10 novelas das 7 que dificilmente serão reprisadas no Vale a Pena Ver de Novo

04/05/2022 às 11h00

Por: Nilson Xavier
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Nilson Xavier

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A Globo confirmou a volta de A Favorita no Vale a Pena Ver de Novo (no dia 16). A faixa de reprises é especial para a emissora, uma vez que prepara o horário nobre. Todavia a guerra pela audiência vespertina nunca esteve tão acirrada.

A impressão que se tem é que, de agora em diante, só grandes sucessos prendem o público à tarde e será neles que a emissora apostará. Prova disso foi a criação de um novo horário de reprises, no início da tarde, com O Cravo e a Rosa.

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Houve um tempo (até a década de 1980) em que o leque de opções era menor (não se reprisavam novelas das oito, por exemplo). Porém, a concorrência nem importunava. Assim, até novelas medianas retornavam no Vale a Pena Ver Novo.

Hoje, esse cenário está completamente diferente e as novelas dos anos 2010 já estão no streaming (Globoplay). A faixa das 19 horas foi a que mais variou (em termos de repercussão) na década passada, com poucos títulos de grande sucesso e muitos de mediano para fraco.

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Das 19 novelas das sete dos anos 2010, 5 já foram reprisadas em algum horário: Ti-ti-ti, Cheias de Charme, Totalmente Demais, Haja Coração e Pega Pega. Quatro delas, eu vejo alguma chance de retorno: Morde e Assopra, Sangue Bom, Rock Story e Bom Sucesso.

Relaciono abaixo 10 novelas dos horários das 7 dos anos 2010 que, acredito, dificilmente serão reprisadas no Vale a Pena Ver de Novo.

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Confira:

Tempos Modernos (2010)

Tempos Modernos

Não existe a menor possibilidade! A novela propunha uma inovação na estrutura dramatúrgica, com sequências e diálogos ágeis em tons irônicos. Entretanto, o público não seguiu a ideia. Em pouco tempo, ajustes mudaram substancialmente a novela. Personagens saíram de cena e outros tiveram seus perfis alteradas.

Contudo, as mudanças surtiram pouco efeito e Tempos Modernos terminou com um dos menores índices de audiência para o horário até então (média de 24 pontos no Ibope da Grande SP), massacrada pela crítica e opinião pública, sendo lembrada até hoje como um problemão para a Globo. O autor, Bosco Brasil, nunca mais escreveu para a emissora.

Aquele Beijo (2011-2012)

Talvez a mais franca das novelas de Miguel Falabella (ainda prefiro Negócio da China). O autor apresentou uma trama de humor espirituoso e inteligente, típica de seu universo. Porém, faltou uma história central empolgante. Foram as tramas paralelas, recheadas de bons personagens secundários, que fizeram a novela.

A audiência respondeu à história morna: uma média final, arredondada, de 25 pontos no Ibope da Grande SP – inferior aos 30 alcançados pelas duas últimas produções do horário, Morde e Assopra e Ti-Ti-Ti.

Guerra dos Sexos (2012-2013)

Infeliz remake da clássica novela de Silvio de Abreu, de 1983, novamente tendo Jorge Fernando na direção.

O autor excluiu o foco na disputa entre machistas e feministas (já obsoleta em 2012) e, juntamente com a direção, propôs uma mistura de estilos de comédia, do humor infantil ao sofisticado. Porém, a direção não soube compilar essa sofisticação na hora de passar para a tela. Faltou fazer rir – o grande trunfo da novela em 1983.

O público também não era mais o mesmo dos anos 1980: em geral, uma parte encarava a novela – uma comédia que marcou o horário há 30 anos e estabeleceu muito das bases para o que se fez em seguida – como um melodrama tradicional. Ou esperava que o fosse. Foi a pior média na audiência registrada no horário até então: 23 pontos no Ibope da Grande SP.

Além do Horizonte (2013-2014)

Outra sem a menor chance. Começou com ares de inovação: uma trama cheia de mistérios (que lembrava seriados americanos, como Lost, em especial pela ambientação em uma ilha misteriosa) e subjetiva demais (a busca da felicidade), que afastou o público, não acostumado com esse tipo de narrativa às 19 horas.

Com o horário de verão, não teve como escapar da pecha de “menor audiência da história no horário” – média final de 20 pontos na Grande SP. Para diminuir o impacto, os autores Carlos Gregório e Marcos Bernstein providenciaram mudanças na trama e a novela ganhou em agilidade narrativa. Mas era tarde demais.

Geração Brasil (2014)

Essa então, nem pensar!

