Briga de atriz, audiência morna e mais: 10 curiosidades de A Favorita
06/11/2024 às 12h24
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O Vale a Pena Ver de Novo estreou a reprise da novela A Favorita, de João Emanuel Carneiro, originalmente exibida entre junho de 2008 e janeiro de 2009.
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Uma das mais lembradas e pedidas pelo público, a novela nunca havia sido reprisada, mas já estava disponível no Globoplay, na íntegra.
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Estreante às 9
Depois de emplacar dois sucessos no horário das 19 horas (Da Cor do Pecado e Cobras e Lagartos), João Emanuel Carneiro entrava para o seleto grupo dos que escrevem para o horário mais nobre da TV Globo.
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Apesar dos problemas pelos quais passou sua novela, o autor estreou às nove em grande estilo, conquistando o respeito da crítica e de demais colegas de profissão. Hoje A Favorita é considerada uma das melhores novelas da história da emissora.
Inspirada em filme
Estrelada por Patrícia Pillar e Cláudia Raia, A Favorita lembrava bastante, em sua trama central, o filme americano Deixe-me Viver (de 2002), protagonizado por Michelle Pfeiffer e Renée Zellweger.
Na história, as duas passam a disputar o amor de Astrid (Alison Lohman), filha de Ingrid, personagem de Michelle, que é presa após assassinar o marido.
Audiência morna
A estreia de A Favorita (em 2 de junho de 2008) obteve a pior audiência de uma novela da Globo das 21 horas até então: média de 35 pontos no Ibope da Grande SP. Entre as explicações, a concorrência com a Record TV, que passava por uma boa fase na dramaturgia.
Para prejudicar a estreia da nova trama global, a Record antecipou (com grande estardalhaço) para as 20h40 a apresentação do último capítulo de sua novela Os Mutantes, Caminhos do Coração (anteriormente exibida às 22 horas). Este último capítulo conseguiu uma média de 23 pontos no Ibope da Grande São Paulo.
O fato é que A Favorita custou para “pegar”. A novela ganhou novo fôlego com a revelação de que Flora era a assassina, fazendo assim com que a personagem-vilã cativasse finalmente a audiência – enquanto a novela concorrente da Record (Os Mutantes) derrocava no Ibope.
Mesmo com o sucesso alcançado em sua segunda metade, A Favorita não conseguiu escapar de uma desagradável média geral no Ibope, quando comparada com outras tramas da emissora no horário: média de 39,4 pontos na Grande São Paulo.
Reviravolta na trama
O autor chamou a atenção do público ao revelar o grande segredo da novela bem antes de seu término, provocando desta forma uma reviravolta na trama. Assim, no capítulo 56, exibido em 05/08/2008, descobriu-se que Flora era a assassina da história.
Este fato desencadeou novos mistérios e novos entrechos. E o capítulo bateu seu próprio recorde até então: chegou aos 46 pontos de média no Ibope da Grande SP, com uma participação de 65%.
A interpretação e o carisma de Patrícia Pillar, aliados aos ótimos texto e direção, foram os responsáveis pela alavancada da novela.
Subverteu o folhetim
A novela valeu pelo mérito de ter subvertido o esquema folhetinesco vigente. Em vez de uma história de amor com um casal romântico central, uma história policial com uma protagonista e uma antagonista, em detrimento do casal romântico, receita replicada nas novelas seguintes do autor.
Não faltaram elogios ao ritmo alucinante da trama, com ótimos ganchos e muitos acontecimentos em cada capítulo, o que deixou a novela sem a famosa barriga – aquela fase pela qual geralmente passam as novelas, no meio da história, em que nada acontece.
No entanto, foram criticadas as tramas paralelas, sem nenhuma conexão com a trama central, a maioria dispensáveis – o que também é uma marca das novelas de João Emanuel Carneiro.
Beijinho Doce
A antiga canção “Beijinho Doce”, de Nhô Pai, hit maior da fictícia dupla sertaneja da novela, Faísca e Espoleta (Cláudia Raia e Patrícia Pillar), fez tanto sucesso que ganhou remixes na internet, com batidas pop, dance e funk, e a inclusão de frases e bordões marcantes de Flora.
Tanto Donatela quanto Flora popularizaram a música, cantando-a em várias cenas da novela.
Briga de atriz e diretor
Em seu livro “Sempre Raia um Novo Dia” (escrito com Rosana Hermann), Cláudia Raia relata os desentendimentos com o diretor geral Ricardo Waddington, que queria que ela mudasse a interpretação de sua personagem, contrariando o previamente concordado.
“Ele me pediu desculpas diante de todos (…), a temperatura baixou, criamos uma ponta, e acabou tudo em amor”.
Abertura icônica
A abertura fez sucesso, tanto pelas imagens – uma animação em cores vibrantes que contava a trama central da novela – quanto pela música-tema, o tango eletrônico “Pá Bailar”, gravado pelo grupo de músicos argentinos e uruguaios Bajofondo.
As ilustrações da abertura são uma releitura dos cartazes de cinema das décadas de 1940 e 1950, chapados e com figuras recortadas. O próprio João Emanuel Carneiro criou o roteiro da animação. O designer gráfico Hans Donner, o ilustrador Gustavo Garnier e o especialista em computação gráfica Alexandre Romano e sua equipe levaram um mês e meio para executar o projeto.
Na abertura, a trajetória das protagonistas é relatada com a tela dividida ao meio, tendo no lado esquerdo a figura de uma mulher pintada de preto e, no direito, uma mulher pintada de branco. À medida que a historinha se desenrola, fica claro que a mulher do lado esquerdo representa Flora e a do direito, Donatela. As duas aparecem ainda crianças, brincando juntas, depois, como dupla sertaneja, até que se separam.
No momento seguinte, um homem surge dividido entre as duas mulheres, que discutem. Após um tiro, o homem cai e Flora é levada para a cadeia, enquanto no lado direito Donatela brinca com uma criança (a filha de Flora que ela pega para criar). Por fim, a garota aparece dividida por suas duas mães, a biológica e a de criação.
Novela premiada
Por A Favorita, João Emanuel Carneiro foi eleito pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) o melhor roteirista de televisão em 2008, e Patrícia Pillar, a melhor atriz.
A novela foi também premiada com o Troféu Imprensa de melhor do ano, melhor ator (para Murilo Benício e Cauã Reymond) e melhor atriz (para Patrícia Pillar).
Mercado internacional
Para o mercado internacional, a vilã e a mocinha de A Favorita são conhecidas desde o começo. Para comercializar a novela nos mercados acostumados aos novelões, a Globo resumiu a reviravolta total no folhetim, que aqui só se deu no capítulo 56.
A emissora temia que a estratégia do autor – que no meio da história praticamente iniciou outra trama ao revelar que Flora era a vilã, e não a coitadinha – não fosse compreendida pelos telespectadores latinos, desde sempre consumidores da teledramaturgia clássica e maniqueísta.
Para tanto, em sua embalagem internacional, A Favorita perdeu cerca de 50 de seus 197 capítulos, boa parte deles da fase em que o público acreditava ainda que a megera era Donatela. Com isso, a distância entre a apresentação da história e a reviravolta do bem e do mal foi encurtada.
AQUI tem tudo sobre A Favorita: trama, elenco completo, personagens, trilha sonora e mais curiosidades.