Todo mundo sabe que Globo e Viva chegaram a um acordo quanto as reprises do Vale a Pena Ver de Novo e do canal fechado: o que foi exibido há mais de 20 anos pinta no Viva; o que foi ao ar de 1997 para cá é de “propriedade” do ‘Vale a Pena’. Pois bem. Em meio às especulações acerca da substituta de Senhora do Destino na faixa, o TV História procurou a assessoria da Globo, que afirmou que a próxima reprise, ainda não definida, só terá início em dezembro – conforme já havíamos adiantado em julho.

Eis que enquanto muitos falam em Alma Gêmea (2005) ou Mulheres Apaixonadas (2003), nós aqui do TV História preferimos apostar em novelas solares, de “tiro curto”. Digamos que uma trama fácil de ser condensada em 80 ou 100 capítulos e que atinja em cheio o telespectador que corre da TV no fim do ano, mais férias e feriados – considerando que as coisas só “entram nos eixos” por aqui lá no Carnaval. A Globo já usou dessa investida outra vezes: Corpo Dourado (2004), Era Uma Vez… (2007), Coração de Estudante (2007/2008)…

Selecionamos então 10 títulos, considerando os últimos 20 anos previstos no acordo com o Viva, aguardados desde sempre, mas nunca reprisados. E que poderiam causar um barulho dos mais interessantes. Confira!

Estreia de Euclydes Marinho como autor solo, em novelas, Andando Nas Nuvens (1999) conteve a queda de audiência do horário das 19h, talvez o que mais “oscilou” ao longo de toda a década. A trama de Otávio Montana (Marco Nanini), recheada de participações especiais, era contada num ritmo próximo às sitcons americanas. Primeira novela de Mariana Ximenes, Caio Blat e Fernanda Souza na Globo e mais um ótimo trabalho de Vivianne Pasmanter, como a arrivista Beth, numa parceria bem-sucedida – e repetida posteriormente – com Marcello Novaes (Raul).

Um dos maiores sucessos do horário das 19h na década passada, Uga-Uga (2000) só não pintou no ‘Vale a Pena’ porque o período de maior “repressão” da classificação indicativa – aquele que vetou a reapresentação de Porto dos Milagres (2001) e manteve sob constante vigilância sobre Laços de Família (2000, reexibida em 2005). Cenas de tiroteio, forte conotação sexual e bumbuns de fora (ao todo, sete atores apareceram despidos) compunham o enredo, a divertida saga de um índio loiro (Cláudio Heinrich) conhecendo a “cidade grande”. Bem editada, cabe nas tardes.

Esta comédia romântica e sentimental de Antonio Calmon manteve os índices da antecessora, Uga-Uga, mas, inexplicavelmente, não é tão lembrada quanto. Um Anjo Caiu do Céu (2001) tinha como pano de fundo o mundo da moda, cenário das hilariantes armações da vilã Laila de Montaltino (Christiane Torloni maravilhosa). Além da trama central, destaque para a busca de Duda (Patrícia Pillar) pelo filho desaparecido, para a rebeldia de Cuca (Débora Falabella) e uma inusitada incursão de Angélica na teledramaturgia, como a celestial Angelina.

Multimídia, Sandy se permitiu um voo mais alto como atriz após anos à frente de um seriado em parceria com o irmão, Júnior. A cantora protagonizou Estrela-Guia (2001), novela curtinha de Ana Maria Moretzsohn que trazia uma mensagem de esperança e serenidade num mundo cada vez mais aloprado. Em 2004, a Globo ensaiou uma reprise no ‘Vale a Pena’, justamente no período de férias, mas desistiu por conta do término do contrato dos cantores com a casa. Cabe agora um resgate, de outro momento da carreira vitoriosa de Sandy, antes a maior celebridade teen do país.

São recorrentes os boatos acerca de O Beijo do Vampiro (2002), suposta campeã de pedidos para reprise na faixa vespertina. Fato é que a novela marcou uma geração com sua “vampiromania”. E mesmo não tendo atingido índices expressivos, pode ser facilmente apontada como o maior sucesso (e a trama mais coerente) de um ano que contou com a problemática Esperança às 20h, a alterada Desejos de Mulher às 19h e a apagada Sabor da Paixão às 18h. Contemporânea de ‘O Beijo’, Coração de Estudante já foi reexibida e com êxito, de novembro de 2007 a abril de 2008.

Definido como um autor de aventuras cômicas, Carlos Lombardi sempre calçou suas sinopses em dramas familiares. Pé na Jaca (2006) talvez tenha tornado mais evidente essa característica do autor, apostando na trama sentimental que unia cinco amigos: Lance (Marcos Pasquim) não se entendia com o pai, Maria Bo (Fernanda Lima) vivia numa família desunida, o falido Arthur (Murilo Benício) se abrigava na casa dos parentes caipiras, Gui (Juliana Paes) padecia com o marido e Beth (Deborah Secco) buscava sua origem. Não explodiu nos índices, mas cumpriu seu papel.

Você pode até não se lembrar da trama de Beleza Pura (2008), mas certamente não se esquece do bordão “eu sou rica”, da vilã Norma Gusmão (Carolina Ferraz), que repercute até hoje. A única novela de Andrea Maltarolli, que se despediu precocemente de nós, narrava as desventuras de Guilherme (Edson Celulari), que responsabilizado por um acidente com um helicóptero que projetou, decide realizar os sonhos de suas vítimas, rivalizando profissionalmente com sua amada, Joana (Regiane Alves), esteticista. Destaque para Rakelli, da talentosa Ísis Valverde.

Por conta da onda de “re-reprises” que invadiu o ‘Vale a Pena’ nos últimos tempos, a Globo tem deixado envelhecer títulos que poderiam render e muito nas tardes. Caso da aguardada Escrito nas Estrelas (2010), de Elizabeth Jhin. A espiritualidade deu o tom da trajetória de Viviane (Nathalia Dill), que assumia outra identidade em meio a chantagem do vilão Gilmar (Alexandre Nero) para ludibriar Ricardo (Humberto Martins), que desejava um neto de seu filho morto, Daniel (Jayme Matarazzo). Uma produção que dialoga com todos os públicos, mais que merecedora de um repeteco.

Um dos poucos casos de remake tão bem quisto quanto o original, Tititi (2010) explorava a rivalidade de Ari (Murilo Benício) e André (Alexandre Borges), os costureiros Victor Valentim e Jacques Leclair. Mas também marcou pelo romance de Marcela (Ísis Valverde) e Edgar (Caio Castro), mote retirado pelos autores Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari de Plumas & Paetês (1980), também de Cassiano Gabus Mendes. Das mais divertidas e inteligentes novelas das 19h desta década, Tititi quase regressou ano passado, mas acabou preterida por Cheias de Charme (2012).

Por fim, outro trabalho vitorioso de Maria Adelaide e Vincent. Sangue Bom (2013) criticava o mundo das celebridades, especialmente das “subs”, e discutia os laços de amizade que uniam os órfãos Amora (Sophie Charlotte), Bento (Marco Pigossi, hoje brilhando em A Força do Querer) e Fabinho (Humberto Carrão), envolvido numa intricada trama sobre paternidade e herança. Destaque para Isabelle Drummond, excelente como Giane. O TV História ainda lembra de Flor do Caribe, contemporânea a ‘Sangue’, outra boa opção para o verão no ‘VPVN’.


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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.