Confira entrevista com Marcos Bernstein e Fred Mayrink, autor e diretor artístico de Orgulho e Paixão
01/03/2018 às 18h30
Março é mês de estreia na Globo! A partir do dia 20, Orgulho e Paixão ocupa a faixa das 18h, hoje a cargo de Tempo de Amar. A trama é de Marcos Bernstein, com direção artística de Fred Mayrink. A emissora divulgou hoje (1°) uma breve entrevista com os dois responsáveis por seu novo folhetim. Confira abaixo!
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Marcos Bernstein é natural do Rio de Janeiro, diretor, roteirista de filmes e autor de novelas, Marcos Bernstein acumula ao todo mais de 26 anos na carreira artística. Com uma trajetória de sucesso no cinema com longas como Faroeste Caboclo, Chico Xavier, Meu Pé de Laranja Lima, Terra Estrangeira e Central do Brasil, Bernstein se prepara para estrear sua segunda novela autoral na Globo.
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Como surgiu a ideia desse projeto?
Eu sempre gostei muito do universo da Jane Austen por ser muito encantador e ter bem enunciado a poesia de como as pessoas se relacionam. Todo esse jeito de se comunicar e trazer o romance em primeiro plano me lembra bastante o universo da dramaturgia diária e, sobretudo, uma trama das seis. ‘Orgulho e Paixão’ é uma novela que tem uma vocação romântica, que parte da história desta mãe que busca casar suas cinco filhas de qualquer jeito, e como o próprio nome da novela diz, toda a trama se desenrola com muita paixão, romance, humor, leveza e graça.
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Quais obras da Jane Austen inspiraram a novela?
Na verdade, a novela tem seus personagens inspirados no universo da autora inglesa. E dentro do raciocínio de trazer essa linguagem da literatura para a dramaturgia, eu comecei a pensar de quais obras da Jane Austen eu poderia beber na fonte. Pensei logo em ‘Orgulho e Preconceito’, que foi a primeira grande trama que eu busquei como ponto de partida para contar essa história. A partir da trama da mãe que busca casar as cinco filhas, de ‘Orgulho e Preconceito’, eu pude me permitir criar da minha maneira. Duas das cinco filhas são personagens de outro romance da escritora. Mariana e Cecília foram inspiradas em ‘Razão e Sensibilidade’ e ‘Abadia de Northanger’, respectivamente. Temos também a personagem da Susana, que me inspirei em um breve romance da Jane, chamado ‘Lady Susan’, que é uma mulher misteriosa e ardilosa, tudo a ver com a nossa vilã. Para trazer um clima de mistério à novela, eu incluí também o ambiente da mansão ‘A Abadia de Northanger’. A governanta é Fani (Tammy di Calafiori), que vem apresentando esse suspense, e também elementos da novela ‘Mansfeld Park’, que é um dos meus ingredientes em Orgulho e Paixão. Enfim, além de me inspirar nos personagens da Jane Austen, eu me permiti mergulhar nessa fonte e criar personagens originais, porém vindos deste mesmo universo, com este mesmo perfume de romance, comédia e leveza.
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A novela tem personagens femininas muito marcantes, como você vê a presença das mulheres dentro da trama?
A novela traz a mulher do início do século XX no plano principal, mas com questionamentos que são universais e atemporais. A personagem da Elisabeta, por exemplo, poderia ser naturalmente uma mulher dos dias atuais, que busca seu lugar no mundo, independente do seu estado civil. Ou então, a personagem da Julieta (Gabriela Duarte), uma mulher empoderada que foi à luta, criou o filho sem pai e abriu a própria empresa, sem a presença masculina em sua vida. Na nossa novela, nós brincamos um pouco com isso. Não é a minha intenção colocar esses questionamentos em uma forma de manifesto, porém os temas de ontem acabam se misturando com a atualidade. Trazer isso para a tela com leveza e naturalidade é um grande desafio.
A história da novela parte da família Benedito: pai, mãe e suas filhas. Como foi chegar em Vera Holtz e Tato Gabus para os papeis?
Fomos muito felizes na escalação do elenco, desde os personagens do núcleo do Vale do Café e da Família Benedito, como o casal protagonista. Vera Holtz, que interpreta a Ofélia, traz o humor e astral sempre para cima. A novela pede isso, essa vibração intensa que a Vera nos traz. Em paralelo temos também o Tato Gabus Mendes interpretando o Felisberto Benedito, concentrado e econômico no seu gestual e palavras, puxando a Vera para a sensatez, o que eu acho genial.
