Decisões de Silvio Santos por amizade ou gosto pessoal afundam o SBT
07/09/2022 às 14h45
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Recentemente, o SBT pegou a todos de surpresa ao anunciar o fim do programa Casos de Família, comandado por Christina Rocha. A atração, que quase sempre é a pior audiência do dia da emissora, sairia do ar já no 9 de setembro.
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Incapaz de segurar a boa audiência recebida de Esmeralda, que costuma ficar na faixa de 5 pontos, a combalida produção costuma derrubar os índices do canal para míseros 2 pontos. Em seu lugar, provavelmente seria exibida mais uma novela, que costuma ir bem nessa faixa.
No entanto, os planos mudaram no dia 1º, quando o dono do SBT manteve o programa na grade, mais uma vez errando ao passar por cima da decisão da direção artística da emissora, que raramente toma decisões tão acertadas como essa.
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Formato fechado
O Casos é uma atração de formato fechado, onde fica quase impossível criar algo em cima de sua estrutura já montada, que consiste em ouvir pessoas que reclamam de algum problema.
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Como se fosse pouco, após 18 anos no ar (antes era apresentado por Regina Volpato), o programa parece já ter explorado todas as possibilidades de histórias para contar e vem se repetindo cada vez mais. Toda semana são revezados temas como homossexualidade, mulheres vítimas de agressão ou que irão passar por algum tipo de transformação, homens que não querem trabalhar, pais que não aceitam os filhos ou casais ciumentos.
E todos já sabem o modos operandi da atração. Christina vai perguntar o que está acontecendo, não irá deixar o convidado falar, a plateia vai opinar, o problema não terá solução alguma e a psicóloga Anahy D’âmico trará o único momento de luz, com seu parecer da situação.
Ou seja, o produto se repete não somente nos temas, como no formato, nas resoluções, e os telespectadores parecem rejeitá-lo e não mais querer embarcar nas mesmas ladainhas de sempre, sem sentido e sem solução.
Pior que reprise de novela
A produção é tão repetitiva que é pior que reprise de novela, pois pelo menos os folhetins não repetem o mesmo capítulo toda semana, diferentemente do vespertino, que praticamente toda semana traz os mesmos temas em cartaz.
Falando em repetição, aliás, a própria apresentadora desabafou em entrevista que estava cansada de fazer a mesma coisa por tanto tempo e que agora poderia investir em um recomeço, saindo de sua zona de conforto, fora de um formato estritamente fechado.
Depois, ela mesma fez um vídeo comemorando a volta da atração, sob a justificativa furada de estratégia de programação, como se nada tivesse acontecido e que nunca tivesse praticamente comemorado o fim do programa. Como se não bastasse, ela ainda prometeu novidades.
Erro crasso
Foi um erro dos grandes manter o Casos de Família na programação. Ainda que a solução esteja longe de uma enxurrada de enlatados e reprises de novelas que, mais dia ou menos dia, também cansam o público, isso parecia uma decisão mais promissora a curto prazo.
Aliás, não se trata de um problema isolado, já que a grade toda do SBT sofre desse mesmo mal: produtos com data de validade vencida, mas que seguem no ar a mando de Silvio Santos, por amizade ou gosto pessoal. Esse tipo de privilégio, que sempre existiu na emissora, atrapalha demais o canal.
Enquanto isso, a programação cheira a mofo e parece ter parado nos anos 90, afugentando não somente o público, como os anunciantes. A grade da Band, hoje em dia a quarta colocada, por exemplo, transparece ser muito mais atual que a do canal de Silvio Santos.
No dia 1º, por exemplo, os intervalos do vespertino estavam tomados por anúncios de propaganda política e inserções apenas do Grupo Silvio Santos, como Tele Sena e Jequiti, mostrando não ser nenhum sucesso comercial. Ou seja, não resta nenhum motivo para defender a permanência do Casos de Família na grade.