O falecimento de um artista gera forte comoção pelo sentimento de perda. Mas, em determinados casos, acaba sendo também o início de uma longa batalha judicial em torno de um testamento, onde filhos, parentes, cônjuges e ex-parceiros podem reivindicar os seus direitos sobre o patrimônio acumulado durante anos de trabalho.

Confira na lista cinco dos casos mais emblemáticos envolvendo figuras marcantes da televisão brasileira:

Gugu Liberato

O espólio do apresentador, morto em 2019 aos 60 anos, permanece até hoje no centro de uma briga familiar que colocou os filhos em lados opostos: de um lado o primogênito, João Augusto, e do outro as irmãs gêmeas Marina e Sofia.

A mãe deles, Rose Miriam Di Matteo, tem o apoio das filhas para obter o reconhecimento de união estável, mas enfrenta a oposição do filho, assim como dos parentes de Gugu, a exemplo da irmã Aparecida (administradora dos bens). Rose não foi incluída no testamento, que prevê a distribuição da herança de R$ 1 bilhão entre os filhos (75%) e os sobrinhos (25%).

Além de todas essas partes envolvidas, o chef de cozinha Thiago Salvático esteve por um breve período em 2020 na disputa pela herança, alegando ter mantido um relacionamento de oito anos com o apresentador. Porém, acabou desistindo e retirou o processo.

Chico Anysio

O icônico humorista, que nos deixou em 2012, teve o testamento anulado por não ter incluído o filho mais velho, Lug de Paula (que interpretava o Seu Boneco na Escolinha do Professor Raimundo), entre os herdeiros, o que é proibido por lei.

O documento também previa que a viúva, Malga Di Paula, ficasse com os bens materiais, enquanto os filhos dividiriam o espólio referente à propriedade intelectual.

No entanto, com a anulação, a última esposa de Chico (casada com ele por 14 anos), favorável à Lug, passou a viver uma guerra com outro dos oito filhos, Bruno Mazzeo, que entrou com um processo para retirá-la da condição de inventariante dos bens, cargo exercido por ele desde 2017.

Marcos Paulo

O caso envolvendo o ator e diretor, falecido em 2012, encontra-se encerrado, mas foi longo: as disputas travadas entre a viúva, Antônia Fontenelle, e as filhas Mariana Sochaczewski (que teve com Renata Sorrah) e Giulia Costa (fruto de seu relacionamento com Flávia Alessandra) levaram sete anos para ter um desfecho.

Em um primeiro testamento, de 2005, Marcos Paulo deixaria tudo para as duas filhas já mencionadas e também para a terceira, Vanessa Simões (que ele teve com Tina Serina).

Porém, ao consolidar uma união estável com Antônia Fontenelle, de 2005 a 2012, teria feito um outro documento, que concedia 60% de seu patrimônio para a sua última mulher, definitivamente considerada herdeira legítima em 2019 (porém de 12,5% da fortuna) após sucessivas vitórias nos tribunais.

Agnaldo Timóteo

O cantor, que morreu em 2021 aos 84 anos, vítima da Covid-19, deixou metade de sua herança (avaliada em R$ 16 milhões) para Keyty Evelyn, filha de criação, e os outros 50% para serem divididos entre dois afilhados e dois de seus seis irmãos.

Porém, familiares de Timóteo, liderados pelos irmãos Cícero e Ruthinete, contestam judicialmente o testamento, alegando que ele estava com a saúde debilitada, não tendo condições adequadas para definir os seus herdeiros.

Keyty, que ainda é menor de idade (tem 14 anos) e está em processo de reconhecimento como filha adotiva, é representada pelo seu tutor, o advogado Sidney Lobo Pedroso, amigo pessoal do artista e nomeado por ele como inventariante de seus bens.

Betty Lago

Em 2015, quando a atriz faleceu aos 60 anos, seu testamento tornou-se o pivô de um imbróglio entre os dois filhos: Bernardo, que recebeu 80% da herança, e Patrícia, que ficou com os 20% restantes. Contudo, ela acusou o irmão de fraude e captação dolosa.

Ao não aceitar a divisão, argumentou com laudos médicos que a mãe não estava em pleno domínio de suas faculdades mentais devido ao câncer que a acometia, e passou a reivindicar 50%.

Mas uma decisão judicial de 2020 manteve a validade do testamento assinado por Betty.

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Entusiasta da história da televisão brasileira, Jonas Gonçalves é jornalista e pesquisador, sendo colaborador do TV História desde a sua criação, em 2012. Ao longo de quase 20 anos de profissão, já foi repórter, editor e assessor de comunicação, além de colunista sobre diversos assuntos, entre os quais novelas e séries Leia todos os textos do autor Leia todos os textos do autor