Nesta segunda-feira (24), o canal Viva estreia Corpo a Corpo (1984), trama de Gilberto Braga estrelada por Débora Duarte, Antonio Fagundes, Flavio Galvão, Gloria Menezes e grande elenco. A novela substitui Direito de Amar às 14h40.
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Apesar de ter feito sucesso, Corpo a Corpo não é muito lembrada pela Globo. Tanto que este será o primeiro repeteco da trama, 40 anos depois de sua exibição original. O Viva, inclusive, vai mostrar a edição feita para o mercado internacional, já que a versão original não existe mais.
Saiba quatro curiosidades de Corpo a Corpo, novela que está de volta no canal Viva:
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Novela preferida de Gilberto Braga
Considerado um dos maiores novelistas do país, Gilberto Braga é o autor de grandes clássicos da teledramaturgia nacional. Tramas como Dancin’ Days (1978), Água Viva (1980) e Vale Tudo (1988) são constantemente lembradas como algumas das melhores de todos os tempos.
Mas o autor tem um carinho especial por Corpo a Corpo. Giba, inclusive, sempre questionou porque a novela acabou sendo esquecida pelo público e pela própria Globo.
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“Sempre pensei ‘Por que falam de Dancin’ Days e Água Viva quando citam meus sucessos e não falam de Corpo a Corpo?’ Era uma novela extremamente bem-feita, com uma trama bem armada, baseada em histórias de ascensão social e vingança (…) Até hoje é muito elogiada por escritores [de novelas]”, comentou o autor no livro Autores, Histórias da Teledramaturgia.
Autor não aprovou o título e a protagonista
Corpo a Corpo contava a história de Eloá, personagem de Débora Duarte, que firma um pacto com o misterioso Raul (Flavio Galvão) para ascender profissionalmente. No entanto, o êxito custa seu casamento com Osmar (Antonio Fagundes).
Curiosamente, Gilberto Braga revelou não ter gostado da escalação de Débora Duarte para viver a protagonista. O autor também reclamou do título da novela.
“O título, aliás, é muito ruim. Débora Duarte é extraordinária, mas, convenhamos, não é o primeiro nome de uma novela”, desabafou ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes.
Ataques racistas
Corpo a Corpo fez história ao mostrar uma família negra de classe média, algo provavelmente inédito numa novela até então. Sonia (Zezé Motta) era uma filha deste clã, uma bem-sucedida arquiteta.
Na trama, ela vive um romance com Cláudio (Marcos Paulo), rapaz branco e de família rica. A história de amor era reprovada pelo pai dele, Alfredo Fraga Dantas (Hugo Carvana), um homem conservador e racista.
Porém, o casal não foi bem recebido pelo público. Em entrevista ao Conversa com Bial, Zezé Motta relembrou os ataques racistas que sofreu na época.
“As reações foram violentas (…) Um homem disse que se fosse ator e estivesse precisando de dinheiro e a televisão obrigasse a beijar uma negra feia e horrorosa ‘como aquela’, chegaria em casa todos os dias e desinfetaria a boca com água sanitária. (…) Teve uma empregada doméstica que disse que toda vez que o casal se beijava, ela trocava de canal porque não acreditava nesse amor. (…) Outro disse que não acreditava que Marcos Paulo estivesse tão necessitado de dinheiro para passar por essa humilhação”, disse.
Triste coincidência
Corpo a Corpo começa com uma enchente no sul do país. Na trama, os personagens Guiomar (Eloísa Mafalda), Rafael (Lauro Corona) e Ângela (Andréa Beltrão) deixam Blumenau (SC) e se mudam para o Rio de Janeiro por conta da tragédia.
A situação foi colocada por Gilberto Braga na trama porque, um ano antes da novela, Blumenau sofreu com uma das piores inundações de sua história. Mais de 40 anos depois, Corpo a Corpo volta ao ar num momento em que o Sul do Brasil vive tragédia semelhante. Uma triste coincidência.