Versão pouco conhecida de O Cravo e a Rosa foi perdida para sempre
28/06/2022 às 13h41
Pode-se dizer que O Cravo e a Rosa era o remake de um remake de uma novela de Ivani Ribeiro. Em 1965, a autora emplacou na TV Excelsior a novela A Indomável, que contava a história de amor de Petruchio (Edson França) e Catarina (Aracy Cardoso). O primeiro é um homem rude, que se vê tendo que conquistar a segunda, uma mulher de ideias feministas e avessa à ideia de casamento.
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Catarina passou a vida espantando qualquer pretendente que aparecia em sua vida. Mas Petruchio aceita o desafio de “domá-la”, já que este casamento lhe garantirá pagar uma dívida e assegurar suas terras.
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Parece familiar? Sim, A Indomável conta praticamente a mesma história de O Cravo e a Rosa, trama de Walcyr Carrasco e Mário Teixeira que atualmente é reprisada pela Globo. A semelhança se dá porque as duas tramas têm como base a peça A Megera Domada, de William Shakespeare.
Primeira versão
A Indomável é a primeira adaptação de A Megera Domada na TV brasileira. A trama ficou no ar entre março e abril de 1965, exibida na faixa das 19h30 da TV Excelsior. Teve apenas 36 capítulos.
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De acordo com o site Teledramaturgia, do nosso colunista Nilson Xavier, a autora Ivani Ribeiro manteve o tom cômico da peça ao folhetim, o que fez de A Indomável uma novela bem-humorada. Isso era uma novidade na teledramaturgia brasileira.
Walter Avancini, diretor de O Cravo e a Rosa na Globo, também foi o diretor desta primeira adaptação de A Megera Domada. Seu trabalho foi reconhecido com um Troféu Imprensa de melhor diretor de novelas de 1965.
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Infelizmente, essa versão foi perdida para sempre, já que não restam arquivos de produções da TV Excelsior. As fitas foram perdidas em incêndios, reaproveitadas ou, como a emissora faliu, simplesmente sumiram.
Segunda versão
Em 1974, Ivani Ribeiro propôs uma nova versão de A Indomável para a TV Tupi. Surgia, então, O Machão, trama da faixa das 20h30 que trazia Antonio Fagundes como Petruchio, e Maria Izabel de Lizandra como Catarina.
No entanto, Ivani deixou o texto da trama ao ser convocada pela emissora para reestruturar o horário das sete, e O Machão foi assumido por Sérgio Jockyman. O novo autor deixou a novela ainda mais bem-humorada, tornando-a um grande sucesso. O Machão teve 317 capítulos.
Terceira versão
Para criar O Cravo e a Rosa, Walcyr Carrasco se inspirou na peça de Shakespeare e na obra de Ivani Ribeiro. A trama da Globo aproveitou vários elementos de O Machão, mas também reinventou alguns núcleos e personagens. Por isso, Carrasco rejeitou o rótulo de remake em sua produção.
“Era para ser um remake da obra de Ivani, mas, infelizmente, quando fomos recuperar o texto, só encontramos 30 capítulos. O resto se perdeu. Então decidi usar apenas a ideia central da trama, que é baseada em William Shakespeare, e acabei criando uma novela quase toda”, contou Walcyr Carrasco à Folha de S. Paulo, em setembro de 2000.
Assim como nas versões anteriores, a nova versão, encabeçada por Adriana Esteves e Eduardo Moscovis, foi um grande sucesso do horário das seis da Globo. Tanto que já foi reapresentada quatro vezes – três vezes na Globo e uma no Viva.