A carreira de Tarcísio Meira, considerado um dos maiores atores da teledramaturgia brasileira, foi repleta de sucessos. No entanto, como não poderia deixar de ser com alguém que fez mais de 60 trabalhos na televisão, algumas produções não deixaram boas lembranças.

Sempre muito elegante em suas entrevistas, Tarcísio sempre se esquivava ao falar de papeis que não havia gostado. Mesmo assim, em alguns casos, deixou escapar algumas opiniões.

Confira na lista:

Pátria Minha

Muita coisa deu errado em Pátria Minha, novela de Gilberto Braga exibida em 1994 pela Globo. Tarcísio vivia um vilão, Raul Pelegrini, e ficou bastante magoado com a repercussão negativa de seu personagem, envolvido em cenas de racismo contra o jardineiro Kennedy (Alexandre Moreno).

“A vida inteira me acostumei a receber a simpatia das pessoas. Isso me envaidecia. Não me dei conta de que os elogios eram mais para os personagens do que para mim. Agora estou sentindo um olhar magoado, de censura. Esse personagem extrapolou tanto no seu preconceito que me sinto muito triste, e aborrecido com o papel”, declarou o ator ao jornal O Globo de 20 de novembro de 1994.

“Não consigo ter prazer em interpretá-lo. Ele diz coisas que me chocam. Não é um personagem que me agrade. Sempre procuro mostrar as coisas boas de um personagem. Mas nesse eu não encontro nada, absolutamente nada. Só coisas más. Estou incomodado”, completou.

Na mesma reportagem, foi informado que Tarcísio chegou a pedir ao autor que aliviasse um pouco o seu lado – Raul viajou para Miami e saiu um pouco de cena. Além disso, ele teve desentendimentos com Vera Fischer, que foi afastada da novela e o chamou de “velho caquético”.

Mesmo com todos esses problemas, Tarcísio acabou ganhando o Troféu Imprensa daquele ano como Melhor Ator.

2-5499 Ocupado

Apesar de ter importância histórica, já que foi a primeira novela diária da televisão brasileira, entre julho e setembro de 1963, 2-5499 Ocupado não é reconhecida por sua qualidade.

“Era um texto argentino, curto, muito chato, uma novela mal-escrita, mas que fez um grande sucesso e me abriu a porta para a telenovela”, destacou Tarcísio ao jornal O Estado de S. Paulo de 2 de janeiro de 2000.

Em seu livro, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que passou pela Excelsior antes de se fixar na Globo, também detonou a trama.

“O produto era ruim demais e fez sucesso nas costas do Tarcísio Meira e da Glória Menezes. A primeira novela diária da televisão brasileira e uma das piores já exibidas por aqui”, declarou.

A Gata de Vison

Conturbada novela de 1968 da Globo, A Gata de Vison perdeu seu protagonista, Tarcísio Meira, que ficou descontente com a autora Glória Magadan. Ela se apaixonou por outro ator, Geraldo Del Rey, que era o vilão da novela, e acabou simplesmente invertendo a personalidade dos dois personagens.

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Como conta nosso colunista Nilson Xavier em seu site Teledramaturgia, quanto maior o ardor entre Magadan e Del Rey, mais Ferguson ia mudando de características e personalidade:

“Um dia, ao receber os capítulos para gravar na semana seguinte, Tarcísio Meira leu e foi direto ao departamento de produção. ‘Ou grava a minha morte essa semana, ou meu personagem pega o próximo trem e não volta’. O personagem não voltou”.

O caráter de Falconi continuou sendo remodelado e a solução encontrada pela autora foi criar uma irmã gêmea da personagem de Yoná Magalhães para servir de par romântico ao personagem.

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O Homem que Deve Morrer

Em O Homem que Deve Morrer, de Janete Clair, exibida entre 1971 e 1972, Tarcísio vivia o protagonista, Ciro Valdez. Originalmente, a ideia era fazer uma alegoria da vida de Jesus Cristo, o que foi proibido pela Censura.

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No final das contas, o personagem acabou virando um extraterrestre. Existem diversas notícias da época dizendo que Tarcísio não gostou do resultado.

“O caso é que houve uma série de problemas com a novela. O personagem me agradava muito no projeto inicial. Mas, à medida que a novela foi passando, fatores externos começaram a truncá-la”, declarou o ator à revista Cartaz de 29 de junho de 1972.

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Thell de Castro

Apaixonado por televisão desde a infância, Thell de Castro é jornalista, criador e diretor do TV História, que entrou no ar em 2012. Especialista em história da TV, já prestou consultoria para diversas emissoras e escreveu o livro Dicionário da Televisão Brasileira, lançado em 2015 Leia todos os textos do autor