Globo repete mesmo erro de Um Lugar ao Sol com Cara e Coragem
15/08/2022 às 19h30
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Novela das sete em exibição desde junho, Cara e Coragem ainda não tem a repercussão que merece. Os índices de audiência são satisfatórios – até o último sábado (13) foram 21,2 pontos contra 19,9 da antecessora Quanto Mais Vida, Melhor! (2021) considerando os mesmos 66 capítulos. A trama, contudo, não é das mais comentadas nas redes sociais, nem figura entre as mais procuradas em plataformas de busca ou streaming.
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O enredo de Cláudia Souto traz todos os elementos de uma boa trama. Há ali os imbróglios amorosos como o de Pat (Paolla Oliveira) e Moa (Marcelo Serrado), as intrigas familiares no entorno desses e de outros personagens, a química de duplas como Bob / Duarte (Kiko Mascarenhas) e Jéssica (Jeniffer Nascimento) e a denúncia quanto ao relacionamento abusivo de Lou (Vitória Bohn).
Divulgação equivocada
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Por outro lado, a narrativa em torno de Clarice Gusmão (Taís Araujo) e a morte misteriosa da empresária ainda soa confusa. É fato que o mistério é um dos elementos fundamentais de Cara e Coragem, mas, com as cartas ainda embaralhadas na mesa, talvez fosse o caso da Globo focar a divulgação – reforçada nestes últimos dias – em outros atrativos.
Desde a campanha de lançamento do folhetim, o canal apostou alto nas sequências de ação e suspense. Takes de Pat e Moa em uma aventura na floresta, à procura da pasta com a fórmula que interessa a mocinhos e vilões, foram exaustivamente repetidos. No ar, a sequência não durou mais do que dois capítulos. Outras tantas tramas se desenrolaram sem que as chamadas as promovessem.
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Cabe salientar que Cara e Coragem, assim como Além da Ilusão, também não goza do mesmo prestígio que Pantanal nas atrações da casa. Programas como Encontro com Patrícia Poeta, Mais Você, Caldeirão com Mion, Altas Horas, Pipoca da Ivete e Domingão com Huck ainda não fizeram bom uso do elenco e dos debates relativos à produção das sete.
É fato que a emissora sabe bem como a divulgação, quando equivocada, atrapalha o produto. Um Lugar ao Sol (2021), com chamadas que mal apresentavam as figuras criadas por Lícia Manzo e a falta de interação entre os envolvidos e os demais programas da grade, padeceu com o desprezo do público – agravado por questões alheias à estratégia de lançamento.
Cá entre nós
Voltando ao enredo, convém ressaltar que, para este colunista, o que há em torno da morte de Clarice e da disputa pela fórmula não desperta atenção. O universo de Cara e Coragem é delicioso! Os tipos são próximos do cotidiano de todos os brasileiros, cheios de afeto, dilemas e possibilidades. O que não vejo, lamentavelmente, no entrecho voltado para o mistério, a investigação e a vilania.
Danilo (Ricardo Pereira), aliás, cresce quando distante dos parceiros Leonardo (Ícaro Silva) e Regina (Mel Lisboa). Apesar do caráter sabidamente deturpado, o amor dele por Rebeca (Mariana Santos) e o afeto pelo enteado, Chiquinho (Guilherme Tavares), soam verdadeiros e mais interessantes do que os planos intricados que ele traça com os aliados. O mesmo serve para Regina quando próxima da mãe, Dagmar (Guida Viana).
Talvez com a elucidação do crime que disparou a narrativa de Cara e Coragem, os malvados da história ganhem força. Especialmente Leonardo, que ainda não disse a que veio – nem ofereceu boas oportunidades a Ícaro Silva, tão inexpressivo quanto o personagem até aqui. Como espectador, no momento, prefiro o outro lado da novela, que o público também precisa descobrir logo.