Autor errou feio ao manter morte de Madeleine no remake de Pantanal

23/05/2022 às 8h00

Por: Sergio Santos
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Zamenza

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O remake de Pantanal vem sendo muito bem adaptado por Bruno Luperi. O autor vem honrando a obra de sucesso de Benedito Ruy Barbosa, seu avô, exibida em 1990 na Rede Manchete. As alterações na história são sutis, o que até facilita as comparações com a versão original através de vídeos na internet. Justamente por não ter optado em maiores mudanças que o escritor manteve a morte de Madeleine no enredo 32 anos depois. E foi aí que errou feio.

Pantanal

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Após ter protagonizado discussões com Irma (Camila Morgado) e Mariana (Selma Egrei) no Rio de Janeiro, a mãe de Jove (Jesuíta Barbosa) morreu em um trágico acidente. A personagem entrou em um avião de pequeno porte e foi atrás de José Leôncio (Marcos Palmeira).

Arrependida de ter largado aquela vida há 20 anos, Madeleine tentou fazer as pazes com o filho e ainda se reconciliar com o ex. Mas o tempo ruim provocou a queda do avião, que não deixou sobreviventes. A cena foi muito bem realizada e Karine deu um banho de emoção com a personagem fazendo um breve retrospecto sobre sua vida.

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Autor magoado

Pantanal

Em 1990, foi exatamente a tragédia que encerrou o ciclo da ricaça. Porém, não era o plano de Benedito Ruy Barbosa. O autor queria que Madeleine sobrevivesse ao acidente graças ao Velho do Rio (vivido por Cláudio Marzo na época e por Osmar Prado atualmente). E seria uma virada incrível para a personagem que sempre teve uma vida de futilidades. O objetivo era expor o descobrimento de uma nova vida, assim como ocorreu com Joventino no Pantanal, com um outro olhar.

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Mas Ítala Nandi, intérprete de Madeleine, pediu para sair da novela porque já tinha acertado sua participação em um filme. A atriz recentemente em uma entrevista ao Jornal Extra, do RJ, chegou a dizer que até hoje o autor guarda mágoa dela.

Ao manter o trágico desfecho, Bruno Luperi perde a chance de inserir um diferencial em seu remake e finalmente concluir o que seu avô tinha planejado há 32 anos.

Mudança inesquecível

Éramos Seis

No remake de Éramos Seis, em 2019, por exemplo, Ângela Chaves manteve toda a estrutura da trama de Silvio de Abreu e Rubens Edwald Filho, mas o final de Dona Lola (Glória Pires) não foi sozinha, abandonada pelos filhos. Foi ao lado de seu grande amor, Seu Afonso (Cássio Gabus Mendes), e em um novo arranjo familiar. Uma mudança que jamais será esquecida.

Assim como aconteceu no folhetim das seis, o público poderia ter algo para lembrar da adaptação de Pantanal: a versão que Madeleine não morre e tem um final feliz. Até porque a filha de Mariana (Selma Egrei) nunca foi uma vilã que merecesse ‘punição’.

Aliás, o autor foi feliz na adaptação que fez na vida da personagem. Em 1990, era uma perua que não fazia nada da vida. Em 2022, virou uma influencer, o que fez todo sentido com a época atual. Mas a mãe de Jove fingia uma felicidade que nunca teve.

Egoísta e mimada, a ex de Leôncio só se importava com ela mesma, mas nem assim tinha prazer. Sua vida era vazia. E não deixa de ser algo bastante real na vida de muitos dos ‘influencers’ que vendem uma vida perfeita nas redes. A trajetória de Madeleine seria muito mais impactante se tivesse sido salva pelo Velho do Rio e encarasse uma nova realidade por conta da experiência traumática de uma quase morte.

Auge da carreira

Karine Teles

A saída de Karine Teles é outra infeliz questão oriunda da decisão do autor. A atriz lembrava Bruna Linzmeyer em várias cenas e a semelhança das duas impressionava. Foi o perfil que representou a passagem de tempo de 20 anos da forma mais crível da trama. E como a personagem só tinha amadurecido por fora e não por dentro, os trejeitos vistos na primeira fase com Bruna ficavam ainda mais explícitos com Karine.

Premiada no cinema (sua atuação em Que Horas Ela Volta? e Benzinho é irretocável) e no teatro, a intérprete vivia seu melhor momento na televisão, após pequenas participações em novelas e séries. Suas sequências com Selma Egrei, Camila Morgado e Jesuíta Barbosa eram ótimas e a parceria com Silvero Pereira, embora breve, funcionou.

A morte de Madeleine é o primeiro grande equívoco do remake de Pantanal. Bruno Luperi deixou escapar a oportunidade de imprimir algo marcante e diferenciado na obra, sem prejudicar o conjunto tão bem elaborado por seu avô. Ainda perdeu Karine Teles, que abrilhantava o elenco. Pena.

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