Como Orgulho e Paixão deve se apresentar ao público?
A ideia é construir todas as tramas com muito dinamismo para que o público possa receber uma trama vibrante e cheia de energia, com romance, humor, muita aventura, e uma pitadinha de drama.
* * *
Fred Mayrink, que está há 32 anos na Globo, começou a sua carreira como ator aos 11 anos, em Bambolê (1987). Depois fez outros trabalhos, como Vamp (1991), Despedida de Solteiro (1992) e Malhação (1996/1998). Após quase 10 anos atuando nas telas da Globo, passou a trabalhar por trás das câmeras. Ao longo de sua carreira de diretor, Fred Mayrink assinou a direção de mais de 10 novelas, como Chocolate com Pimenta (2003), Cabocla (2004), Alma Gêmea (2005), Páginas da Vida (2006), Sete Pecados (2007), Viver a Vida (2010), Araguaia (2011), Salve Jorge (2012), Alto Astral (2014), Haja Coração (2016). Como diretor artístico, Orgulho e Paixão é a segunda novela de Fred. Duas novelas em que ele integrou a equipe de direção, Caminho das Índias (2009) e O Astro (2011), ganharam o prêmio Emmy Internacional.
Fazer novela de época tem um sabor diferente?
Eu já fiz três novelas de época, e esse é o quarto trabalho. Eu adoro! Acho que é uma chance de romper o olhar para um espaço, uma fatia de tempo que você não está vivendo. Podemos lidar de uma maneira diferente com o romantismo, a vilania pode ser trazida em um tom diferenciado. No mundo em que vivemos, em que ninguém tem tempo para mais nada, muita coisa bonita se perdeu. Por isso a novela de época nos brinda com esse ambiente romântico, suave, onde havia tempo, e a ocupação desse tempo era diferente, quase encantador. Por exemplo, para os namorados se comunicarem eles tinham que mandar cartas, que demoravam meses para chegar. Ou então, para você falar com alguém próximo, você tinha que pegar um cavalo para ir ao encontro desse alguém. Falar sobre esse universo todo e vivenciar isso nas cenas é muito interessante, e me deixa muito feliz.
Qual é o grande desafio para contar essa história de Orgulho e Paixão?
Para mim, o grande desafio para todas as novelas é conseguir estabelecer um diálogo com o público, fazendo ele se emocionar e vibrar. Em especial neste momento que estamos vivendo, tão agitado, tão movimentado com nossas mazelas econômicas e políticas. Trazer uma novela que fala de amor, que nos brinda com a beleza das paisagens, com uma trama leve e extremamente agradável se torna um banquete aos olhos do público.
Como está sendo trabalhar em conjunto com Marcos Bernstein?
A parceria com o Marcos Bernstein está sendo muito importante. Esse trabalho compartilhado traz frutos ótimos. Às vezes eu posso ter uma linha de raciocínio que me leva para um caminho, mas o Marcos, como autor, vem e me mostra outras possibilidades. É muito bom contar com ele. Dentro desse jogo de xadrez, nós atingimos um resultado maravilhoso e surpreendente.
Nos bastidores, o elenco diz que você é um ‘diretor de ator’. Como é ser esse diretor?
Na minha carreira eu tive a oportunidade de adquirir uma formação muito sólida, pois comecei aos nove anos como ator de teatro. Ao longo desses trinta e poucos anos de experiência, o meu contato com o trabalho do ator foi se intensificando. Esse é um espaço que eu transito com muito respeito e conforto, e acho que isso deixa o elenco muito seguro, pois eles sabem que podem encontrar em mim alguém que entende do processo como um todo. Se vejo um ator com dificuldade, eu consigo apontar um caminho. Então, durante esse processo de trabalho em direção de novelas, veio a descoberta da direção na parte técnica e no movimento estético de um olhar mais criterioso meu como diretor. No entanto, eu acredito que a base mais importante disso tudo é a emoção. É dela que vem o trabalho dos atores. Por isso sou tão cuidadoso na direção do elenco, porque acredito que um ator bem dirigido em cena, com a emoção certa, seja ela qual for, pode ser capaz de te transportar para outro lugar. É o que te toca efetivamente. A estética de uma novela é como a embalagem de um presente, mas o presente é o ator e o personagem que ele interpreta.