Sucesso de Pantanal pode gerar efeito colateral nas novelas da Globo

11/04/2022 às 7h30

Por: Redação
Imagem PreCarregada

Depois de penar com Um Lugar ao Sol, que registrou a pior audiência de uma novela de sua principal faixa na história, a Globo parece viver dias tranquilos a partir da estreia do remake de Pantanal, fenômeno exibido pela Manchete em 1990.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Pantanal

No entanto, esse êxito também pode ter um efeito colateral, tornando a emissora refém de novas versões de tramas já apresentadas por ela própria ou por suas concorrentes, especialmente aquelas que não estão mais no ar.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quando se consolidou na liderança do ranking de audiência da televisão brasileira, no início dos anos 1970, a Globo enfrentou um sério problema. Dependia quase que exclusivamente das novelas de Janete Clair, que escreveu seguidas tramas para a faixa das oito, quase todas com sucesso.

Dias Gomes e Janete Clair

LEIA TAMBÉM:

Posteriormente, a emissora deu chance a outros talentos, novos ou antigos, como Dias Gomes, Walther Negrão, Lauro César Muniz, Cassiano Gabus Mendes, Gilberto Braga e Manoel Carlos, e conseguiu respirar.

Em seguida, se juntaram a esse time nomes como Benedito Ruy Barbosa, Silvio de Abreu, Aguinaldo Silva, Glória Perez, Antonio Calmon, Ricardo Linhares, Walcyr Carrasco e João Emanuel Carneiro, além de outros profissionais que receberam diversas oportunidades.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Estava formada a espinha dorsal que dominaria o gênero na emissora por décadas.

Renovação

Licia Manzo

No entanto, alguns desses autores já nos deixaram, outros acabaram sentindo o peso da idade e alguns não se renovaram, sendo demitidos. E a Globo precisou oxigenar seu time de escritores.

Nos últimos anos, a emissora deu oportunidade a diversos nomes, como Angela Chaves, Paulo Halm, Rosane Svartman, Manuela Dias, Licia Manzo, Maria Helena Nascimento, Claudia Souto, Alessandro Marson, Thereza Falcão, Alessandra Poggi e Mauro Wilson, além de Bruno Luperi, que está atualizando a trama de Pantanal, escrita por seu avô. Alguns até se saíram bem, mas outros naufragaram.

Babilônia

Antes desse remake, foram registrados diversos insucessos na principal faixa de novelas da Globo: Em Família (Manoel Carlos), Babilônia (Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga), Velho Chico (Benedito Ruy Barbosa), A Lei do Amor (Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari) e O Sétimo Guardião (Aguinaldo Silva) – todos escritos por medalhões.

Mais recentemente, tramas de “novatas” patinaram: Amor de Mãe (Manuela Dias) e Um Lugar ao Sol (Licia Manzo), ambas prejudicadas pela pandemia de Covid-19. Mesmo assim, o sinal vermelho foi ligado.

Dilema

Bruno Luperi

O sucesso inicial de Pantanal leva a Globo a um dilema: comprova que ainda dá para ter boa audiência com suas novelas, ultrapassando a casa dos 30 pontos de audiência, o que muita gente se perguntava se ainda aconteceria.

Mas será que isso é possível com seus novos autores? Porque os últimos grandes sucessos vieram de profissionais mais tarimbados, como Avenida Brasil (João Emanuel Carneiro), A Força do Querer (Glória Perez) e O Outro Lado do Paraíso e A Dona do Pedaço (Walcyr Carrasco).

Gloria Perez

Não por menos, a emissora tirou Carneiro da fila, levando a densa Olho por Olho para o Globoplay, e convocou Glória e Carrasco para sucederem Pantanal. No entanto, naturalmente, um dia essa fonte vai secar.

[anuncio_6]

Sem muitas opções, a Globo pode ser obrigada a fazer uso constante de remakes de suas próprias novelas – boas opções não faltam -, ou de tramas da concorrência, como a ventilada Xica da Silva, sucesso da Manchete de 1996, que estaria no radar da direção da casa.

Xica da Silva

Quando dirigia a dramaturgia da Globo, Silvio de Abreu falou sobre o assunto ao site Notícias da TV.

[anuncio_7]

“Isso era uma coisa que me preocupava muito. Era algo que não acontecia há muito tempo e que precisava mudar. Porque quem faz as novelas são os autores. É claro que não sozinhos, tem atores, diretores, colaboradores… Mas a semente está no texto”, explicou.

“Se a gente não lançar novos autores, a novela acaba”, completou.

Só que isso não basta. Essas novelas precisam agradar ao público. E esse é o maior desafio da Globo para os próximos anos se não quiser depender somente de remakes.

Autor(a):

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.