Aposta ousada: os motivos que fizeram a Globo finalmente reprisar A Favorita

03/05/2022 às 9h18

Por: Duh Secco
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Duh Secco

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A Favorita (2008) é a substituta de O Clone (2001) em Vale a Pena Ver de Novo. O anúncio oficial saiu nesta segunda-feira (2), na transição do Mais Você de Ana Maria Braga para o Encontro com Fátima Bernardes, duas semanas antes do dia marcado para o retorno da novela de João Emanuel Carneiro, 16.

A Favorita

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Clássico da TV brasileira, A Favorita caiu no gosto popular após o autor elucidar o mistério sobre a mocinha e a vilã da trama. No “primeiro ato”, Flora (Patricia Pillar) e Donatela (Claudia Raia) trocaram acusações e golpes, uma buscando empurrar para a outra a culpa pelo assassinato de Marcelo (Deco Mansilha / Flávio Tolezani).

O tom pesou após a revelação, de ofensas verbais a assassinatos com requintes de crueldade. O relacionamento da malvada com os pais de Marcelo, Irene (Glória Menezes) e Gonçalo (Mauro Mendonça), incluía adjetivos como “anta histórica” e simulações de crimes, com sangue de animais nas paredes da mansão dos Fontini.

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A Favorita

A produção, conduzida pelo diretor de núcleo Ricardo Waddington – hoje à frente do Entretenimento da Globo –, fez brilhar Patrícia, Claudia, Glória e Mauro, além de Ary Fontoura (Silveirinha), Cauã Reymond (Halley), Mariana Ximenes (Lara) e Murilo Benício (Dodi), diretamente envolvidos com o núcleo central.

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Tais elementos credenciaram A Favorita para o Vale a Pena Ver de Novo. Mas a Classificação Indicativa sempre colocou-se como empecilho, mesmo após a mudança que dissociou a faixa etária recomendada para o produto do horário de exibição. O título voltou às análises da Globo recentemente…

Por que não Salve Jorge ou Amor à Vida?

A Favorita

Bem-sucedida no streaming, tendo sido a escolhida para a estreia do Projeto Resgate do Globoplay, A Favorita ganha reprise na TV aberta após a decisão da emissora de reservar o ‘Vale a Pena’ para obras exibidas originalmente às 21h. Folhetins das seis e das sete serão encaixados na faixa de O Cravo e a Rosa (2000).

A divisão deixou a clássica sessão de reprises sem opções. As novelas da nove de maior êxito dos últimos anos já foram reapresentadas ou estão “impossibilitadas” por questões de grade.

Amor à Vida

Tramas assinadas por Gloria Perez e Walcyr Carrasco foram descartadas de imediato devido a presença deles em outros horários – e mídias, como o Canal VIVA. Produções mais antigas esbarram na qualidade técnica.

Diante deste cenário, a Globo resolveu arriscar. A Favorita não foi um fenômeno de audiência. A narrativa proposta por João Emanuel, talvez ousada demais para a época, esbarrou no êxito de Os Mutantes – Caminhos do Coração, enredo maniqueísta que a Record encaixou às 21h para prejudicar a então concorrente.

Vai bombar ou vai flopar?

Iran Malfitano em A Favorita

É bem provável que, de início, o novo cartaz do Vale a Pena Ver de Novo enfrente o mesmo percalço da exibição original. A jornada da mocinha em busca de justiça e da retomada de tudo o que a vilã lhe roubou, após a virada, é mais “afinada” com o público da faixa – majoritariamente feminino, acima dos 50 anos.

A Favorita também traz estórias paralelas que pouco agregam ao conflito central. A “cura gay” de Orlandinho (Iran Malfitano), as queixas da “pobre menina rica” Alícia (Taís Araujo), os devaneios de Augusto César (José Mayer) e as traições de Dedina (Helena Ranaldi) padecem com desenvolvimentos irregulares.

A Favorita

Neste ponto, destaque positivo para Catarina (Lilia Cabral), vítima de violência doméstica que desperta o interesse do verdureiro Vanderlei (Alexandre Nero) e da vizinha Stela (Paula Burlamaqui). Também Iolanda (Suzana Faini), que passa a vida maldizendo a paixão do marido Copola (Tarcísio Meira) por Irene.

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A edição pode prejudicar A Favorita caso não enxugue o necessário, repetindo o erro de Celebridade (2003), veiculada praticamente na íntegra em seus primeiros meses e mutilada justamente quando apresentava o que tinha de melhor por conta dos índices de audiência aquém das expectativas do canal.

Há ainda o temor quanto às cenas pesadas. Em O Clone, os primeiros contatos de Mel (Débora Falabella) com as drogas foram suprimidos. No caso de A Favorita, a Globo terá de ter peito para bancar tal qual fez com Avenida Brasil (2012), aplicando restrições apenas em sequências de violência extrema.

Vale conferir

A Favorita

Em meio às suposições, é louvável que a Globo tenha optado por um título nunca reprisado. Nos últimos tempos, a emissora apostou no óbvio. Ir além do já testado e aprovado também é necessário.

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A Favorita não deixa de ser uma aposta ousada, que, com a merecida atenção, tende a dar certo – especialmente em números, como a rede espera, embalando o horário nobre.

Vale a pena, sim, ver de novo.

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