heloísa (Cláudia Abreu). No ano seguinte, participou de Sex Appeal.
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A virada de Lago na TV veio com Quatro por Quatro (1994), assinada por Lombardi. O êxito como Abigail determinou a manutenção da parceria. A atriz esteve em outras obras do autor: Vira Lata (1996), Uga-Uga (2000), O Quinto dos Infernos (2002), Kubanacan (2003) e Pé na Jaca (2006).
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Sucesso em todos os canais
Versátil, Betty Lago enfrentou também tipos dramáticos, como a Sofia de O Amor Está no Ar (1997). Ela ainda foi apresentadora, por anos, de atrações do GNT, onde brilhou como uma das integrantes do Saia Justa, de 2005 a 2010, e jurada do Desafio da Beleza (2013), sua última empreitada na TV.
Em 2011, Betty assinou contrato com a Record e encarnou uma figura diferente das que estava habituada: a doméstica Marizete, de Vidas em Jogo. Foi durante este trabalho que ela descobriu o câncer.
Lago foi encaminhada à Clínica São Vicente, Rio de Janeiro, em fevereiro de 2012, para a realização de uma cirurgia na vesícula, após sentir fortes dores no abdômen. A assessoria logo informou a imprensa sobre o diagnóstico de câncer.
A descoberta do câncer
Betty Lago enfrentou altos e baixos durante os três anos de tratamento, sem nunca perder a esperança. Ela voltou à TV após Marizete para viver Stella em Pecado Mortal, folhetim que marcou a estreia de Carlos Lombardi na casa. A personagem saiu de cena antes do previsto, por conta da saúde debilitada da atriz. Foi sua última novela.
“Você tem medo de morrer? Tenho, mas não tenho. Você se dá ao direito de ter o medo, mas no fundo você não tem o medo. Essa é a nossa vida e a gente sabe que tudo é cíclico, entendeu? Então essa compreensão é muito importante”, afirmou ela em entrevista ao Domingo Espetacular.
Na mesma matéria, ela salientou que não queria despertar pena em ninguém:
“A gente tem muito mais força do que a gente imagina que tem. Porque às vezes as pessoas dizem: ‘Ah, eu não aguentaria um terço do que você aguenta’. Não quero nem mais conversar… Porque aquilo não é uma coisa legal de se ouvir, aquilo não me interessa. (…) Hoje eu me sinto muito mais fortalecida, muito mais dona de mim mesma, tenho muito mais controle do tratamento e do que está acontecendo”, disparou.
A partida de Betty Lago
A atriz foi submetida a uma cirurgia para retirada da vesícula, num procedimento considerado simples. No entanto, durante a operação, os médicos descobriram que o órgão da atriz estava comprometido e que o câncer havia chegado ao fígado.
Inicialmente, Betty fez 18 sessões de quimioterapia. Além de perder todo o cabelo, a artista sentiu as consequências do tratamento pesado. Mesmo assim, ela aparecia em público e fazia postagens nas redes sociais compartilhando os detalhes do tratamento. Posteriormente, foram realizadas mais seis semanas de quimioterapia, e ela tomou um medicamento que não deixava mais o cabelo cair.
Nas últimas semanas de vida, em estado terminal, ela fez um tratamento paliativo, apenas para amenizar o sofrimento causado pela doença. Os medicamentos que ela tomava provocavam confusão mental.
Infelizmente, após muita luta, Betty Lago faleceu na manhã de 13 de setembro de 2015, aos 60 anos, em seu apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi cremado no Cemitério Memorial do Carmo.
Antes de sua despedida, também em entrevista ao Domingo Espetacular, ela desabafou sobre a doença e a morte:
“Eu não sou uma pessoa doente. Sou uma pessoa que está fazendo um tratamento. Então se esse tratamento vai durar 4, 5, 10… E se amanhã eu morrer e falar sucumbiu ao câncer, não é verdade, não é isso. Ninguém morre na véspera. Você morreu porque tinha que morrer”.