7 motivos para ver Além da Ilusão, que agrada sem reinventar nada
30/03/2022 às 18h54
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A TV Globo exibe às seis da tarde uma pequena joia da nossa TV atual. Há quase dois meses no ar, Além da Ilusão, novela de Alessandra Poggi, com direção artística de Luiz Henrique Rios, já cumpre muito bem o seu papel.
Abaixo listo 7 motivos para a acompanhar a trama:
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Bonita de se ver
Novela de época (a trama se passa na década de 1940) ambientada em uma pequena cidade e uma área rural, Além da Ilusão é quase bucólica – ainda que não seja exatamente uma trama rural.
LEIA TAMBÉM:
● Não merecia: rumo de personagem desrespeita atriz de Mania de Você
● Sucesso da reprise de Alma Gêmea mostra que Globo não aprendeu a lição
● Reviravolta: Globo muda rumo da maior tradição do Natal brasileiro
De fotografia iluminada, colorida em tonalidades pasteis, as ambientações, cenários e figurinos são belos e a produção de arte é esmerada, como se espera de toda produção de época da Globo. É um alívio bem-vindo aos olhos nos fins de tarde.
Novela leve
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Nada disso bastaria se a trama não fosse agradável. O romantismo predomina, com pitadas de comicidade, fantasia, algum realismo. Tudo milimetricamente dosado.
A trama não priva o público de abordagens fortes: Mathias (Antônio Calloni) matou acidentalmente a filha, na primeira fase, e não assumiu a culpa, o que o levou à insanidade mental.
O racismo e o preconceito social e contra minorias também é tratado, mas fluem organicamente dentro da narrativa, sem longas discussões ou didatismos que cansem o espectador.
Além da Ilusão vai na contramão de uma fórmula em nossas novelas que já deu provas de saturação: a militância em temas sociais, tratados quase como uma obrigatoriedade nos folhetins até então.
Um suspiro ante as abordagens equivocadas de Nos Tempos do Imperador e a parca audiência de Um Lugar ao Sol.
Folhetim à moda antiga
Sem a pretensão de “reinventar a roda”, Além da Ilusão é, sobretudo, um bom folhetim, cujo único objetivo é entreter, cativando o público com tramas bem amarradas, reunindo de forma engenhosa muitas das características das boas e velhas novelas.
Suas histórias são até previsíveis. Desde o início, está claro para o público quem são os mocinhos e quem são os vilões. Bárbara é a vilã fria e seu filho Joaquim, o vilão emotivo. Juntos, eles tramam toda sorte de artimanhas para impedir que Isadora e Rafael/Davi concretizem o seu amor.
Segredos que o público conhece, e outros que desconhece, fomentam catarses, geram expectativas. Aguardamos ansiosamente que a família Camargo Tapajós descubra que Rafael é, na verdade, o mágico Davi. Provavelmente os vilões descobrirão antes. E quem é o bebê desaparecido de Heloísa?
Com algumas tramas cíclicas, que começam e se findam para dar lugar a outras, é um folhetim bem escrito. Encanta, prende, cativa.
Casais românticos
Os casais que se formam são promissores. Há vários e estão bem construídos, já rendendo ou prontos para render.
Violeta e Eugênio (Malu Galli e Marcello Novaes), Heloísa e Leônidas (Paloma Duarte e Eriberto Leão), Arminda e Inácio (Caroline Dallaraosa e Ricky Tavares), Olívia e Padre Tenório (Débora Ozório e Jayme Matrarazzo) – será?
Elenco entrosado
Larissa Manoela e Rafael Vitti, como o casal romântico central, cumprem muito bem exatamente o que lhes é demandado. O mesmo para Bárbara Paz e Danilo Mesquita, como mãe e filho, os grandes vilões.
Antônio Calloni é destaque do elenco, com um personagem difícil que, se caísse em um perfil menos talentoso, corria o risco de cambar para a caricatura.
Paloma Duarte também está em grande forma, com uma personagem que exige mais, e tem respondido à altura das expectativas. Já entregou grandes cenas e outras estão prometidas.
Caroline Dallarosa, Alexandra Richter e Paulo Betti formam um núcleo divertido, que entretém.
Os atores negros são todos ótimos, em bom número, com suas questões bem trabalhadas. Vamos citá-los: Larissa Nunes (Letícia), Matheus Dias (Bento), Luciano Quirino (Abílio), Guilherme Silva (Onofre), Carla Cristina Cardoso (Felicidade), Gaby Amarantos (Emília), Alex Brasil (Dr. Elias), Jorge Lucas (Salvador) e as crianças Vivi Sabino (Madalena) e Nicolas Parente (Jojô).
A dupla Olívia Araújo e Mariah da Penha é formidável. A personagem Manuela (Mariah), aliás, trouxe de volta outro elemento que andava afastado das novelas: o bom e velho bordão de personagem: “Falo mesmo, comigo não tem lorota!“.
[anuncio_6]
Reconstituição histórica
A participação dos pracinhas brasileiros na Segunda Guerra Mundial é tratada como um adereço, uma trama paralela, sem pesar a novela.
Uma coincidência essa temática no triste momento de guerra real entre Rússia e Ucrânia. Não há sequências de mortes, por exemplo, o que poderia desagradar ou afastar o público.
O tema está mais ligado à ausência dos combatentes Lorenzo (Guilherme Prates) e Bento (Matheus Dias) para os entes queridos em seus núcleos, do que nos reflexos da guerra no Brasil da época – ainda que se fale sobre isso, como não poderia ser diferente.
[anuncio_7]
Trilha deliciosa
A trilha sonora, que mescla gravações originais exclusivas para a novela com regravações de sucessos do passado, nacionais e internacionais, é uma deleite de ouvir, não só condizente com a proposta da produção, mas também de bom gosto.
O “Tic Tac do Meu Coração” da abertura gruda na cabeça e dá vontade de sair cantarolando durante a novela.
PS: Destaque para as gírias antigas, ditas em profusão pelos personagens. Carambolas!