Decepcionou-se quem esperava um novo sucesso de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, responsáveis por Cheias de Charme. A novela estreou com promessa de interatividade com o público e repercussão nas redes sociais. Pretensiosa, ao tentar dialogar com o tradicional espectador do horário das 7, falhou ao mirar demasiadamente em tecnologia: arregimentou os mais jovens e antenados, mas desprezou os que não ligam para o assunto.

A Globo a lançou antes do início da Copa do Mundo na tentativa de estancar a baixa audiência da produção anterior, Além do Horizonte, e para segurar, durante o período, o novo público que Geração Brasil fosse levantar. Porém, a novela acabou prejudicada pela Copa e, mais tarde, pelo Horário Político, que alteraram a grade da emissora e sua programação.

Média final no Ibope da Grande SP: 19 pontos, bem longe de Cheias de Charme (30 pontos).

Alto Astral (2014-2015)

Novela despretensiosa que começou como quem não quer nada e foi conquistando o público. Levantou o Ibope do horário das 7, que andava combalido com as duas novelas antecessoras, Além do Horizonte e Geração Brasil. Enfrentando o pior período para uma estreia (início do horário de verão + festas de final de ano + verão), fechou com 22 pontos, 3 a mais que a anterior.

Ainda que sua proposta tenha sido cursar pela simplicidade e a despretensão, a primeira novela solo de Daniel Ortiz acabou por afastar o público mais exigente, que torceu o nariz para o seu roteiro propositalmente repleto de clichês e que a considerou “bobinha demais”.

I Love Paraisópolis (2015)

A novela de Alcides Nogueira e Mário Teixeira teve estreia promissora, com 29 pontos no Ibope e grande repercussão nas redes sociais. Apesar dos números considerados bons, com o passar do tempo, a trama foi perdendo fôlego à medida que perdia público: quase 1 ponto por mês, fechando, no final, em 24 pontos.

A trama central (a história de amor de Mari e Ben) não rendia uma novela. A história foi se esvaindo com o passar do tempo. Ao final, já não se sabia mais do que I Love Paraisópolis se tratava. Ainda assim, rendeu melhor que suas antecessoras e alavancou o horário.

Deus Salve o Rei (2018)

Novela das mais pretensiosas já produzidas pela Globo: arriscou ao abandonar a tradicional fórmula da faixa das 19 horas – a comédia – e seguir uma linha soturna, na trama, na estética e na interpretação dos atores. Foi tudo vários tons acima: a empostação nas falas, a solenidade nos gestos, a sobriedade dos ambientes, a guerra e a peste na trama.

Aposta que teria resultado em tragédia, não fosse a direção (da novela e da emissora) entender os caminhos equivocados e tomar rapidamente decisões para voltar atrás. O primeiro deles: a interpretação de Bruna Marquezine, no início muito criticada pela postura e fala robóticas.

A primeira novela solo de Daniel Adjafre teve um ganho de audiência em seu último mês e, na média geral, atendeu às expectativas mínimas da Globo: 25,5 pontos no Ibope da Grande SP.

O Tempo Não Para (2018)

O receio inicial de que a trama de Mário Teixeira não teria fôlego para seis meses de duração se concretizou. A novela logo esgotou o que tinha de mais atraente: as surpresas e reações dos personagens do passado ante os dias de hoje. Uma vez que os “congelados” da história despertaram, em dois meses já haviam, praticamente, se habituado à modernidade.

Assim, o que O Tempo Não Para tinha de interessante, estimulante – inovador até, com uma trama, se não original, ao menos bem desenhada – logo se esvaiu em um roteiro confuso, em tramas inventadas apenas para “encher linguiça”. Com o passar dos meses, a audiência foi murchando com a história da novela, que perdia público gradativamente.

Os 28 pontos de média no Ibope durante o primeiro mês de exibição caíram para 21 pontos no último mês.

Verão 90 (2019)

A novela de Izabel de Oliveira e Paula Amaral exagerou na liberdade criativa e descuidou da história. Tudo soou superficial, do texto (primário) à trama (sem rumo), às interpretações (caricatas) e à pesquisa de época, repleta de erros cronológicos (de ambientação, trilha sonora, cenários, figurinos, caracterizações e produção de arte).

Contudo, apesar das críticas, a novela levantou o horário das 7, pegando a audiência da faixa em crise e conseguindo, ao longo dos meses, aumentá-la a excelentes patamares em sua reta final. A média geral no Ibope foi 26 pontos. Pode ser que volte, mas eu aposto que não: a trama é bobinha demais para o público da tarde.

Aguarde o próximo texto, em que tratarei das novelas das 6 da última década que dificilmente serão reprisadas no Vale a Pena Ver de Novo.

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