Novela reprisada pela Record contraria atual momento da emissora

06/08/2022 às 14h26

Por: André Santana

Dias atrás, a reprise de Chamas da Vida (2008), exibida nas tardes da Record, levantou uma discussão polêmica. A adolescente Vivi (Letícia Colin) descobria estar grávida de Lipe (André Di Mauro), que a estuprou, e decidia interromper a gestação.

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Chamas da Vida

Coincidentemente, a reapresentação da novela de Cristianne Fridman enfocou esta temática no momento em que o país tem se debruçado sobre o assunto.

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Recentes casos envolvendo jovens que engravidaram após serem violentadas, como a menina de 11 anos impedida por uma juíza de interromper uma gravidez decorrente de violência, ou o episódio com a atriz Klara Castanho, que entregou o bebê para a adoção legal após ser estuprada, jogaram luz sobre o tema e fomentaram o debate.

Chamas da Vida

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Na trama, exibida originalmente em 2008, Lipe é um pedófilo que se aproxima de suas vítimas por meio da internet. Ele ganha a confiança de jovens e se aproveita disso para estuprá-las.

Vivi é uma das vítimas do bandido. A jovem começa a conversar com Lipe pela internet, aceita se encontrar com ele, mas acaba sendo violentada numa floresta. A situação, traumática, fica ainda pior quando ela descobre que está grávida de seu estuprador.

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Amparo da Justiça

Chamas da Vida

Ao descobrir a gravidez, Vivi fica profundamente abalada. Ela pensa muito sobre o que deve fazer, e acaba chegando à conclusão de que não conseguirá levar adiante esta gestação. Ela não consegue conceber a ideia de que está gerando um filho do homem que a violentou.

Assim, a adolescente conversa com seu irmão, Pedro (Leonardo Brício), e conta que decidiu interromper a gravidez. O bombeiro fica ao lado da irmã, apoiando-a totalmente em sua decisão. Pedro, então, procura a advogada Roseclair (Stela Freitas) e pede que ela tome todas as providências para realizar o procedimento.

Vivi ainda sofrerá mais um pouco, pois Lipe ressurgirá na vida da garota e exigirá que ela tenha o seu filho. No entanto, o procedimento será levado adiante. Com isso, Chamas da Vida ensina o espectador que o aborto é permitido no Brasil em caso de violência sexual.

Antes e depois

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A abordagem do aborto legal em Chamas da Vida chama a atenção justamente por se tratar de uma novela da Record, emissora ligada à Igreja Universal do Reino de Deus. Isso mostra que a dramaturgia do canal já teve uma fase “mais livre” das amarras da religião.

Algo que, claramente, não acontece hoje. A emissora, mais do que nunca, usa a sua dramaturgia para fazer panfletagem da igreja, sem espaço para debates como este. O canal exibiu Todas as Garotas em Mim, que mostra a relação de uma jovem com a Bíblia, e também reprisa Amor Sem Igual (2019), que conta a história de uma prostituta que “se salva” ao ir para a igreja.

Ou seja, na atual Record, uma discussão como a levantada por Chamas da Vida parece já não ter espaço. Apesar do atual “regimento”, a emissora tem levado a discussão sobre o aborto legal de Vivi adiante, sem cortes grosseiros.

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