Arrependido, padrasto famoso de Luciana Gimenez virou pastor antes de partir
25/09/2022 às 16h45
Jece Valadão nasceu na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), em 24 de julho de 1930. O ator ficaria marcado por interpretar inúmeros papéis de homens machistas no cinema e na televisão.
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O artista foi casado seis vezes e teve nove filhos. O seu relacionamento mais conhecido foi com a atriz Vera Gimenez, com quem foi casado de 1974 até o seu falecimento. Desse matrimônio, nasceu o único filho do casal, o também ator Marco Antônio Gimenez; ele era padrasto da apresentadora Luciana Gimenez (foto acima).
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Poucos sabem, mas antes de seguir carreira no campo da atuação, Jece praticou surf na adolescência, chegando a vencer competições no Brasil e no exterior, tornando-se o primeiro surfista a ganhar um título mundial de surf. No entanto, aos poucos ele foi se afastando do esporte e resolveu se dedicar ao que viria se tornar a sua grande paixão: o teatro.
Consagração no cinema
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Nos anos 1940, se mudou sozinho para o Rio de Janeiro, onde estudou teatro e, no mesmo período, fez sua estreia como radialista e ator no cinema.
Na década seguinte, Jece iria se envolver amorosamente com Dulce Rodrigues, irmã do dramaturgo Nelson Rodrigues, que enxergou no cunhado a pessoa ideal para personificar o perfil machista e cafajeste das adaptações para o cinema das obras teatrais que iria escrever.
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Com mais de 100 filmes em seu currículo, o ator alcançou a fama nacional em produções como Os Cafajestes (1963), ao lado de Norma Bengell, Boca de Ouro (1963), escrito por Nelson Rodrigues e dirigido por Nelson Pereira dos Santos, Otto Lara Rezende ou… Bonitinha, Mas Ordinária (1963), e A Noite do Meu Bem (1968).
Nas décadas de 1970 e 1980, além de atuar, passou a produzir, escrever e dirigir alguns filmes, como O Enterro da Cafetina (1971), A Difícil Vida Fácil (1972), Obsessão (1973), Nós os Canalhas (1975), Os Amores da Pantera (1977), Eu Matei Lúcio Flávio (1979), O Torturador (1981) e Águia na Cabeça (1984).
Na televisão, o ator participou de novelas e minisséries em diversas emissoras. Na Globo, atuou em Pigmaleão 70 (1970), Transas e Caretas (1984), O Dono do Mundo (1991) e nas minisséries Anos Dourados (1986), Contos de Verão (1993) e Memorial de Maria Moura (1994). Na Manchete, fez Olho por Olho (1988), Pantanal (1990) e O Fantasma da Ópera (1991).
Conversão e últimos trabalhos
Após ficar um período sem atuar, o ator se converteu ao protestantismo em 1995, chegando a se tornar pastor da Igreja Assembleia de Deus.
“Vivia de tudo que o mundo me dava, e o mundo me dava muita coisa. Eu era um nababo. Tinha sucesso, mordomia e dinheiro. Tudo. Bebia uma garrafa de uísque em uma sentada e não ficava de porre”, relatou à Folha de S.Paulo um mês antes de morrer.
Ensaiou uma volta à vida artística participando do filme Tieta do Agreste (1996), dirigido por Cacá Diegues, porém abandonou em definitivo a atuação, conforme contou ao jornal.
“Depois que terminei Tieta do Agreste, Deus disse: ‘Agora chega. Você não vai fazer mais nada no meio artístico!’. Isso me surpreendeu, achei que ele fosse me usar justamente nessa área, já que é a que mais precisa de Jesus. Mas ele não me deixou nem pisar nos locais! Eu marcava encontros com amigos no Projac e coisas aconteciam, eu errava os caminhos. Por nove anos, ele me tirou da arte. Fiquei esse tempo vivendo de ofertas, de venda de CDs com testemunho”, explicou.
Mesmo assim, o ator fez esporádicas participações nos seriados Sob Nova Direção e A Diarista e na novela Bang Bang (2005), na Globo, em Cidadão Brasileiro (2006), na Record, e a elogiada série Filhos do Carnaval (2006), onde viveu um velho bicheiro, para a HBO, concorrendo ao Emmy Internacional.
No cinema, ainda participou dos longas O Cangaceiro (1997), Garrincha, Estrela Solitária (2003), Cinco Frações de uma Quase História (2006), e Encarnação do Demônio (2008).
Além disso, ele gravou um documentário, O Evangelho Segundo Jece Valadão, onde contou seu processo de conversão e dos arrependimentos de ter sido um pai ausente e um homem cafajeste na vida real.
“Tenho consciência de que errei. Tento remediar, mas não consigo resolver muita coisa. Fiquei longe e tentei compensar com o dinheiro. Via meu filho chateado e, em vez de dar um abraço, dava uma passagem pra Disneylândia, pô!”.
Jece Valadão começou a se sentir mal no dia 21 de novembro de 2006. Ele ficou internado na UTI do Hospital Panamericano, em São Paulo.
O ator veio a falecer no dia 27 de novembro daquele ano, devido a uma insuficiência respiratória. Foi sepultado no Jardim da Saudade Cemitério Parque, na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Espirito Santo.