Trabalhar no meio artístico é ter a chance de mostrar o seu talento e se tornar uma pessoa famosa e requisitada para vários trabalhos. Mas o tempo é implacável e a velhice não perdoa. Quando esse momento chega, muitos artistas são colocados de lado e esquecidos, mesmo com todo o talento e anos de experiência.

Mas, mesmo na terceira idade, a capacidade de encantar o público existe e autores e diretores resgatam esses nomes para voltar ao vídeo.

Listamos abaixo 10 nomes que mostraram que o tempo só fez bem para suas carreiras, mas acabaram sendo resgatados pela Globo após algum tempo fora da telinha.

Confira:

Rui Rezende

Lembrado eternamente pelo papel de Professor Astromar, o Lobisomem de Roque Santeiro, Rui Rezende, atualmente com 83 anos, voltou a trabalhar na Globo após 10 anos.

Um Lugar ao Sol, de Lícia Manzo, aborda as angústias e os dilemas da terceira idade. Rui fez uma participação especial no início da trama vivendo Napoleão, senhor que conhece Noca (Marieta Severo) no hospital e a ajuda, indiretamente, a realizar o sonho de abrir o próprio restaurante.

Há alguns anos, Rui mora no Retiro dos Artistas.

Dercy Gonçalves

Conhecida como a dama da comédia brasileira, Dercy Gonçalves foi uma das primeiras contratadas da Globo. Com seu humor ácido e sem papas na língua, ela fez um enorme sucesso no início da emissora carioca.

Com a renovação em sua programação e por conta da Censura da ditadura militar, Dercy foi demitida e viveu um período de ostracismo em sua carreira. Ela acabou processando sua antiga casa e ganhou uma verdadeira fortuna na época (4 bilhões de cruzeiros).

No final dos anos 1980, ela voltou pra Globo no Domingão do Faustão, no quadro Jogo da Velha. Foi também um dos destaques da novela Que Rei Sou Eu? (1989). Voltou a ser contratada do canal e fez sucesso em Deus nos Acuda (1992). Mais tarde, ganhou um contrato vitalício do SBT.

A comediante morreu no dia 19 de julho de 2008, aos 101 anos, devido a uma complicação decorrente de uma pneumonia.

Ankito

Ankito

Um dos grandes nomes da chanchada brasileira, filmes de comédia musical, foi o comediante Ankito. Artista que veio do circo, fez enorme sucesso ao lado de Grande Otelo, lotando o cinema na era de ouro da produtora Atlântida.

Com a decadência do estilo, Ankito buscou a televisão, participando de programas humorísticos na Tupi e na Record.

Além do humor, ele fez participações na dramaturgia, em programas como Sítio do Picapau Amarelo (1977), Você Decide (1993) e Engraçadinha: Seus Amores e Seus Pecados (1995).

Longe da TV por 10 anos, Ankito foi escalado para trabalhar na novela Alma Gêmea (2005), que estreou recentemente no Viva, e fez participações em Sob Nova Direção e Carga Pesada.

O comediante nos deixou em 30 de março de 2009, aos 85 anos, por conta de uma neoplasia pulmonar.

Átila Iório

Átila Iório fez inúmeras novelas e filmes ao logo dos anos dedicados à profissão artística. Um dos grandes sucessos de sua carreira foi em Anjo Mau, de 1976, vivendo os personagens Onias.

Sua última novela na Globo foi em Os Gigantes, de 1979. Dezoito anos depois, ele foi escalado para trabalhar no remake de Anjo Mau, revivendo seu papel na primeira versão, agora chamado Josias.

“Não sei como me descobrem aqui. Nunca fui um grande nome. Me mantive no plano médio, mas com muito respeito”, declarou o ator ao jornal O Estado de S. Paulo.

Essa foi sua última novela. Depois disso, Átila se aposentou de vez e faleceu em 10 de dezembro de 2002.

Moacyr Franco

Moacyr Franco

Um verdadeiro showman, Moacyr Franco é um artista único, que passou pelas principais emissoras do país.

Na Globo, na década de 1970, comandou o Moacyr TV, programa que entrou no lugar do Silvio Santos, que havia deixado o canal para comandar sua própria televisão. Foi um dos principais nomes do SBT em seus primeiros anos. Em 1997, foi contratado por Silvio Santos para apresentar o Concurso de Paródias.

