Na história da teledramaturgia brasileira, diversos artistas acabaram deixando tramas pela metade. Em alguns casos, os personagens morreram ou, simplesmente sumiram; em outros, mais específicos, foram substituídos.

O fato também já aconteceu com autores, que, por motivos diversos, deixaram ou foram afastados das histórias que escreviam.

Na lista abaixo, confira cinco casos marcantes ocorridos na Globo:

Emiliano Queiróz – Anastácia, a Mulher sem Destino

Trata-se do caso mais conhecido de troca de autores da história da televisão brasileira. Exibida em 1967, a novela tinha um trama rocambolesca, que dava sono no público, e excesso de personagens. O ator Emiliano Queiróz, em sua única vez como autor, acabou se perdendo. Glória Magadan, então toda-poderosa da teledramaturgia da Globo, convocou Janete Clair para dar um jeito na novela por volta do capítulo 40.

A autora simplesmente criou um terremoto que matou a maioria dos personagens e recomeçou a história do zero, com um salto de vinte anos. Não foi o suficiente para se transformar em um sucesso de audiência, mas acabou garantindo uma vaga fixa para Janete na emissora.

Lauro César Muniz – Os Gigantes

Um dos maiores desastres da história da faixa das oito da Globo foi Os Gigantes, exibida entre 1979 e 1980. Com uma trama depressiva, que envolvia doenças, aborto, hospital, processos e terminou com o suicídio da protagonista, vivida por Dina Sfat, não tinha como dar certo. Com inúmeros problemas, o autor Lauro César Muniz acabou sendo demitido da emissora antes mesmo da conclusão da trama, indo para a Bandeirantes.

Benedito Ruy Barbosa foi chamado para assumir a história, mas se negou, em solidariedade ao amigo, também deixando o canal. O final foi escrito por um autor cujo nome não foi relevado na época – em sua biografia, Muniz revelou que descobriu, anos depois, que o redator foi Walter George Durst.

Manoel Carlos – Sol de Verão

Novela das oito exibida pela Globo entre 1982 e 1983, Sol de Verão ficou marcada pela morte de Jardel Filho, um dos protagonistas da trama, para quem a novela havia escrita por Manoel Carlos. O ator teve um ataque cardíaco fulminante em 19 de fevereiro de 1983. A Globo precisou encurtar a história, mas ainda precisava de um tempo para dar frente à substituta, Louco Amor.

Maneco ficou abalado e preferiu não continuar. Lauro César Muniz foi acionado para finalizar a novela, contando com a colaboração de Gianfrancesco Guarnieri e Paulo Figueiredo, atores do elenco. Foram exibidos mais 17 capítulos e, antes da estreia de Louco Amor, um compacto de O Casarão (1976).

Daniel Más – Um Sonho a Mais

Em 1985, baseada na peça Volpone, a Globo colocou no ar a novela das sete Um Sonho a Mais, estrelada por Ney Latorraca. A trama não fez sucesso e a emissora precisou fazer alterações.

Daniel Más acabou saindo no capítulo 37, com Lauro César Muniz, que havia participado da criação da sinopse, assumindo a autoria junto com Mário Prata e Dagomir Marquezi. No entanto, havia muito pouco a ser salvo.

Benedito Ruy Barbosa – Esperança

Com baixa audiência e atraso na entrega dos roteiros, que acabavam comprometendo o andamento das gravações, a Globo acabou tendo que intervir em Esperança, novela das oito apresentada entre 2002 e 2003.

Passando por problemas pessoais, Benedito Ruy Barbosa acabou se afastando da autoria da trama, passando o bastão para Walcyr Carrasco, que assumiu a partir do capítulo 149. Junto com o autor, saíram suas filhas, Edmara e Edilene, que atuavam como colaboradoras. Benedito ficou muito chateado com as modificações feitas na história e ameaçou até brigar com Carrasco por isso.

Compartilhar.
Thell de Castro

Apaixonado por televisão desde a infância, Thell de Castro é jornalista, criador e diretor do TV História, que entrou no ar em 2012. Especialista em história da TV, já prestou consultoria para diversas emissoras e escreveu o livro Dicionário da Televisão Brasileira, lançado em 2015 Leia todos os textos do autor