38 anos da estreia de Marron-Glacé, clássico de Cassiano Gabus Mendes; confira trama e curiosidades

06/08/2017 às 12h30

Por: Duh Secco
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No leito de morte, Marta (Eloísa Mafalda) pede ao filho, Jorge Armando (Paulo Figueiredo), que desista da vingança que o fez correr país afora à procura de Ramiro (Dary Reis), o homem a quem atribui a ruína de seu pai. A senhora, contudo, cerra os olhos para todo o sempre antes do herdeiro atender seu pedido. E a partida da mãe acaba por insuflar, ainda mais, a sana rancorosa que, a partir deste momento, levará Jorge até o Rio de Janeiro. Lá estará Ramiro?

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A julgar pelas cenas iniciais, a vingança, tema sempre recorrente na nossa teledramaturgia, parecia ser o fio condutor de Marron-Glacé, novela de Cassiano Gabus Mendes que estreou há exatos 38 anos, na Globo, às 19h. Mas, como pedia o estilo do autor, o tom ameno predominou. A princípio dirigida por Gracindo Jr e Sérgio Mattar, depois por Gonzaga Blota e Walter Campos, Marron-Glacé se sagrou com um dos maiores êxitos da faixa na década de 70.

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Na pesquisa, uma novata Glória Perez – então egressa da novela das 18h, Memórias de Amor; hoje no ar com A Força do Querer. A produção, onerosa, locou uma casa na Estrada das Canoas, Rio de Janeiro, para servir de locação ao buffet, que possuía o mesmo título do folhetim – o que facilitou a produção, estreando com cinco blocos de capítulos já gravados.

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Uma vez no Rio, Jorge Armando passou a se apresentar como Otávio, conheceu o garçom Nestor (Armando Bógus) e foi indicado por este para a equipe da casa de festas. Por obra do destino, Otávio / Armando acabou por encontrar quem tanto procurava. Ramiro, já falecido, deixou o estabelecimento nas mãos da esposa, Madame Clô (Yara Cortes), uma senhora aparentemente muito distinto, mas de temperamento expansivo e pouco convencional.

A caçula, Vânia (Louise Cardoso), também acionista, puxou a mãe. Já a primogênita, Vanessa (Sura Berditchewsky), é sisuda, complexada. Para reaver o que julga ser seu, Otávio se empenha em conquistar mãe e filhas. Vânia logo cai na teia do rapaz. Apaixonada, namora Otávio na clandestinidade, enquanto tenta convencer a mãe a promovê-lo a gerente – sabe que Clô não admitirá seu casamento com um “relés” garçom. Já afeiçoada ao funcionário, a matriarca consente.

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Mas, ele esbarra na resistência de Vanessa. Esta surge com uma imposição absurda: para assumir o posto, Otávio precisa estar casado. Ou ao menos apresentar uma namorada… Com a ajuda de outro garçom, Oscar (Lima Duarte) – e da namorada deste, Lola (Tereza Rachel) – Otávio consegue convencer uma taxi girl a fazer as vezes de partner. Contudo, a presença de Stela (a cantora Vanusa, em participação especial) incita o ciúme de Vânia, que a despacha rapidinho.

Quem está de fato incomodada com toda a situação é Vanessa, que, mesmo noiva do médico Fábio Carlos (Jorge Botelho), se sente cada vez mais atraída pelo garçom vingativo. E Otávio, veladamente, corresponde. O grande clímax de Marron-Glacé se dá entre os capítulos 110, 111 e 112 – com participação do icônico Clodovil. No final deste primeiro, exibido em 11 de dezembro, o mocinho de conduta questionável invade o espaço em que Vanessa está se preparando para o casamento e a beija.

No término do capítulo seguinte, ela treme no altar, ao ouvir a palavra “fidelidade”. Na sequência, foge. Otávio impediu o enlace da amada, arriscando sua vingança. Ainda buscando a posse do buffet que julgar ser, por direito, de seu pai, o garçom segue enroscado com Vânia, ao mesmo tempo em que, na obscuridade, namora Vanessa. Consegue, desta forma, as assinaturas de Madame Clô e de sua filha menor. Mas, quando está prestes a conquistar o que pertence à irmã mais velha, acaba descoberto.

Vânia, inocentemente, assume sua paixão para Vanessa. Desmascarado, Otávio conclui que o errado ali é ele. No último capítulo de Marron-Glacé, o protagonista devolve o estabelecimento para as donas e parte com Vanessa para São Paulo. Enquanto a celeuma envolvendo o buffet e seus proprietários se desenrolava, outros conflitos ganhavam força no núcleo dos garçons – inspirados nos tipos que Cassiano Gabus Mendes via circular pela boate Dobrão, de sua propriedade.

O retraído Oscar surrupiava fatias de bolo e salgadinhos, escondidos em seu guarda-chuva, para saciar o apetite das velhinhas esclerosadas – quando queriam – Angelina (Dirce Migliaccio) e Beá (Ema D’Ávila). O filho, Luís César (João Carlos Barroso), também garçom, o desprezava. As desavenças só foram resolvidas no penúltimo capítulo, quando Oscar contou ao rapaz que não era seu pai biológico: sua esposa, já falecida, havia gerado a criança numa aventura extraconjugal.

Para a namorada Andréia (Denise Dummont), Luís Carlos se dizia milionário. A mentira o obrigava a fugir de eventos nos quais ela, sobrinha de Clô, marcasse presença. Para sustentar a farsa, Luís “inventou” um pai, Aristides Pinheiro – com um simples telefonema, Ernani (Ary Fontoura), pai da moça, descobriu a verdade. O advogado, porém, também tinha seus segredos: era “protetor” da viúva Érika (Mila Moreira, debutando na TV), gerente do Marron-Glacé.

Para que a informação não chegasse aos ouvidos de sua esposa Leonora (Lady Francisco), Ernani consentiu com o namoro da filha. Mas, sem o invólucro de Romeu e Julieta, a relação de Luís Carlos e Andréia logo desandou… As intrigas de Zina (Nair Cristina), apaixonada por ele, ajudaram a minar o romance. Feiosa a princípio, Zina toma um banho de loja ao empregar-se no buffet onde já trabalhava seu irmão, Nestor, que termina por conquistar Érika – após esta apostar com uma amiga que o seduziria.

Marron-Glacé contava ainda com o ciumento Juliano (Ricardo Blat), que não permitia que a esposa, Shirley (Myrian Rios), sequer saísse de casa. “Reabilitado”, enfrenta o ciúmes dela, ao estreitar sua amizade com a bonitona Rita (Heloísa Millet, uma das bailarinas da abertura do Fantástico, de 1976). E com Waldomiro (Laerte Morrone), maître afetado, mas muito “macho”, impedido de namorar Bizuca (Maria Alves) por conta do suposto pai repressor desta, casado enfim com Elizeth (Eliana Araújo).

E por fim, o chef Joaquim da Silva, que só admitia ser chamado de Pierre Lafond (Nestor de Montemar), de cozinha rebuscada, em contraponto a Filó (Chica Xavier), empregada de Clô, um ás do forno e do fogão que chegou a ganhar um concurso de culinária na TV.

Marron-Glacé foi recontada em livro – a coleção As Grandes Telenovelas, lançada pela Rio Gráfica Editora, que trouxe 12 adaptação romanceadas de clássicos da Globo, distribuídas nos supermercados por uma marca de sabão em pó. Também ganhou uma versão no Chile, pelo Canal 13, em 1993. Com o sucesso da empreitada, a emissora apostou numa continuação – Marrón Glacé, el Regreso – três anos depois.

Uma última curiosidade: exatos 3 anos depois de sua estreia, Marron Glacé chegava ao fim em Vale a Pena Ver de Novo (6 de agosto de 1982). Tá na hora de pintar por aí outra vez, no VIVA. Fica a dica!


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