Após 20 anos no SBT, ele foi demitido sem muitas explicações. A Globo fez uma homenagem para Moacyr no Vídeo Show, relembrando sua passagem na emissora.

Recentemente, ele participou das séries Ilha de Ferro (2018) e Diário de Um Confinado (2020), ambas disponíveis no Globoplay. Foi também um dos destaques da segunda temporada de Segunda Chamada, como Gilsinho.

Em recente entrevista para o jornal O Globo, ele se mostrou desanimado.

“Fico tentando provar a eles que eu existi. Chega uma hora em que tudo se perde. Ninguém fala de mim, do meu passado glorioso. Nunca fui muito comentado”, comentou.

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Oswaldo Louzada e Carmem Silva

Carmem Silva começou sua carreira em 1935, atuando como atriz no cinema e no rádio. Já nos anos 1950 migrou para a televisão e participou de sucessos como Pigmalião 70 (1970), Os Ossos do Barão (1973) e Locomotivas (1977).

Oswaldo Louzada, o Louzadinha, fez sua estreia no teatro em 1930. Seu primeiro papel na televisão veio em 1971, em Bandeira 2. Trabalhou em Estúpido Cupido, Locomotivas, Pecado Rasgado, Cabocla, Final Feliz, entre outras produções.

Em 2003, após anos afastados das novelas, os dois atores foram convidados para viverem Flora e Leopoldo, que eram maltratados pela neta Dóris (Regiane Alves) em Mulheres Apaixonadas. O sucesso foi tão grande que eles conseguiram um quadro no Zorra Total.

Carmem faleceu em 21 de abril de 2008, aos 92 anos, em virtude de falência múltipla de órgãos. Louzadinha morreu dois meses antes, em 22 de fevereiro de 2008, aos 95 anos, também em virtude de falência múltipla dos órgãos.

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Perry Salles

Perry Salles

Ator versátil, Perry Salles participou de inúmeros sucessos na televisão. Os Gigantes (1979) e Mandala (1987) foram os seus grandes destaques.

Ele foi casado com Vera Fischer por 17 anos e, mesmo com o término do casamento, seguiram sendo grandes amigos.

Glória Perez convidou o ator para viver Mustafá, primo de Mohamed (Antonio Calloni) e apaixonado por Noêmia (Elizângela), em O Clone.

Essa foi sua última novela. Ele faleceu no dia 17 de junho de 2009, aos 70 anos, por complicações do câncer de pulmão, recebendo cuidados da ex-mulher até o fim da vida.

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Berto Filho

Muitos nomes marcaram a história do jornalismo da Globo. Um deles foi Berto Filho, que apresentou, nas décadas de 1970 e 1980, importantes jornalísticos, como Jornal Nacional, Fantástico, Jornal Hoje e RJTV.

Em 1986, ele deixou a emissora carioca. Após nove anos longe da TV, foi para a Rede Manchete comandar o Jornal da Manchete e o Manchete Primeira Mão.

Em 2004, Berto foi recontratado pela Globo, quase 20 anos depois, para ser locutor do Fantástico, no lugar de Celso Freitas, que foi para a Record. A nova passagem durou até 2008.

O jornalista morreu no dia 12 de março de 2016, em decorrência de um câncer.

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José Vasconcellos

Um dos maiores comediantes do Brasil foi José Vasconcellos, o primeiro artista a fazer um show de stand-up. Tornou-se um dos maiores vendedores de discos com Eu Sou o Espetáculo. Vasconcellos participou de vários programas, entre eles Faça Humor, Não Faça Guerra (1971).

Ele estava vivendo uma fase de ostracismo quando foi convidado por Chico Anysio para trabalhar na Escolinha do Professor Raimundo, em 1993.

O humorista interpretava o gago Ruy Barbosa, que se complicava todo ao responder às perguntas do professor. Em seu retorno à televisão, ele se mostrou feliz.

“É uma maneira de rever velhos amigos e manter contato com a garotada nova”, disse, em entrevista à Folha de S. Paulo.

Vasconcellos faleceu em 11 de outubro de 2011, vítima de uma parada cardíaca.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor