Na última quarta-feira, dia 6, a novela Campeão completou exatos 35 anos de sua estreia. A produção da Band – texto de Jaime Camargo, com direção geral de Henrique Martins e supervisão de Roberto Talma – estreou com a missão de substituir Os Imigrantes (1981), folhetim promissor, então desgastado pelos sucessivos esticamentos e pela saída do autor, Benedito Ruy Barbosa, da emissora.

Os Imigrantes, contudo, chegou ao fim em 1º de novembro. Para cumprir tabela, a Band escalou Pic Nic Classe C, adaptação de Walther Negrão para contos e crônicas de Oswaldo Molles, originalmente exibida na faixa Tele Romance, da Cultura. Assim, o autor Jaime Camargo – responsável também pela novela das 18h, A Filha do Silêncio – pode implantar a sinopse de Campeão.

A emissora aproveitou-se da estreia da novela, numa segunda-feira, para repaginar sua programação vespertina. Saíram as séries O Gordo e o Magro e Rin-Tin-Tin; estrearam os programas Olho Vivo, Familionária e Tic Tac Milhões, integrantes da faixa A Sorte é Sua. Após ‘Filha do Silêncio’, às 18h, o primeiro capítulo do novo folhetim, às 18h30.

A história

Amílcar Salém (José Lewgoy, em participação especial) é proprietário de um complexo farmacêutico e um dos líderes do setor de fertilizantes. Logo no início da trama, Amílcar promove uma festa, celebrando a união de sua família com os Cardoso, bem como a aquisição de uma companhia de aviões, encarregada da aplicação de defensivos agrícolas nas fazendas e administrada por seu filho mais novo, Laerte (Paulo César Grande) – que surpreende os convidados ao chegar à recepção pilotando uma aeronave.

Com os negócios encaminhados, Amílcar passa a se dedicar ao seu maior hobby: criar animais – cavalos de raça, gado suíno e matrizes de gado para corte e leiteiro. Seu maior sonho, porém, é a criação de raças puras, incluindo os caríssimos cavalos de corrida. Para tal, o sessentão envia uma das éguas de seu haras para os Estados Unidos. Quando o animal retorna, traz na barriga um puro-sangue. O patriarca dos Salém, contudo, não vê seu sonho se realizar: acaba vítima de um acidente automobilístico.

A morte de Amílcar – um sujeito bonachão, despreocupado – desestabiliza toda a família. Cabe a Jorge (Rubens de Falco), o primogênito, a manutenção do clã e de sua fortuna. Casado com Alexandra (Maria Estela), Jorge passa a negligenciar sua união e os cuidados com o filho Flávio (Alexandre Raymundo). Evidente que a situação caminha para o divórcio e para a disputa da guarda do menino, querido tanto pelos Salém, como pelos Cardoso, família de Alexandra, comandada por Helena (Cleyde Yaconis), a matriarca paparicada pelo mordomo Nóbrega (John Herbert).

Fragilizando, Flávio encontra afeto apenas em Panambi, o puro-sangue gerado no Estados Unidos. E em Matias (Abrahão Farc), o caseiro do haras de Amílcar. O menino é amparado por Beatriz (Zaíra Bueno, conhecida por seu trabalho no cinema; em especial, pornochanchadas). Tendenciosa, a assistente social se mostra partidária de Jorge, a princípio. O comportamento de Beatriz como profissional evolui após seu envolvimento com Amadeu (Kito Junqueira). Que também seduz Alexandra, levando o advogado de Jorge a acusa-la de “indigna”, em meio ao processo de guarda.

Bastidores

O autor Jaime Camargo, em sua infância em Rio Claro (interior de São Paulo), teve um cavalo de nome Panambi – ou Borboleta Azul, em tupi-guarani. Jaime também levou para o enredo histórias e perfis de seus tios, a tia viúva com cinco filhos e de seus avós.

A Band escolheu o Jockey Club de São Paulo para ambientar as primeiras cenas do folhetim. Também um haras chamado Inshalá (algo como “se Alá quiser”, “se Deus quiser”), expressão que ganhou o Brasil por conta de Khadija (Carla Diaz), a pequena que só pensava em “muito ouro” de O Clone (2001). A dificuldade de gravar com cavalos puro-sangue, contudo, prejudicou este entrecho da narrativa.

Também no elenco Carmem Silva (Joana), Célia Helena (Esther), Cláudia Alencar (Berenice), Elaine Cristina (Catarina), Eliane Giardini (Cris), Flávio Guarnieri (Rubens), Fúlvio Stefanini (Charles Spencer), Luís Carlos Arutin (Orlando Cardoso), Luiz Carlos de Moraes (Francesco), Márcia Maria (Dora), Matheus Carrieri (foto; Edson), Myrian Pérsia (Emília), Othon Bastos (Victor) e Solange Couto (Suely).

A Band reapresentou em novela de dezembro de 1991 a maio de 1992, às 10h50. E “reutilizou” o título, acrescido do artigo “o”, em outra produção: O Campeão (1996), no entanto, nada tem a ver com Campeão.


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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.