Pantanal e Xica da Silva se salvaram: 5 equívocos de canal que faliu
14/04/2022 às 20h00
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A TV Manchete foi uma emissora que deixou muitas saudades, guardada com carinho na memória de inúmeros telemaníacos. Foram apenas 16 anos no ar: de junho de 1983 a maio 1999. O suficiente para torná-la uma das emissoras mais cultuadas de nossa televisão.
Entre as novelas, algumas entraram para a história: Dona Beija, com a nudez de Maitê Proença (1986), a novela-reportagem Corpo Santo (1987), Kananga do Japão (1989), Pantanal, com a fórmula erotismo-fantasia-natureza (1990), a novela itinerante A História de Ana Raio e Zé Trovão (1991) e a ousada Xica da Silva (1996-1997).
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Por outro lado, outros títulos, entre novelas e minisséries, deixaram a desejar, ajudando a afundar ainda mais a emissora na crise que a levou a fechar as suas portas em 1999, encerrando suas atividades.
Relaciono abaixo 5 desses títulos “problemáticos”. Confira:
LEIA TAMBÉM:
● Não merecia: rumo de personagem desrespeita atriz de Mania de Você
● Sucesso da reprise de Alma Gêmea mostra que Globo não aprendeu a lição
● Reviravolta: Globo muda rumo da maior tradição do Natal brasileiro
O Fantasma da Ópera (1991)
Última das minisséries da TV Manchete produzidas no período de 1990-1991 (de um total de 11 títulos). Foi feita “nas coxas”, para a emissora ter tempo de produzir os difíceis capítulos iniciais de sua próxima atração, a novela Amazônia.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
De acordo com Ismael Fernandes, no livro “Memória da Telenovela Brasileira”: “O resultado foi melancólico, sem brilho. Uma boa e feliz ideia desperdiçada”.
Amazônia (1991-1992)
A Manchete, que vinha bem com o sucesso de Pantanal e ainda não tinha se decepcionado completamente com A História de Ana Raio e Zé Trovão, lançou-se nessa produção dispendiosa.
Embora fossem tamanhos os esforços para colocar Amazônia no ar e a divulgar a sua estreia, a novela não passou de um grande decepção para a emissora, com audiência muito abaixo da esperada e repercussão praticamente nula.
Para recuperar a audiência perdida e compensar prejuízos, a partir do capítulo 43, a trama original teve um fim, e, com o mesmo elenco, entrou no ar Amazônia, Parte 2. Contudo, não houve jeito: a novela firmou-se como um dos maiores fracassos da TV Manchete e contribuiu bastante para o agravamento da crise da emissora.
Antônio Maria (1985)
Primeira novela da emissora, em uma parceria com a RTP (Rádio e Televisão Portuguesa), remake do sucesso da TV Tupi, de 1968. Novamente, Geraldo Vietri dirigia a obra que escreveu para a Tupi.
Dessa vez, não houve sucesso. O erro maior foi exibir o protagonista (vivido pelo ator português Sinde Felipe) em Portugal no primeiro capítulo, mostrando um Antônio Maria milionário fugindo de uma mulher apaixonada e possessiva, eliminando assim o grande segredo da trama e o seu maior charme.
De acordo com, o livro “Biografia da Televisão Brasileira”, de Flávio Ricco e José Armando Vannucci:
“Antônio Maria teve uma produção equivocada, muitos artistas reclamaram das condições de trabalho e da falta de paciência do autor, e a audiência não atingiu a meta estabelecida”.
Olho por Olho (1988)
Obscura novela que procurou emular o clima da bem-sucedida Corpo Santo, do ano anterior, com o mesmo tema, contando, mais uma vez, com a cancha de José Louzeiro em um roteiro com clima policial abordando a marginalidade carioca.
Porém, infelizmente, nem sempre boas ideias resultam em boas telenovelas. O entra, sai e volta de autores tentou contornar os problemas. Em vão.
O argumento era de Wilson Aguiar Filho, que largou a novela nas mãos de José Louzeiro e foi para a Globo. Geraldo Carneiro foi colaborador de Louzeiro, mas não ficou até o fim: foi substituído por Leila Miccolis e Wilson Aguiar Filho, que – vejam só! – voltava à Manchete.
Não confundir com a novela Olho no Olho, de Antônio Calmon, da Globo (de 1993): uma produção nada tem a ver com a outra. Nem com a próxima novela de João Emanuel Carneiro, cujo título provisório é homônimo: Olho por Olho.
Brida (1998)
Problemática produção da Manchete que culminou com o seu fim, em maio de 1999.
No contrato com a emissora, os patrocinadores só liberariam verba se a novela passasse dos 5 pontos de audiência. A previsão da Manchete era de que Brida atingisse 10 pontos, mas o ibope estacionou nos 2. Sem patrocínio, o canal ficava no prejuízo. Mesmo recorrendo a velhas fórmulas para alavancar a audiência (como erotismo), a novela não emplacou.
Aliado aos problemas de Brida, os juros das dívidas da TV Manchete cresciam. Em outubro de 1998, o elenco e equipe técnica entraram em greve por falta de salário. O vice-presidente da emissora confessou aos atores que “o fracasso da novela esgotou os recursos da empresa”.
Sem ter o que fazer, a direção da rede decidiu tirar Brida do ar na sexta-feira da mesma semana: em 23 de outubro de 1998, a emissora interrompeu subitamente a trama, apresentando uma narração que explicava qual seria o desfecho da história. O final narrado por Eloy de Carlo, locutor oficial da Manchete, foi improvisado naquele dia.
Juntamente com o fim da novela, o restante da programação da TV Manchete também se esvaziava.
Apesar de tudo, vale celebrar os programas que fizeram a festa de manchetemaníacos: AQUI, 10 programas que deixaram saudade.