Ver uma novela de 2004 (Senhora do Destino) no ar em Vale a Pena Ver de Novo chega a causar estranheza para quem se acostumou com reprises precoces, nas décadas de 80 e 90. Em 16 de agosto de 1999, por exemplo, a Globo resgatava A Indomada, encerrada em 10 de outubro de 1997 – ou seja, apenas 1 ano, 10 meses e 6 dias após o término da exibição original. O TV História resgata a grade de programação da emissora no dia deste retorno precipitado. Confira!

Nesta época, o Angel Mix padecia com sucessivas trocas de diretores e formatos. E Angélica, que colhia os louros de seu filme, Zoando na TV, recebeu um inusitado convite da Record, que já havia levado Eliana, do SBT, no ano anterior. A Globo, por sua vez, planejava uma repaginada na programação para os pequenos, investindo em quadros como o da Garrafinha, personagem que fazia sucesso no matinal, assim como no desenho “tatibitate” Teletubbies. Por fim, Angélica não saiu e a mudança planejada pelo canal também não foi adiante…

As gravações de Os Trapalhões foram interrompidas com a morte de Mussum, em julho de 1994, e retomadas por um breve período no ano seguinte. Mas o programa continuou no ar, num bloco diário de 30 minutos que “passeou” pela grade da Globo, indo dos fins de tarde para as manhãs e, posteriormente, antecedendo os jornais locais e o Globo Esporte, como aqui em 1999.

Sandra Annenberg era a apresentadora do Jornal Hoje quando o noticiário foi transferido para São Paulo, em janeiro de 1999, na novíssima redação de jornalismo da Globo. Desta forma, a capital paulista passou a ter o mesmo status que a matriz fluminense, que continuou gerando o Bom Dia Brasil e o Jornal Nacional. Em outubro, a jornalista seguiu para Londres, onde foi correspondente até seu regresso à bancada do ‘Hoje’, em 2003. Carlos Nascimento ocupou sua vaga neste período e dividiu o comando do telejornal com Sandra até se mudar para a Band, em meados de 2004.

Ana Maria Braga estava para chegar e, devido ao seu ingresso na grade vespertina, o Vídeo Show teria de sair do ar. Mas os protestos dos fãs fiéis da atração e do então apresentador Miguel Falabella deram sobrevida ao programa, que segue na telinha até hoje – oscilando pacas na audiência, infelizmente.

E o Vale a Pena Ver de Novo ainda vinha coladinho no ‘VS’, auxiliando o desempenho deste nos números. A Indomada, que estreava na faixa naquele dia, foi um mega sucesso do horário das 20h, mesmo com o princípio de desgaste na fórmula de novelas regionalistas consagrada por Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares. Na primeira fase, Eulália (Adriana Esteves) é impedida de viver seu amor com Zé Leandro (Carlos Alberto Riccelli) pela cunhada maldita Maria Altiva (Eva Wilma). Anos depois, Lúcia Helena (Leandra Leal / Adriana de novo) ensaia repetir a triste sina da mãe, tendo de se casar por obrigação com Teobaldo (José Mayer), que fora apaixonado por Eulália e que ganhou a filha desta numa aposta que lhe deu também o patrimônio da família Mendonça e Albuquerque.

Com a estreia do Mais Você, os capítulos da novela ficaram curtinhos. E, desta forma, a reprise de A Indomada foi mais “comprida” do que tramas que a antecederam: 154 capítulos, atrás apenas de Plumas & Paetês (175, em 1983), O Clone (também 175, em 2011) e Caminho das Índias (180, em 2015).

A Sessão da Tarde sempre apostou num título forte em dia de estreia no ‘Vale a Pena’. O escolhido para aquele 16 de agosto foi o hilário Debi & Loide – Dois Idiotas em Apuros, com Jim Carrey e Jeff Daniels.

Mola propulsora do horário nobre, Malhação vivia um de seus períodos de maior turbulência. A fase “ao vivo”, apresentada no cafofo de Mocotó (André Marques) afundou ainda mais a novela teen, que já vinha de uma temporada fraquíssima, com destaque para as agruras de Cacau (Juliana Barone) e Barrão (Bruno Gradim), na foto com Beto (Jonas Torres). Aproveitando-se das mudanças implantadas em outubro, Ricardo Waddington levou a molecada para o colégio Múltipla Escolha e levantou o horário.

Texto brilhante de Gilberto Braga e Alcides Nogueira, Força de um Desejo chegava num ponto crucial para o protagonista Inácio (Fábio Assunção). Ele aceitara se casar com Alice (Lavínia Vlasak), por quem seu irmão Abelardo (Selton Mello) era apaixonado – mesmo acreditando ser também filho do pai dela, o cruel Higino Ventura (Paulo Betti). A decisão de Inácio veio como um revide ao casamento de sua amada Ester Dellamare (Malu Mader) com Henrique Sobral (Reginaldo Faria), pai do moço – parentesco, aliás, que a cortesão desconhecia quando aceitou se unir ao fazendeiro.

Fortes emoções também para Otávio Montana (Marco Nanini), à frente de Andando Nas Nuvens, exibida às 19h. Após dezoito anos numa cama de hospital, sem se lembrar de nada desde a noite em que seu pai fora assassinado, o boa-praça despertou, se acertou com as maravilhas da vida moderna e retomou o contato com as filhas. Mas a recuperação da memória colocava em perigo os intentos criminosos de seu irmão de criação, San Marino (Cláudio Marzo), responsável pela morte do velho Montana (Ary Coslov). Por conta disto, o vilão deu um jeito de mandar Otávio para uma clínica psiquiátrica.

Apenas em Suave Veneno, complicada atração das 20h, a coisa andava ruim para o lado maquiavélico da coisa. Padecendo longe do comando da Marmoreal e com a distância de seu grande amor, Adelmo (Ângelo Antônio), Maria Regina Berganti de Cerqueira ex-Figueira (Letícia Spiller) acabava caindo no sono, exaurida, na escadaria do prédio Bege Bahia. O mesmo capítulo trouxe a confirmação da traição de Fortunato (Nelson Xavier): a filha Adriana (Daniela Faria), que ele dizia ter adotado para a esposa Geninha (Ana Rosa), era sua herdeira biológica.


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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.